Produtora brasiliense de Ricos de Amor conta detalhes do sucesso da Netflix
Os filmes S.O.S Mulheres ao Mar, Assalto ao Banco Central, Se Eu Fosse Você e Eu Fico Loko fazem parte do currículo da produtora Irina Neves
atualizado
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O poder da Netflix em solo brasileiro é inegável. A plataforma de serviços de streaming acumula quase 16 milhões de assinantes no país. Caso esteja entre os usuários, em algum momento deparou-se com o título Ricos de Amor enquanto zapeava o catálogo em busca de assistir um filme ou maratonar uma série. O longa-metragem, que levanta a bandeira do cinema nacional, contou com a produção da brasiliense Irina Neves, goiana de coração.
Desde o lançamento, em 30 de abril, a comédia romântica com o selo Netflix de qualidade está na lista do Top 10 da plataforma. Inclusive, na semana de estreia, liderou o ranking. Dirigido por Bruno Garotti e produzido também por Júlio Uchoa, o filme tem conquistado telespectadores para além das fronteiras tupiniquins, conforme afirmou Irina.
“Ricos de Amor conseguiu um retorno de público excelente, não apenas no Brasil como no mundo inteiro. Acredito que o filme teve uma junção perfeita entre o elenco, o roteiro e a equipe técnica responsável pela produção. E está aí o resultado”, ressalta a produtora.
Protagonizam a história Danilo Mesquita e Giovanna Lancellotti. Os atores interpretam Teto e Paula, respectivamente. Filho de um rico produtor de tomate, o playboy do interior do Rio de Janeiro se apaixona pela futura médica. A partir daí, Teto embarca em uma jornada de autoconhecimento e de trapalhadas.
Crítica social e empoderamento feminino são temas abordados na narrativa. Segundo Irina, as questões apareceram no enredo de forma leve, divertida e amorosa, mais um motivo para os usuários da Netflix verem o longa-metragem até o fim. “Além de romance e boas gargalhadas, Ricos de Amor trata de assuntos que devemos discutir, com leveza e naturalidade, e convida ao debate sobre privilégios, meritocracia e assédio”, enfatiza.
Quem assistiu ao título soltou boas risadas, em especial nas confusões armadas por Teto. O clima de descontração tomou conta do set de filmagem. “O elenco foi um presente também. Reunimos profissionais que abraçaram o projeto desde o princípio e isso é fundamental para o sucesso”, pondera. Mas nem tudo são flores e o time de Ricos de Amor enfrentou alguns desafios, como o frio.
Tomate
“Depois de semanas de tempo ensolarado, justo no dia da filmagem chegou uma frente fria no Rio de Janeiro. Foram 12 horas de filmagem noturna, bem animada, mas com muito frio”, recorda a produtora. A primeira parte da história se passa em Paty do Alferes, cidade carioca onde ocorre a Festa do Tomate, realizada em junho.
Em quatro dias de evento, a filmagem foi marcada para a data do show do Alok. O DJ participou das gravações e a sua canção Table for Two é tema do filme. A equipe técnica precisou adequar a agenda do elenco com o período de amadurecimento das plantações de tomate. De acordo com Irina, foi um fato inusitado.
O tomate envolve todo o enredo de Ricos de Amor. Ao término do título, fica a dúvida por que escolheram o fruto? Para responder ao questionamento dos telespectadores, Irina consultou os roteiristas Bruno Garotti e Sylvio Gonçalves. Segundo os profissionais, quando passaram a desenvolver a história, Teto seria filho de fazendeiro, mas não de criador de animais. Ao pesquisarem sobre o setor agrícola, ambos se esbarraram com festas de tomate da Itália.
“Descobrimos que com os cuidados certos, o tomate pode ser cultivado em qualquer lugar. Também parecia ser um tema de baixa rejeição. Há quem não aprecie o sabor do tomate ao natural, mas seja no molho de pizza, do espaguete ou sob a forma de catchup, a maioria das pessoas consome tomates”, explicou Sylvio Gonçalves.
Depois de levarem em consideração esses argumentos, os roteiristas bateram o martelo quanto ao produto agrícola que norteou a narrativa. Durante os estudos, Bruno e Sylvio tiveram a ideia de fazer uma guerra de tomates. “Pareceu um bom material de uma cena cômica e da demonstração da futilidade do protagonista”, destacou o roteirista.
Vale frisar que frutos utilizados na sequência eram de descarte. Um mês após as filmagens em Paty dos Alferes, o time de Ricos de Amor deu o pontapé na segunda etapa, gravada na Cidade Maravilhosa. “Foram cinco semanas de filmagens”, lembra Irina.
A produtora
Irina Neves é natural de Olhos D’Água, povoado de Alexânia (GO), a 100 km de Brasília. Conforme crescia, a paixão pelo cinema aumentava. Em busca de oportunidades no segmento, ela aceitou o convite para participar de um filme, rodado no Polo de Cinema de Sobradinho, em 1998. Desde então, a produtora, que atualmente vive no Rio de Janeiro, colocou em prática inúmeros projetos, sendo alguns mais marcantes.
“Um dos filmes mais desafiadores foi o Soundtrack, dirigido pela dupla 300 ml. No elenco, estavam Seu Jorge, Selton Mello e Ralph Ineson. O filme foi todo escrito para ser rodado na Antártida. Fomos até lá, fizemos pesquisa de locação, mas o ambiente era difícil”, recorda Irina. A equipe técnica reproduziu a estação da Antártida em um estúdio carioca com 3 toneladas de neve artificial.
Outros títulos com a produção de Irina estão previstos para serem lançados em 2020: Veneza, de Miguel Falabella, e Diários de Intercâmbio, de Bruno Garotti. A gravação do segundo título ocorreu nos Estados Unidos. A filmagem da última sequência foi no dia 28 de fevereiro. “Apesar de todo o risco a que fomos expostos, ainda sem saber da dimensão da pandemia, retornarmos em segurança e, como dizemos na gíria do cinema, ‘com o filme na lata'”, reitera.
“Nem todos que veem o filme pronto na tela têm a noção do trabalho nos bastidores. São sets de filmagem de até 14 horas por dia, durante meses. Mas é gratificante quando mostramos ao público o produto final e conseguimos ter um retorno tão positivo, como Ricos de Amor”, conta a goiana.
Ela traz no currículo sucessos nacionais, como S.O.S Mulheres ao Mar, Assalto ao Banco Central, Se Eu Fosse Você, Eu Fico Loko e, agora, Ricos de Amor, seu primeiro trabalho com a Netflix por meio da Ananã Produções, de Júlio Uchoa.
A plataforma de serviços de streaming tornou-se uma grande parceira do cinema não apenas no mundo, mas em especial no Brasil, por apoiar a cultura e profissionais brasileiros. De acordo com Irina, títulos nacionais têm ganhado o mundo em festivais e foram aclamados pela crítica e pelo público.
“Estamos levando a nossa história para o mundo. O Brasil é um celeiro de talentos, temos profissionais de altíssima qualidade, é um país plural, criativo, a produção audiovisual brasileira está fazendo bonito mundo afora. Temos que aproveitar este momento, incentivar a produção”, finaliza a produtora de Ricos de Amor.
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