Todo cuidado é pouco! Saiba como usar óleos essenciais da maneira correta
A especialista Raquel Furquim alerta para os efeitos negativos do uso incorreto
atualizado
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A procura por soluções naturais que auxiliam em nosso bem-estar cresce cada dia mais, especialmente em tempos de pandemia, quando a saúde e o cuidado com a mente e o corpo viraram prioridade. Aliados dos “naturebas de plantão”, os óleos essenciais viraram os queridinhos da vez. Eles são vendidos em vidros pequenos e aparentemente simples, mas têm um poder imensurável!
Apesar das “mil e uma utilidades”, os óleos essenciais devem ser manuseados com atenção e muita cautela. Certamente, há pessoas usufruindo do ingrediente de forma incorreta. Quem alerta é a massoterapeuta Raquel Furquim, proprietária de um spa homônimo com unidades no Setor de Clubes Sul e no Sudoeste.
Ela ressalta que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. “Pode fazer superbem ou supermal, se você não souber usar”. O uso indevido pode gerar efeitos negativos, salienta a profissional.
“Quando compramos um óleo essencial, na embalagem, há uma tabela informando os detalhes e as ações de cada um. A proposta do ingrediente é trazer saúde, e não adoecer”, orienta a especialista, que fez cursos com Fabian Laszlo, proprietário da marca Lazslo; e com a Vishwa, da Terra-Flor.
Em contato muito próximo com a mucosa, os óleos podem até intoxicar o corpo. “Não é porque é natural que pode ser usado sem critérios”, afirma. Segundo Raquel, a substância é um composto químico muito concentrado extraído da planta. Logo, o corpo pode não reagir bem à determinada dosagem.
Raquel explica que existem diferentes formas de aproveitar o produto, entre elas a aromatização de ambiente no difusor, o banho de imersão na banheira ou no ofurô, o banho de assento, o bochecho, a compressa bucal, o colar aromático, o escalda-pés, a fricção no pés ou sobre a coluna vertebral, o gargarejo, a inalação, a vaporização, na massagem, misturado no óleos para corpo e rosto, misturado no perfume, como perfume, adicionado ao spray como aroma e, por fim, o uso tópico. De acordo a especialista, essas são as maneiras mais seguras de utilizar a substância.
Por outro lado, há indivíduos que ingerem o óleo essencial, o que é um grande risco para o corpo, segundo a massoterapeuta. “A ingestão é só em caso de muita necessidade e deve ser prescrita com responsabilidade por alguém que entenda”, destaca. Raquel ilustra a situação com o exemplo de uma pessoa que desenvolveu gastrite após ingerir óleo de limão todos os dias. “Tem que variar os tipos de produto e também ficar um tempo sem usar’’, afirma.
A profissional também lembra de um hábito banal muito comum, o de pingar o produto puro em máscaras de proteção ou na calcinha. “Dependendo do tipo, ele é muito agressivo para a pele, para os olhos ou para a mucosa. Não se pode fazer isso. O óleo de hortelã-pimenta, o de cravo ou o de may chang, para citar alguns, podem causar diversas reações, como ardência, queimação ou irritação”, explica.
Outra ressalva é o uso da substância em gestantes, lactantes, crianças ou bebês. Dependendo do tipo, não é recomendado e a dosagem deve ser muito menor.
Entretanto, o óleo essencial de lavanda é seguro e é um excelente cicatrizante, calmante para queimaduras e reparador de tecido, além de possuir função de relaxamento e melhora da insônia.
“Pode-se usá-lo puro em ferimentos ou em difusores para ambientes antes de dormir. Também, vale pingar uma gota no travesseiro ou no lençol antes de dormir. Isso ajuda a combater a insônia. Há, ainda, a opção de pingar uma gota no algodão e colocar dentro de um colar aromático. Você carrega ele no pescoço e sente o cheiro o dia todo”, dá a dica.
Entenda
Em geral, consoante à massoterapeuta, os óleos essenciais possuem três funções: farmacêutica, dermatológica e aromatológica. O aroma é reconhecido pelo cérebro e desencadeia reações fisiológicas ou emocionais no corpo. Exemplo disso é o óleo de alecrim, digestivo e ideal para dores de cabeça ou musculares. Ele tem função terapêutica, estimula a memória e anima. “Esse é o óleo do estudante. Seu aroma causa reações emocionais, pois alivia o cansaço físico e estimula a atividade mental”, descreve.
Além disso, há o processo de absorção pela pele, que também fornece efeitos eficazes. “Na massagem, por exemplo, há contato por duas vias, pela pele e pelo cheiro”, conta Raquel.
Do jeito certo
Para Furquim, dependendo do tipo, os óleos essenciais devem ser diluídos em óleos vegetais. É o caso do tea tree, conhecido como óleo essencial de melaleuca, ideal para aumentar a imunidade (se colocado no difusor) e um poderoso antisséptico (no caso de uso tópico). Ao ser diluído no óleo vegetal, como o de coco ou gergelim, é muito utilizado para tratar candidíase. Mas a prática não deve substituir tratamento médico.
“Também vale pingar uma ou duas gotas na água e passar no chão para desinfetar, ou misturar um pouco com álcool 70% para aumentar o poder de higienização”, sugere.
Porém, a especialista ressalta que o tea tree é muito forte para o corpo humano e não deve ser usado continuamente. “Tem que dar um descanso de pelo menos dois meses”, adverte.
Os óleos de eucalipto globulus, hortelã-pimenta (peppermint) e de alecrim são excelentes descongestionadores nasais. “Por inalação, eles ajudam a tirar o muco”, diz. Eles podem ser pingados na palma da mão para cheirar, através do colar aromático ou no difusor, enquanto trabalha ou durante a noite.
Experiência própria
A relação de Raquel Furquim com essa matéria-prima começou quando ela avistou os óleos essenciais em uma loja de itens para acupuntura, em 2007. Interessada, a massoterapeuta comprou os produtos e passou a usá-los em massagens. O encanto pelo ingrediente a levou a estudar mais sobre o universo dos óleos.
Em seu spa, a empresária usufrui do produto também em escalda-pés e hidratação ou esfoliação corporal. “Ele aumentou a qualidade terapêutica do meu trabalho e acrescentou valor para os meus clientes”, revela.
Na vida pessoal, Furquim coleciona vidrinhos da substância dos mais variados tipos e finalidades. “Para dar uma animada, uso o de alecrim com o limão. Já para acalmar, mas ainda me deixar em alerta, uso o de laranja, um calmante que também estimula alegria. Meu pai, que tinha fungo no pulmão, dormiu um mês com difusor no quarto com óleos antifúngicos, como tomilho e cravo, para tratar o problema”, compartilha a profissional.
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