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Ruído branco, ruído marrom… Como eles podem ajudar na saúde mental?

Os sons coloridos vêm sendo estudados para amenizar o estresse, dormir melhor e aumentar o foco. Entenda como isso funciona!

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Em 2020, a Coluna Claudia Meireles havia divulgado o Sound Healing (ou Sound Therapy), uma ferramenta de cura e autoconhecimento por meio do som. O princípio básico desse método vem por meio da ressonância, a frequência vibratória de um objeto. Segundo a teoria, o universo inteiro – o que inclui os seres humanos – está em um estado de vibração, e cada parte do corpo têm uma frequência vibratória saudável.

Curiosamente, outro conceito sonoro já entrou na corrida pela saúde e bem-estar. Tratam-se dos ruídos codificados por cores. Isso mesmo, é como se eles tivessem — realmente — uma coloração. A ideia é colocar os fones de ouvido e iniciar uma terapia que promete amenizar o estresse, dormir melhor e aumentar o foco.

Marrom, branco, rosa, verde e azul. Todos esses ruídos coloridos, segundo estudiosos, “funcionam” para o bem do cérebro, e não são apenas um som de fundo agradável. Basta observar, inicialmente, as trilhas sonoras de meditação, por exemplo, como também os sons de baixa frequência, e como ambos interferem na atividade cerebral.

Os ruídos coloridos, segundo estudiosos, “funcionam” para o bem do cérebro

Na opinião do professor da Regis University School of Pharmacy Dan Berlau, o benefício desses ruídos são, na verdade, um mascaramento auditivo, ou seja, quando a pessoa os escuta, fica menos inclinada a ouvir sons indesejados como carros buzinando ou um parceiro roncando.

Dessa forma, o que alguns pensam dos ruídos brancos e marrons, por exemplo, como auxiliadores no sono e na concentração, para Berlau, são apenas “máscaras” contra outros ruídos que podem distrair ou acordar uma pessoa.

Como a tendência começou?

Ainda no século 17, o arquiteto e escultor Gian Lorenzo Bernini inventou a primeira máquina de ruído branco para dormir. O equipamento de white noise, que simulava o barulho de uma fonte de água, foi construído por ele para tratar a insônia do Papa Clemente IX à época.

Hoje, o ruído branco é o que mais se destaca nos estudos clínicos, enquanto os ruídos marrons são os mais pesquisados no YouTube e no Spotify.

Hoje, o ruído branco é o que mais se destaca nos estudos clínicos

Como funciona?

Os ruídos coloridos contém baixas frequências em vários níveis de volume, sendo que o melhor para cada pessoa vai depender da preferência dela, bem como do que ela gostaria de “tratar”.

Para Barbara Shinn-Cunningham, professora de neurociência auditiva da Cowan e diretora do Instituto de Neurociências da Carnegie Mellon University, a diferença entre eles está no equilíbrio de quanta energia eles têm e qual é a faixa de frequência.

“As diferenças podem ter consequências perceptivas reais, mas todas têm essa qualidade de serem meio entediantes para o cérebro e capazes de bloquear outros sons”, opinou ao site Allure.

Embora o ouvido humano não consiga detectar, as diferenças entre algumas frequências de som, sabe-se do grande potencial do ruído neutro para o organismo, principalmente quando se fala em relaxamento. Os benefícios da meditação, por exemplo, incluem manter o equilíbrio, voltar a dormir bem e se livrar do estresse.

Manter o equilíbrio, voltar a dormir bem e se livrar do estresse são alguns benefícios da meditação

Leia: Meditação sem tabus: guru ensina a aumentar performance com a prática

Ruído Branco – Concentração

Segundo Dan Berlau, o ruído branco são todas as frequências audíveis (20 Hz – 20 kHz) tocadas, juntas, no mesmo volume. “Como nossa cóclea (ouvido interno) ouve sons de alta frequência (agudos) mais altos, o ruído branco pode soar muito sibilante para muitas pessoas”, esclareceu ao Allure. Os estudos sobre esse tipo de som são um pouco mais robustos do que os de outras cores, que demandam mais estudos clínicos.

De acordo com o professor, pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem se beneficiar do ruído branco, especialmente na velocidade de leitura e escrita, e na redução do comportamento fora da tarefa.

Entretanto, outros especialistas da área não enfatizam com tanta firmeza essa solução para as crianças. “Foi demonstrado que o ruído branco realmente melhora os estados cerebrais para o aprendizado em adultos, mas [ele] pode realmente ter um efeito prejudicial no aprendizado auditivo e talvez até no desenvolvimento do sistema auditivo em bebês”, declarou o neurocientista Andrew Huberman em seu podcast do Huberman Lab.

O white noise assemelha-se ao ruído de uma televisão fora de canal

Já um estudo de 2019 analisou o circuito neural de pessoas realizando uma tarefa e descobriu que o ruído branco tocado em intensidade baixa o suficiente (o que significa que não é muito alto) pode melhorar o aprendizado de uma variedade de tarefas em um grau significativo, em comparação a outros que trabalhavam em silêncio.

Vale saber, também, que a teoria da ressonância estocástica, que supõe que a presença desse ruído ajudará a amplificar o som ou sinal original, defende que ela pode ajudar o ser humano a se concentrar em outros estímulos externos e aprender mais rapidamente.

Apesar das concepções, a solução dessa terapia não é comprovada.

Ouça:

Ruído Marrom – Acalmar

O ruído marrom tem uma frequência mais baixa que o branco, e frequências mais altas amortecidas que o tornam menos metálico. Ainda que não haja tanta pesquisa ou testes clínicos sobre isso, algumas teorias o consideram forte o suficiente para “acalmar a mente”.

“Possivelmente, as frequências mais baixas podem estimular mais o cérebro. Mas é mais provável que o ruído marrom seja mais agradável do que o branco e as pessoas tenham maior probabilidade de usá-lo a longo prazo”, afirmou Dan Berlau.

Ouça:

Ruído Rosa – Adormecer mais rápido

Pessoas que lutam contra a insônia podem se interessar pelo ruído rosa, que soa como o som da chuva com apenas um toque de estática. Essa codificação assemelha-se ao ruído branco, mas com um pouco menos de “assobio”. Alguns estudos apontaram que ela pode diminuir gradualmente as ondas cerebrais dos indivíduos, ajudando a estabilizar o sono.

Escute:

Ruído verde – Facilitar o estudo ou trabalho

Outra variação do ruído branco localizado no meio do espectro sonoro, o ruído verde lembra levemente os sons encontrados na natureza, como o da cachoeira. O tom é mais agradável e menos sibilante que o ruído branco, por exemplo. Essa é uma excelente alternativa para quem quer facilitar o momento do estudo ou do trabalho.

Ruído azul

O ruído azul é o oposto do ruído marrom. Sua energia está concentrada na extremidade superior do espectro, ou seja, é todo agudo e nada baixo. O barulho lembra um spray de água sibilante.

Em aplicativos de áudio, o ruído azul é usado para dithering, um processo em que o ruído é adicionado a uma faixa para suavizar o som e diminuir a audibilidade das distorções.

Ouça:

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