Quem era Vittorio Emanuele de Sabóia, filho do último rei da Itália?
O príncipe de Nápoles, apelidado de “o rei que nunca existiu”, morreu no último dia 3; ele teve polêmica abordada na Netflix
atualizado
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Poucos dias antes de completar 87 anos, o duque de Sabóia e príncipe de Nápoles, Vittorio Emanuele, faleceu pacificamente em sua casa em Genebra, na Suíça, no dia 3 de fevereiro de 2024. Filho do último rei da Itália, Umberto II, o chefe da Casa de Sabóia chegou a ser banido do país há mais de meio século, conseguindo regressar a Roma em 2002.
Afinal, quem foi Vittorio Emanuele, o último herdeiro do trono italiano? A Coluna Claudia Meireles levantou a história do membro real, apelidado de “o rei que nunca existiu”, para explicar a grande polêmica envolvendo o seu nome, caso que, inclusive, virou atração no serviço de streaming Netflix.
Confira!
Nascido em Nápoles, comuna no sul da Itália, em 12 de fevereiro de 1937, Vittorio Emanuele tinha apenas 9 anos quando ele e a família foram forçados ao exílio, em 2 de junho de 1946. À época, o povo votou em um referendo sobre a permanência ou não da monarquia. Eles escolheram, então, criar uma República e puniram a realeza por não ter conseguido salvar o país do regime fascista de Mussolini.
A família foi autorizada a regressar em 2003, após 57 anos, quando a norma constitucional que obrigava os herdeiros homens da Casa de Saboia ao exílio foi abolida.
O ano era 1978, quando Vittorio Emanuele se envolveu numa polêmica enquanto ele, a esposa e seus filhos moravam na Ilha de Cavallo, na costa sul da Córsega, na França. O drama ganhou, inclusive, um documentário na Netflix.
Conforme reconstruído a partir de entrevistas com testemunhas, em uma noite quente de agosto, o príncipe de Nápoles ficou furioso quando alguns “italianos de merda” barulhentos “pegaram emprestado” o bote do seu iate e amarraram-no a outro barco próximo. Indignado, ele pegou um rifle, foi até um dos barcos e, depois de atirar disparadamente com a intenção de “apenas assustar”, uma pessoa se feriu.
O nome era Dirk Hamer, um jovem de 19 anos que dormia em outro barco próximo. Ele morreu no início de dezembro devido a ferimentos causados pela bala. Apesar de nunca ter sido provado legalmente que Vittorio Emanuele foi o responsável pela morte do garoto, a vida do duque de Sabóia nunca mais foi a mesma.
A irmã da vítima, Birgit Hamer, que mais tarde se tornou uma supermodelo, passou décadas lutando sem sucesso para que a justiça fosse feita no caso da morte do irmão, algo que acredita-se ter sido um encobrimento. Vittorio Emanuele foi condenado a apenas seis meses de liberdade condicional por porte de arma de fogo.
Documentário
Em conversa com a revista Variety, a diretora de O Rei que Nunca Foi, da Netflix, Beatrice Borromeo, contou que esteve pessoalmente “por dentro” da história do duque de Sabóia.
“Minha mãe sempre foi amiga íntima de Birgit Hamer. Ela esteve envolvida em várias fases da vida de Birgit, incluindo a organização do funeral de Dirk, que é mostrado no documentário. Dito isto, esta não foi uma história fácil de abordar e trazer à tona…”, afirmou.
“… Quando era jornalista do diário italiano Il Fatto Quotidiano, provavelmente fiquei demasiado obcecada com este caso. Escrevi alguns artigos bastante agressivos que careciam do equilíbrio necessário que acho que encontrei agora nesta série documental”, declarou a diretora do documentário.
Dança das cadeiras
Em 2006, houve todo um debate a respeito de quem deveria ter assumido o trono de Umberto II, pai do príncipe. Para alguns monárquicos italianos, esse cargo deveria ser passado a Amadeu de Sabóia, primo do monarca, e, após a morte dele, a seu filho Aimone de Sabóia-Aosta — e não a Vittorio Emanuele. Consequentemente, o seu filho Emanuele Filiberto de Sabóia, príncipe de Veneza, seguiria na sucessão.
Já outras pessoas alegavam que o casamento de Vittorio Emanuele com Marina Ricolfi Doria nunca foi reconhecido pelo seu pai, que o removeu da linha dinástica.
Por esta razão, de acordo com o portal português EuroNews, o único chefe da casa seria Amadeu de Sabóia, já casado com o consentimento real de uma princesa de Orleans. Mas, segundo uma entrevista de Vittorio Emanuele ao Point de Vue, Umberto II nunca se expressou sobre a questão de Amedeu, porque “não existe”, revelou.
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