Sem pânico: como se prevenir do coronavírus em eventos sociais
Para tranquilizar anfitriões e convidados devido à pandemia do vírus, a coluna conversou com o médico intensivista Luciano Lourenço
atualizado
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Muitos brasilienses carregam o estandarte de serem bons anfitriões. A chegada de mais um ano de vida, o nascimento de um membro familiar e o início de uma nova fase são motivos para comemorar na presença dos amigos. Com a declaração de pandemia do coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nessa quarta-feira (11/03), eventos na capital e em outros locais no Brasil e no mundo foram cancelados.
Em Brasília, a lista de eventos adiados cresce exponencialmente após o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretar a proibição de aglomerações visando evitar a disseminação da Covid-19. Quem aguardava, ansiosamente, pela ressaca de Carnaval do Bloquinho Adocica Meu Amô, neste sábado (14/03), terá de esperar mais algumas semanas. A nova data do evento ainda será divulgada, conforme nota de esclarecimento publicada no Instagram. Esse é apenas um entre dezenas de agitos que ficarão para depois, por medida de segurança.
O desespero tomou conta dos apaixonados por festas após o casamento da irmã de Gabriela Pugliesi, Marcella Minelli, estampar as manchetes dos portais de notícia. Um dos convidados do enlace em Itacaré (BA) disseminou a doença para outros presentes, incluindo a conhecida musa fitness. A influenciadora digital confirmou estar com a doença na tarde dessa quinta-feira (12/03).
Casamento à vista
“Não criemos pânico”, disse o cerimonialista Marcelo Pimenta aos noivos de um casório em Bento Gonçalves (RS). Agendado para ocorrer em abril, o enlace terá 300 convidados. De olho no noticiário, o profissional da área bridal aliviou os pombinhos ao prosseguir com os preparativos com calma. “Liguei no hotel. Eles garantiram seguir todos os protocolos de proteção e estar preparados”, contou Marcelo.
A maneira encontrada pelo cerimonialista a fim de aliviar os envolvidos foi enviar uma mensagem no grupo de WhatsApp do casamento. Em uma parte do texto, Marcelo frisou a higienização:
Lavar as mãos e não tossir próximo de alguém são importantes medidas de precaução. A higienização das mãos deve ser feita com mais frequência ao longo do dia. Como todos desejam estar no casamento, vão espalhar os cuidados aos outros convidados e se proteger
Pensando em tranquilizar os anfitriões, a coluna Claudia Meireles conversou com o médico Luciano Lourenço, responsável por acionar o protocolo Covid-19 na rede privada de saúde do DF. O profissional atua como intensivista e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia.
Cancelar ou continuar com o evento?
Em eventos com mais de 100 pessoas, os riscos de propagação crescem por aumentar a probabilidade de ter algum paciente infectado entre os presentes. “Orientam evitar multidões, pois uma pessoa infectada, respirando no mesmo espaço por mais de 15 min, tem capacidade de espalhar o vírus a quem ainda não foi atingido”, disse o especialista.
O coronavírus chega às vias respiratórias por meio de gotículas ou mucosas. De acordo com o médico, as pessoas não possuem células de defesa, chamadas leucócitos, e imunidade contra o novo vírus.
Precisamos ter consciência individual para cercar a proliferação da doença com o objetivo de disseminar mais devagar e acometer, proporcionalmente, as pessoas de uma forma menos numerosa
Luciano Lourenço, médico responsável por acionar o protocolo Covid-19 na rede privada de saúde do DF
“Não vou adiar!”
Casamentos e festas de 15 anos têm o apelo emocional elevado, além de uma programação de longa data. Nessas situações, Luciano Lourenço aconselha aos convidados com os sintomas do coronavírus a não marcarem presença na comemoração: “Se estiver espirrando, tossindo, com episódios de febre ou qualquer outro acometimento relacionado às vias respiratórias, não vá à festa. O ideal é não sair de casa”.
Cuidados fundamentais
Se, mesmo doente, insistir ou ser presença fundamental no evento, use uma máscara. “Do ponto de vista médico e epidemiológico, todas as pessoas com os sintomas respiratórios devem utilizar máscara. Ela não pode tossir nas mãos nem encostar em uma maçaneta”, reforça o coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia.
Uma medida extra – e essencial – é dispor álcool em gel portátil. O médico considera o produto eficiente quando o indivíduo não puder lavar as mãos com água e sabão.
Nada de cumprimentos!
Beijos, abraços e outros cumprimentos aumentam a chance de contaminação de quem não está infectado. Luciano Lourenço recomenda evitar as saudações neste período de pandemia.
Há duas formas de ser infectado com o coronavírus. “Você está perto de uma pessoa tossindo. Ela solta gotículas que podem ter contato com suas mucosas do olho, nariz e boca, ou ficam no ar e entram durante a inspiração. Em ambas as condições, chegam às vias respiratórias”, contou Luciano Lourenço.
A outra maneira de transmissão ocorre pelo contato mecânico, define o especialista. Abraçar, beijar, apertar a mão e pegar na maçaneta é perigoso. Se uma superfície estiver contaminada com o coronavírus e o indivíduo encostar a mão, em seguida, coçar o olho ou pegar em algum alimento, levará o vírus para o organismo.
Cuidado com os idosos
Segundo o médico, o coronavírus tem a letalidade de mais ou menos 3%, podendo chegar a 15% em pacientes idosos com algum problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e doenças reumatológicas. “As pessoas com a faixa etária mais elevada fazem parte do grupo a ser mais protegido”, destacou Luciano.
Cerca de 80% das pessoas a serem infectadas com Covid-19 terão sintomas leves a moderados. Em 10% a 15%, os sinais se apresentarão de forma mais severa. O número de óbitos devido ao coronavírus é de, até o momento, 3% dos diagnosticados, com uma predominância maior entre pessoas acima de 70 anos.
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