Ricardo Pereira, um português de alma brasileira
Nascido em Lisboa, o galã de Éramos Seis se declara ao Brasil e afirma que o país é a sua casa
atualizado
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Rio de Janeiro – Aos 40 anos de idade, o ator Ricardo Pereira vive a plenitude de quem encontrou seu lugar no mundo. Apaixonado pela profissão, tem uma família que é a concretização da felicidade. Intérprete de Almeida na novela Éramos Seis, da Rede Globo, o galã nascido em Lisboa, Portugal, já se considera brasileiro após 15 anos morando no país. Certo da escolha que fez, declara toda a sua paixão pela terra na qual decidiu viver.
“O Brasil é uma casa para mim. Tenho três filhos brasileiros e me sinto feliz vivendo no Rio de Janeiro, um lugar simplesmente mágico”, declara.
Nesta entrevista à Coluna Claudia Meireles, ele fala sobre a esposa, Francisca, e os herdeiros (Vicente, de 7 anos, Francisca, de 5, e Julieta, de 2). O global comenta, ainda, sobre seu personagem, que vive uma relação complicada com Clotilde (Simone Spoladore) na novela das 18h. Por fim, celebra a bem-sucedida carreira. No total, Pereira acumula 25 novelas e 30 filmes no currículo. Confira!
Podemos dizer que você se considera brasileiro?
Na verdade, eu já sou muito brasileiro! É uma história, pois já passou muito tempo e eu tenho o Brasil como uma casa para mim. Vivo aqui há quase 15 anos e tenho três filhos brasileiros. Me sinto bem neste país. Sou muito feliz morando no Rio de Janeiro, um lugar simplesmente mágico.
Você se sente realizado profissionalmente?
A televisão tem sido o meu trabalho diário e tenho tanto amor por essa profissão que consigo me surpreender com cada história que é contada. Isso me deixa feliz.
O que você destaca no seu personagem em Éramos Seis, o Almeida?
Ele é um vendedor de tecidos e passa a vida na loja, mas sua história principal é o romance com a Clotilde. Um amor que tenta vencer muitos obstáculos. Almeida é um homem desquitado numa época em que isso significava uma pressão social muito grande. Quer viver esse amor e não pode, já que a Clotilde fica com medo de ser julgada pela sociedade.
Antigamente, o preconceito era imenso em torno do divórcio. Isso te surpreendeu?
Tivemos aulas com historiadores e psicólogos para falarmos sobre questões de família, assim como os papéis do homem e da mulher na época, e o que significava o desquite. Uma das minhas grandes questões era como eu iria introduzir dentro de mim essa profundidade, esse karma, esse peso. Afinal, é uma realidade que eu não conheço e que “ferra” a vida do Almeida.
É um cara alegre, mas a vida lhe trouxe essa questão. Ele se casou novo e quis se separar. A sociedade faz questão de lembrar e relembrar isso permanentemente. Almeida e Clotilde querem ser livres, mas há o olhar castrador da sociedade.
Seus filhos te vêem nas novelas?
Sim, sempre “espreitam”! O Vicente, como é mais velho, gosta muito. Me pergunta sobre o que é ser ator. Quando eu fazia Deus Salve o Rei, ele me imitava. Deixávamos ver só algumas cenas, não tudo. Mas Éramos Seis tem leveza, é bastante poética.
Pelo jeito, Vicente tem certo interesse pela arte. Você o incentivaria a seguir sua profissão?
Como pai, eu sempre vou apoiar meus filhos no que quiserem ser. Ele trabalhar, agora, como ator, acho que não. Mas, se um dia chegar e me disser que quer fazer uma participação, por mim tudo certo. Acho válido.
Então, nada de forçar essa escolha, né?
Não vou fazer pressão. Eu e minha mulher pensamos assim. A vida vai acontecendo, vai nos levando e vamos vendo. Com as crianças, é isso também. Eles escolhem os próprios caminhos.
Sendo você e a Francisca portugueses, como é o sotaque dos seus filhos?
Meus filhos falam português de Portugal misturado com o que é falado no Rio de Janeiro, o da rua ou o da escola.
Pretende ter mais filhos?
Sim, no futuro. Tenho um casamento de muito tempo com minha mulher, e sempre falávamos em ter quatro filhos.
É preciso dar um tempo, pois educar exige a presença dos pais, além de cuidados, atenção, disponibilidade. Queremos ser companheiros do desenvolvimento dos nossos filhos. Isso demanda tempo e uma grande responsabilidade. Realmente pensamos, mas vamos ver quando.
Você pretende ficar de vez no Brasil?
Eu já fiz trabalhos no cinema francês, espanhol, holandês e italiano. Tive essas oportunidades porque os países europeus são próximos e fui chamado para fazer filmes em vários deles. Minha base, porém, é no Brasil. O Daniel Day-Lewis, por exemplo, mora em Roma.
O mundo está mais globalizado. Aqui é o meu lugar número um há muitos anos e, graças a Deus, pelos trabalhos que eu tenho tido e pelos projetos que estão aparecendo, será por muito, muito tempo.
Você já se familiarizou com a História do Brasil após tantos trabalhos de época?
Estou há seis anos praticamente só fazendo novelas de época na Globo. E em épocas diferentes. Isso me permitiu conhecer muitas fases distintas da História do Brasil. É claro que eu estudei História nos tempos de escola e isso me permitiu sacar um pouco de História Geral, mas quando a gente faz um trabalho assim, isso permite mergulhar no período.
Então, como sou louco por leitura, compro tudo o que é livro de História da época. Esse período das décadas de 1920, 1930 e 1940 é rico e bonito de se ver. Vi diversos filmes dessa fase. Ao mesmo tempo em que eu atuo, pego o conhecimento histórico.
Você é seletivo na escolha dos trabalhos?
Há momentos na vida em que aceitamos fazer algumas coisas, e outras não. Para me ligar a um projeto, hoje, tenho que ser tocado. É a mesma coisa com uma marca: o que ela é, o que representa e quais são os valores por trás dela. É algo importante na vida.
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