Rumos lança exposição A Câmara, com curadoria de Marco Antônio Vieira
A exposição de Jéssica Caldeira e Victor Prôa recebe visitantes no espaço Rumos, em Goiânia. Marco Antônio Vieira atuou como curador
atualizado
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Fixado em Goiânia, o espaço independente Rumos recebe a exposição A Câmara. Com curadoria do doutor em história da arte Marco Antônio Vieira, o projeto de Jéssica Caldeira e Victor Prôa contou com um evento de lançamento na noite dessa sexta-feira (9/12). Os convidados prestigiaram os artistas e a galeria, coordenada pelos gestores Adriano Braga e Gustavo Machado. A experiência imersiva receberá visitantes até 9 de janeiro.
Como o próprio nome já deixa subtendido, a exposição leva o público para uma câmara escura, ou melhor, para “uma caixa de ressonâncias”, “gabinete de curiosidades” ou “quarto de maravilhas”. Conforme descrevem os envolvidos, a mostra “é uma encenação imersiva, climática e atmosférica pensada como uma obra, em que vídeos, esculturas e produções sonoras” se ligam estreitamente a fim de ocasionar efeitos sensoriais.
O curador, que se classifica como “camerístico”, concedeu uma entrevista à Coluna Claudia Meireles a respeito da exposição. Durante a conversa, Marco Antônio deu detalhes do processo de concepção do projeto artístico. “Foi construída de maneira bastante orgânica e colaborativa”, destaca. Ele, Jéssica, Victor, Adriano e Gustavo se encontraram “initerruptamente” durante três meses para desenvolver A Câmera.
“Eu tive essa ideia de que A Câmara seria mais cênica e imersiva, uma experiência multissensorial. Envolve a iluminação que é quase teatral. Cria uma atmosfera, é uma exposição mais climática”, explica Marco Antônio, doutor em arte pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, ele leciona na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná.
Início
O objetivo de criar uma exposição surgiu após Marco Antônio orientar a produção de um vídeo produzido por Victor. “Foi o resultado de um acompanhamento crítico que eu desenvolvo faz um tempo”, atesta. Em relação a Jéssica, o curador a conheceu quando atuou como professor substituto na Universidade de Uberlândia, em Minas Gerais. Ela fez um projeto que atraiu a atenção do doutor em arte.
Quando Marco Antônio, Victor e Jéssica decidiram desenvolver a exposição, o primeiro pensamento do professor foi: “Eu não queria trabalhar com a concepção de cubo branco, espaço neutro e obras que seriam contempladas de modo individualizado”. Segundo o curador, “as obras e o espaço fazem parte de um todo”, razão para a estrutura da Rumos se transformar em uma câmara escura e ganhar uma nova cor: preto.
Os ambientes da Rumos foram pintados de preto e forrados com tecidos na mesma tonalidade a fim de “vedar ao máximo”, conforme afirma o professor. “Acredito ser muito importante trabalhar com o maior nível experimental possível”. Resolver exibir as obras no espaço independente e itinerante Rumos não foi por acaso. De acordo com Marco Antônio, a galeria busca fomentar novos caminhos para as artes visuais e para a cultura de “modo mais alargado”.
O curador Marco Antônio Vieira e os artistas Jéssica Caldeira e Victor Prôa viram o endereço como o lugar ideal por oferecer uma escuta sensível e “interessada em aprender fazendo, girando a economia local [no caso, goiana]”. Descreveram a “galeria” como: “A construção a várias mãos é trabalho também de decomposição do pensar-sentir práxis científicas e sensíveis que se posicionam mobilizando emoções, gestualidades, processos cognitivos e intuitivos”.
Imersão
Dando um pouco de spoilers, Marco Antônio esclarece que os visitantes são recebidos com um vídeo produzido por um Victor Prôa. “Antes de ver a exposição, você a ouve e vai ter um impacto sonoro. Obviamente, essa obra, que usa som, tem um vínculo com a ideia de câmara escura”, garante. O curador afirma que ele, os artistas e gestores elaboraram uma experiência completa.
“Mesmo antes de entrar no espaço, um dos vídeos fica dentro de uma caixa. Os visitantes veem esse vídeo como se fosse uma cena proibida. É toda a construção de uma atmosfera dentro da entrada dessa câmara escura”, relata Marco Antônio.
Um dos pontos altos da exposição é a performance batizada de O Gozo. De acordo com o curador, a exposição está muito bonita e une imagens dramáticas do ponto de vista comum. Os interessados podem conferir A Câmera até o próximo dia 9, no espaço independente Rumos, situado no endereço Rua 90 – A, número 184, Setor Sul em Goiânia. Dá para agendar horário previamente com os gestores do local. Adriano Braga atende pelo contato (62) 99565-0505 e Gustavo Machado (62) 98176-0191.
Para finalizar, Marco Antônio Vieira ressaltou a respeito da honra em organizar e administrar a exposição. “A curadoria corre paralelamente ao meu ofício de acadêmico, de professor. Foi riquíssimo para todos os envolvidos, porque nós pudemos apesentar um trabalho extremamente profissional, bem concebido e bem amadurecido durante esses meses e o resultado fala por si próprio. Eu ficaria muito feliz que as pessoas de Brasília pudessem dar uma esticada até Goiânia para ver A Câmara”.
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