Rainha pode ter que pagar bilhões de libras em indenização por escravidão
De acordo com o jornal Express, uma política jamaicana se prepara para apresentar uma nova petição de indenização à rainha Elizabeth II
atualizado
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Não é de hoje que uma parte dos cidadãos da Jamaica está enfurecida com a Coroa britânica. Em 2015, o Reino Unido quitou a dívida com famílias que tiveram ascendentes escravizados. Eles exigiram compensação pela abolição da escravatura em 1833. De acordo com o jornal Express, uma política jamaicana se prepara para apresentar uma nova petição de indenização à rainha Elizabeth II. A soberana de 95 anos também atua oficialmente como monarca da Jamaica, pois a nação pertence à Comunidade Britânica.
Ministra da Cultura da Jamaica, Olivia Grange afirmou que deseja fazer uma petição à rainha e pedir indenização para todos os cidadãos do país caribenho: “Estamos especialmente satisfeitos em anunciar que demos mais passos em nossos passos rumo à busca de Justiça reparatória para as vítimas e descendentes do tráfico transatlântico de escravos”. O documento de reivindicação pela reparação por escravidão pode ser destinado ao governo britânico ou à Elizabeth II por ela ser chefe de Estado do Reino Unido.
Segundo Grange, o Conselho Nacional de Reparação da Jamaica havia apoiado totalmente a petição e havia sido acordado que “os gabinetes do procurador-geral precisariam avaliar os méritos da petição na eventualidade do envolvimento do governo na medida”. Na avaliação da ministra da Cultura, cabe aos gabinetes do procurador-geral do país caribenho apresentarem o documento “em nome do povo da Jamaica”.
Em 2015, o então primeiro ministro do Reino Unido David Cameron visitou a Jamaica e, na ocasião, enfrentou os apelos para pagar bilhões de libras em indenizações por escravidão. Somente no ano em questão que o país europeu conseguiu saldar a dívida com familiares de pessoas escravizadas. Vale lembrar que a abolição da escravatura só ocorreu em 1833. Para alguns críticos da ação da nação caribenha, os contribuintes britânicos já pagaram a parcela de indenização.
Historiador e fundador da British Monarchists Society, Thomas Mace-Archer-Mills concedeu entrevista ao portal Daily Star. No ponto de vista do especialista, o Reino Unido já quitou a parte pelo preço da liberdade para os escravos da Jamaica. “É necessário chegar um dia em que os indivíduos, os povos e as nações de hoje precisem assumir a responsabilidade por si mesmos, por suas próprias ações e situações, e parar de culpar pessoas mortas com séculos de idade e histórias menos saborosas do passado”, enfatizou.
Um documento do Arquivo Nacional Britânico trazia escrito que: “Portugal e a Grã-Bretanha [compreende Inglaterra, Escócia e País de Gales] foram os dois países mais bem-sucedidos no comércio de escravos”. A terra da rainha tornou-se a nação mais dominante no negócio entre os anos de 1640 e 1807. Nos anos seguintes, aboliram o tráfico de escravos. Em torno de 3,1 milhões de africanos foram transportados para colônias britânicas na América e no Caribe. Do total, apenas 2,7 milhões deles sobreviveram à perigosa passagem em navios em condições insalubres.
Acusações de racismo
No início de junho, o The Guardian publicou documentos que mostram como o Palácio de Buckingham usava uma política discriminatória para contratar colaboradores. Os registros indicam que, até o fim da década de 1960, o palácio limitava a contratação de “imigrantes de cor ou estrangeiros” para funções administrativas na casa real, entretanto tinham permissão para trabalhar como empregados domésticos. Os papéis foram encontrados no Arquivo Nacional, durante uma investigação do jornal sobre a influência da monarca no conteúdo das leis britânicas.
À época, a descoberta caiu como uma bomba e abalou as estruturas da Coroa britânica. Três meses antes, a realeza precisou lidar com a entrevista de Meghan Markle à apresentadora Oprah Winfrey. Com ascendência afro-americana, a duquesa de Sussex afirmou que teve pensamentos suicidas enquanto morava com o príncipe Harry na Inglaterra. Ela chegou a comunicar os problemas psicológicos, porém, foi negligenciada por colaboradores do palácio. No bate-papo, o casal alegou que um membro da família real demonstrou preocupação sobre “o quão escura” seria a pele do filho, Archie.
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