Saiba razão das rainhas e princesas “repensarem” o uso de salto alto
A coluna conversou com o médico Julian Machado sobre a condição enfrentada pela rainha Letizia. Ela precisou diminuir o uso de salto alto
atualizado
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Integrantes de realezas europeias, Kate Middleton, as rainhas Mary da Dinamarca e Máxima da Holanda “desfilam” um costume em comum, assim como parte das mulheres. Elas são adeptas do uso de salto alto, em especial do famoso scarpin. Entretanto, um problema enfrentado pela rainha Letizia da Espanha acionou o sinal vermelho entre as personalidades femininas das famílias reais.
A forma como as integrantes das realezas andam em cima de um sapato com salto de mais de 10 centímetros, por vezes, é considerada impecável e recebe até elogios. Kate e a então princesa Mary da Dinamarca foram exaltadas por isso em 2022. A caminho do Palácio de Amalienborg, em Copenhague, as duas mulheres caminharam por um solo de pedras tendo nos pés um scarpin.
Mudanças de sapatos
Por demonstrar imponência, tornou-se uma tradição entre as figuras femininas das realezas usarem salto em compromissos oficiais, principalmente sapatos com a parte frontal fechada. A rainha Letizia era habituada a transitar com scarpin. A realidade mudou desde o fim do ano passado. A majestade espanhola foi diagnosticada com o neuroma de Morton.
O portal britânico Daily Mail fez uma reportagem sobre as rainhas e princesas estarem mudando as escolhas de calçados nos últimos meses. As mulheres da realeza passaram a utilizar sapatilhas, alpargatas e rasteirinhas. Entre elas estão as altezas Vitória da Suécia e Charlene de Mônaco, também a infanta Sofia da Espanha e a duquesa de Wessex, Sophie Rhys-Jones.
Para entender a respeito da séria condição sofrida por Letizia e que fez as mulheres das famílias reais repensarem quanto ao uso constante de salto alto, a Coluna Claudia Meireles conversou com o médico Julian Machado. Atendendo em Brasília, ele é diretor científico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Distrito Federal.
Condição ortopédica
De acordo com Julian, o neuroma de Morton é um problema que acomete o nervo plantar dos pés, geralmente entre o segundo e terceiro dedos, ou terceiro e quarto dedos. “Está relacionado a uma série de fatores mecânicos e genéticos. Essa condição atrapalha a pessoa a andar porque ela vai sentir dor”, aborda o médico.
Em relação a quem usa salto alto, o ortopedista frisa que o neuroma de Morton é um quadro que atinge o antipé, ou seja, a parte anterior do pé. Julian explica que condição atrapalha os usuários desse tipo de sapato por não conseguirem fazer o apoio ao andar. “O principal sintoma é a dor”, destaca o especialista.
“Quem tem neuroma de Morton irá parar de usar salto porque incomoda. Vai ser uma das situações que piora e agrava as dores que a pessoa já sente. Entre os sintomas, está a parestesia, que é a dormência na região autônoma do nervo dependendo de qual dedo está acometendo”, endossa o médico.
Causas
Até então, é desconhecida a principal causa do problema ortopédico da rainha Letizia, se foi decorrente de circunstâncias genéticas ou mecânicas. Contudo, o surgimento do neuroma de Morton está intrinsecamente associado ao uso frequente de sapatos apertados e com salto alto, conforme elucida o médico.
“Os principais fatores que causam o neuroma são mecânicos. Se você usa salto por muito tempo e se apoia demais em cima daquele nervo; ou usa sapatos muito apertados por longos períodos e acaba comprimindo lateralmente o nervo”, esclarece.
Julian Machado lista outros fatores que ocasionam a condição ortopédica: “Tem a genética, tendência a alterações mecânicas do pé, as mudanças no osso e fraturas que depois com consolidação viciosa vão fazer a compressão do nervo”. Embora apareça com maior frequência em mulheres, os homens não estão livres do neuroma de Morton.
Adeus, salto alto?
Segundo Julian, o quadro costuma atingir atletas, soldados, praticantes de marchas ou longas caminhadas e quem precisa utilizar algum tipo de sapato específico que cause compressão na região anterior do pé. Os diagnosticados com o neuroma de Morton podem recorrer à cirurgia, porém requer adotar novos hábitos.
O ortopedista garante que a cirurgia tende a ajudar o paciente que enfrenta o problema, porém, após o procedimento, será um equívoco continuar usando sapatos com salto, mas também fechados e apertados na parte frontal. “Assim, você poderá formar o neuroma em outro nervo, no intervalo entre dois dedos”, sustenta.
O médico ressalta que dará para usar salto alto após a operação na região. Entretanto, deve-se seguir a recomendação de intercalar entre os tipos de sapatos, o que requer utilizar modelos baixos e intermediários, além de evitar as rasteirinhas. “Se você alternar o uso dos calçados será uma forma de prevenir as lesões”, declara.
Não são só saltos altos que geram condições ortopédicas, optar apenas por calçados baixos também podem resultar em problemas. É o caso da fascite plantar. “Seria a dor no retropé, perto do calcanhar”, enfatiza o diretor científico da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Distrito Federal.
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