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Sobrecarga no fígado! Saiba o risco de consumir suplementos em excesso

Médico comenta estudo feito na Austrália que mostrou relação entre o uso de suplementos fitoterápicos e problemas hepáticos

atualizado

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Cápsulas de suplemento
1 de 1 Cápsulas de suplemento - Foto: Pexels

Na tentativa de dar um booster na energia, na perda de peso ou no ganho de massa magra, muitas pessoas recorrem à suplementação alimentar com produtos naturais acreditando ser uma opção mais saudável.

Um estudo feito na Austrália, publicado nessa segunda-feira (26/7), revelou, no entanto, que estão aumentando os casos de lesões hepáticas graves relacionadas ao consumo excessivo de suplementos fitoterápicos e dietéticos. Em alguns casos, os pacientes precisaram ser submetidos a transplantes de fígado para sobreviver.

Esses produtos são produzidos a partir de vegetais ou plantas medicinais com alguma ação terapêutica, com princípios ativos derivados de partes de plantas, como as raízes, as folhas e as sementes. Exemplos disso são os que levam matcha ou ginseng.

Suplementos naturais

A coluna Claudia Meireles conversou com o nutrólogo Mateus Barbosa de Queiroz, médico do Hospital DF Star, para entender como os suplementos podem de fato afetar o organismo, quais são os sinais de que o fígado não vai bem e como mantê-lo saudável.

Na opinião de Queiroz, o maior problema não está no consumo desses produtos, mas no uso excessivo e sem indicação adequada, e no desconhecimento sobre o processo de fabricação deles. “Há uma indicação informal aos suplementos baseada na cultura de que algo natural não poderia fazer mal. A verdade é que, para a maioria deles, não há estudos e as pessoas acabam usando em doses muito altas”, explica.

O médico conta que a ideia do suplemento é dar uma carga muito grande de determinado componente que vai agir no nosso corpo, mas quando ela é excessiva, o fígado sente tudo de uma vez e é aí que está o perigo. “Com os suplementos, às vezes a gente consome só o princípio ativo, sem consumir os antioxidantes que protegeriam o fígado”.

O fígado é considerado o “grande maestro do metabolismo” porque é ele quem faz a primeira checagem e filtragem dos nutrientes antes de eles serem mandados para a corrente sanguínea ou eliminados. Ou seja, tudo o que ingerimos tem potencial de lesar ou protegê-lo.

Sinais de alerta

Os primeiros sinais de que o fígado está comprometido são: náuseas, vômitos, sensação de saciedade muito rápida logo depois das refeições e intolerância a alimentos gordurosos. Alterações no aspecto da pele – olhos e pele amarelados –, problemas vasculares e pernas inchadas são indicadores de que o quadro se agravou.

Na maioria dos casos, o acompanhamento com um nutricionista, com a recomendação de uma dieta mais saudável, é suficiente para reverter o quadro. Em situações mais graves, o paciente pode sofrer uma disfunção hepática tão grave que a única chance de recuperação é com o transplante. “É ruim porque é uma situação evitável. Muitos suplementos têm a segurança estabelecida dentro da medicina e da nutrição. Então, se você faz uso deles em doses adequadas, com a indicação adequada, isso poderia ser evitado”, afirma Queiroz.

Para não ter problemas, é importante procurar por marcas de laboratórios confiáveis e rigorosos quanto à concentração dos ingredientes usados. “As principais dicas são: confiar no processo de obtenção do suplemento e não usar nada sem indicação ao acompanhamento de um nutricionista”, esclarece o médico.

Fígado saudável

A alimentação e o estilo de vida são fatores muito importantes para o bom funcionamento do fígado. O nutrólogo elenca algumas dicas que podem ajudar.

  • Manter o peso adequado é o primeiro passo para não ter problema no fígado;
  • Tenha uma alimentação rica em antioxidantes, como frutas, vegetais e legumes in natura;
  • Aposte nas fibras. Elas são muito benéficas para o fígado e são ricas em antioxidantes;
  • Evite alimentos processados.

Salada - legumes e vegetais

O estudo

Os pesquisadores do hospital Royal Prince Alfred, em Sidney, acompanharam 184 pacientes adultos internados com “lesões no fígado provocadas por drogas” entre 2009 e 2020. Eles observaram que, dos 69 pacientes com lesão hepática sem relação com o uso de paracetamol, 15 envolviam o consumo de suplementos de fitoterápicos e dietéticos.

Segundo o artigo publicado no Medical Journal of Australia, casos de lesão hepática associados a esses suplementos aumentaram de 15% nos pacientes durante o período de 2009 a 2011, para 47% dos pacientes durante 2018 a 2020. “A DILI (lesão hepática induzida por drogas, em inglês) causada por suplementos fitoterápicos e dietéticos é um problema crescente”, dizem os autores do estudo.

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