Sem tabu: homens inserem a maquiagem na rotina de cuidados
A coluna conversou com um dermatologista, um maquiador e um influenciador digital adeptos ao uso de maquiagem, para saber suas opiniões
atualizado
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Tabu para alguns, mas assunto de interesse para outros, a maquiagem masculina é tópico que ainda gera discussão. Embora a categoria aparente estar distante dos produtos, os quais geralmente ganham publicidade focada nas mulheres, marcas e profissionais da beleza já discutem bastante o tema.
De acordo com um relatório da Research & Markets7, revelado pela Revista Forbes, o mercado global de beleza masculina movimentou aproximadamente US$ 57 bilhões em 2017, e prevê ultrapassar a marca dos US$ 78 bilhões em 2023. No Brasil, segundo a Euromonitor, as vendas de produtos de beleza para homens cresceram 70% entre os anos de 2012 e 2017.
O relações-públicas e influenciador digital Daniel Abem é adepto à prática de se maquiar. Ele faz produção todos os dias, principalmente para ocasiões sociais e momentos de gravações de seus conteúdos para o Instagram. “A maquiagem é algo corretivo e embelezador. Me sinto mais bonito e confiante”, relata.
Na opinião dele, maquiagem para homens é um tabu por questões de falta de técnica e conhecimento. “Ela serve para nos deixar harmônicos, simétricos e naturais. A maioria dos caras, especialmente os héteros, não fazem por não saber ou achar que vai ficar estranho”, defende.
Outra perspectiva
Para o maquiador formado em estética e cosmetologia Antonio Barbosa, quando se trata de autoestima, o ato de maquiar-se não deveria ter gênero. “Quem não gosta de se sentir melhor? Seja por motivos de estar menos oleoso, o tom da pele mais uniforme, barba sem falhas, lábio mais hidratado, correção de olheiras e acne, entre outras características. Creio que a maioria gostaria de se ver assim”, pensa.
Segundo o especialista, há uma mudança no apelo comercial das marcas de cosméticos. “A indústria está enxergando que existe um mercado e está investindo nele. O homem está aprendendo que merece cuidado”, conta.
De acordo com o profissional, quando se trata de se sentir bem, ou seja, da análise particular que cada um possui de si, são necessárias ações que aumentem seu bem-estar. Por isso, na opinião dele, não há nenhum problema em recorrer à utilização de artifícios para sentir-se cada vez mais feliz, e uma das opções é o uso da maquiagem.
Antonio Barbosa também repara o próprio visual quando precisa tirar fotos ou quer se sentir melhor. Ele aplica hidratante labial Carmex, base Dior Backstage (que é fluida, antioleosidade e tem duração de 24h; além disso, deixa a pele com aspecto natural, semelhante ao efeito de um BB Cream) e um gel para sobrancelhas da Make Up For Ever (para preenchê-las, deixando-as mais cheias, e corrigir imperfeições; pode ser usado na barba também).
Conforme acredita Antonio, homens que se produzem não deveria prosseguir como um tabu para as novas gerações, tampouco a maquiagem deveria ser associada a pessoas que se identificam com o feminino. “Muitos meninos usam maquiagem nas redes sociais, hidratam os lábios, definem mais a barba, iluminam a pele. Hoje, muitas marcas promovem, em sua divulgação, a utilização da maquiagem com personalidades do sexo masculino, como artistas, influencers e modelos – por exemplo, a MAC, a Make Up For Ever, entre outras mais”, esclarece.
Os atendimentos de Antonio Barbosa a noivos e clientes, para sessões fotográficas e para design de sobrancelhas, por exemplo, tornam-se mais comuns a cada ano, como um sinal que a discriminação está diminuindo.
Ihar Paulau/EyeEm/Getty Images
Visão clínica
Quem também atende homens que usufruem dos cosméticos de reparo e correção é o dermatologista André Moreira. Segundo ele, a pele masculina tende a ser mais oleosa que a feminina, portanto, os homens precisam estar atentos, também, a outros fatores, como a limpeza, o manuseio e os tipos dos produtos. Via de regra, é bom usar os não comedogênicos, que não obstruem os poros.
“Eu tenho vários pacientes homens que usam maquiagem, principalmente por conta das condições clínicas, como vitiligo, rosáceas, cicatrizes e acne”, conta o médico à coluna Claudia Meireles. “Nós, dermatologistas, costumamos pregar que ‘quanto menos maquiagem, melhor’, a não ser que ela seja necessária, como nesses casos que eu citei. Então, a pessoa deve usar um bom produto e ter uma rotina de cuidados com a pele”, completa.
Assim como Antonio Barbosa, o dermatologista acredita que o marketing das empresas de cosméticos pode ser ainda melhor elaborado e ganhar maior amplitude em relação aos públicos e representatividades. Para ele, entretanto, os produtos disponíveis no mercado são ideais para todos os gêneros. “Somente é necessário o produto para o tipo de gosto e cada tipo de pele”, anuncia.
O importante da vida é se sentir melhor, se agradar e se amar. Use, aplique. Vá atrás da sua melhor versão!
Antonio Barbosa
Futuro das marcas
No setor de cosméticos, as mudanças já são visíveis. Apesar da confirmação de que as maquiagens disponíveis no mercado atendem ao público em geral (sem distinção de gêneros), marcas buscam se diferenciar com a produção de linhas para eles. A Chanel, por exemplo, lançou a coleção Boy, com hidratante, base, corretivo, lápis de sobrancelha, lip balm, lápis de olhos e esmalte.
No Brasil, a Natura e O Boticário também perceberam o potencial deste nicho e disponibilizaram produtos destinados aos homens, como BB Cream, hidratante antissinais, entre outros.
Outra novidade é a Tribe Cosmetics, empresa internacional que passou a vender hidratantes de alta cobertura e intensificadores de barba e sobrancelhas.
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