Socialite carioca comemora operação policial para prender ex-motorista
A coluna Claudia Meireles revelou a identidade da socialite Regina Lemos Gonçalves, vítima de cárcere privado no Edifício Chopin, no Rio
atualizado
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A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram, na manhã desta terça-feira (26/11), a “Operação Damas de Ouro”, que tem como alvo José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista da socialite Regina Lemos Gonçalves. Em depoimento, ela relatou ter sido mantida em cárcere privado em um apartamento no Edifício Chopin, fixado ao lado do hotel Copacabana Palace.
A coluna Claudia Meireles conversou com o porta-voz da família da socialite, o empresário João Chamarelli. Ele revelou que Regina recebeu o aviso da operação “como uma agradável surpresa, alívio e grande emoção”. “Essas foram as sensações [dela] logo pela manhã, ao tomar conhecimento das primeiras notícias da operação desencadeada pela Polícia Civil para prender o seu ex-motorista”, disse o mensageiro.
O empresário ressaltou uma declaração da socialite: “Segundo palavras da própria Regina, o golpe financeiro e patrimonial teria sido elaborado por José Marcos, seu ex-motorista, em conluio com advogados e ex-funcionários”.
A coluna teve acesso à decisão da juíza Lucia Mothé Glioche, da 4ª Vara Criminal, que incluiu novos nomes na segunda fase da investigação, inclusive o do advogado de José Marcos, Paulo Lins e Silva.
Na decisão de 30 de outubro, a juíza deferiu medidas protetivas de urgência para “garantir a integridade psicológica da vítima”. Tanto José Marcos Chaves Ribeiro quanto o advogado do denunciado, Paulo Lins e Silva, e outras sete pessoas estão proibidos de ficar a menos de 500 metros de Regina e de tentar contato por qualquer meio.
Mansão
Lucia Mothé também determinou a desocupação por qualquer pessoa do imóvel da rua Capuri. Propriedade de Regina Lemos Gonçalves, a mansão no Condomínio Capuri, área nobre de São Conrado, bairro situado na zona sul do Rio de Janeiro, estava sob posse de José Marcos.
A juíza salientou que a “prisão preventiva é necessária quando há prova de materialidade, indícios suficientes de autoria e periculosidade concreta do agente”. No decorrer da decisão, Lucia Mothé expôs que José Marcos “agrediu a vítima na cabeça, deixando de prestar socorro imediato, levando-a, posteriormente, para hospital longe de sua residência”.
“As condutas do denunciado foram sopesadas ao longo do tempo, com o fito de privar a vítima de seu patrimônio e, por fim, eliminar sua vida, o que indica crueldade exagerada e ausência de empatia com a vida humana, somada ao desprezo pela mulher com indício de etarismo. Essa gravidade revela a periculosidade do denunciado, impondo a privação de sua liberdade para garantir a ordem pública e que permaneça praticando atos de dilapidação do patrimônio da vítima”, endossou a juíza.
Em declaração via empresário João Chamarelli, a socialite carioca detalhou que “jamais imaginava estar cercada por uma organização criminosa tão ousada, capaz de implantar terrores psicológicos e físicos de toda ordem”. “Hoje, como mulher, idosa e vítima de uma tentativa de feminicídio, ‘sou uma sobrevivente da sanha inescrupulosa de um facínora e de ambiciosos sem limites, quero vê-los punidos, presos'”, afirmou o porta-voz.
“Sigo confiando como sempre na Polícia Civil, no Ministério Público e no Poder Judiciário, sem os quais, juntamente com os meus advogados, familiares e poucos amigos, eu não estaria viva para revelar aos senhores toda essa minha triste história”, reforçou Regina Lemos Gonçalves.
Advogado
Em entrevista anterior, Álvaro O’hara, sobrinho materno de Regina, confidenciou que uns dos advogados de José Marcos é Paulo Lins e Silva, que ficou responsável por cuidar do inventário da socialite em 1994, quando ela ficou viúva de Nestor Gonçalves. À época, o patrimônio foi avaliado em US$ 500 milhões, o equivalente a mais de R$ 2,5 bilhões em cotação atual.
“Esse advogado foi o advogado da minha tia. É ele que fez, na época, o inventário quando o Nestor morreu em 1994. Ele está o defendendo. Está advogando para o Marcos”, disse Álvaro em entrevista. O estilista descreveu Paulo Lins e Silva como “um medalhão muito renomado no mundo jurídico”.
Álvaro e familiares se questionam o motivo do advogado Paulo Lins e Silva advogar primeiramente para Regina, à época em que houve a avaliação do patrimônio, e, atualmente, passar a representar José Marcos, acusado de manter a idosa de 88 em cárcere privado.
A coluna entrou em contato com o escritório do advogado que representa o ex-motorista. Até o fechamento dessa reportagem, não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
Em maio, a notícia de que uma socialite carioca era vítima de cárcere privado veio à tona. À época, a coluna Claudia Meireles conversou com uma fonte do Edifício Chopin, onde a vítima era mantida refém, que revelou a identidade de Regina Lemos Gonçalves, herdeira da família à frente da marca de baralhos Copag. Também descobriram que ela havia sofrido um roubo milionário.
Os 10 anos do suposto cativeiro da socialite de 88 anos tiveram um ponto-final em 2 de janeiro deste ano, quando Regina conseguiu escapar do apartamento e buscar ajuda na residência do irmão caçula, Benedicto Júlio Lemos. Após ter fugido, ela se encontra “ótima”, conforme disse em entrevistas.
A história passou a ser chamada de Caso Chopin, por ser o nome do edifício onde fica o apartamento de luxo em que a mulher alega ter estado em cárcere privado. Familiares da socialite alegam que José Marcos “falsificou uma documentação com um advogado de união estável” com Regina.
Sobrinho de Regina, o estilista Álvaro O’hara certificou que a tia materna não se lembra de ter assinado qualquer registro sobre o vínculo. Os parentes também sustentam que José Marcos teria roubado milhões do patrimônio da socialite e esvaziado sete cofres do apartamento no Chopin. O caso segue em segredo de Justiça.
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