Princesa rejeitada da Bélgica encontra pai, o ex-rei Albert, pela 1ª vez
Delphine é fruto de um caso extraconjugal do ex-rei Albert. Ela travou uma batalha judicial para ter a paternidade reconhecida
atualizado
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Processos de reconhecimento de paternidade costumam dar o que falar no mundo dos famosos. Drake, Eddie Murphy e Roberto Carlos foram convencidos a assumirem filhos de namoros ou relações extraconjugais depois de testes de DNA darem positivo. Os escândalos envolvendo traição não existem somente com as personalidades das telonas, palcos e redes sociais. Um caso polêmico da realeza belga, por exemplo, também entrou nos holofotes. Um caso extraconjugal do ex-rei Albert II, por exemplo, resultou na concepção da princesa Delphine.
Ao estilo de novelas brasileiras, o imbróglio familiar ficou famoso na mídia como Caso Delphine. Conhecida como a filha ilegítima, a princesa é fruto do longo relacionamento do ex-rei Albert, de 86 anos, com a baronesa Sibylle de Sélys Longchamps. Eles ficaram juntos durante os anos de 1966 a 1984. No entanto, à época, o membro da realeza belga já era casado com a aristocrata italiana Paola Ruffo di Calabria. Os dois subiram ao altar em 1959.
Paz selada
Em 2013, Delphine fez uma tentativa fracassada de conciliação. Depois disso, resolveu levar o caso ao juiz. O duelo travado entre pai e filha durou sete anos. O ex-rei chegou a recusar-se a fazer exame de DNA. No capítulo decisivo, ocorrido em outubro, o tribunal de Bruxelas sentenciou a favor da mulher de 52 anos. Albert II precisou reconhecê-la como filha legítima após comprovação de vínculo sanguíneo. Ela também conseguiu o título de princesa da Bélgica, direito ostentado por seus irmãos paternos.
Depois de anos de batalha, a herdeira foi convidada para conhecer o palácio do pai. Com a paz selada, a reunião em família ganhou espaço no site da família real e girou o mundo. O ex-rei Albert e a mulher, a ex-rainha Paola, saudaram a princesa Delphine com boas-vindas. “Depois da turbulência, do sofrimento e das injúrias, é hora do perdão, cura e reconciliação. Juntos, decidimos trilhar esse novo caminho. Isso vai exigir paciência e esforço, mas estamos determinados”, disseram, em comunicado assinado pelos três.
Dias antes do compromisso com o pai e a madrasta no Castelo Belvedère, em Laeken, nos arredores de Bruxelas, a princesa Delphine havia encontrado o irmão, o rei Philippe. De acordo com a nota oficial, a conversa marcou o início de uma “troca calorosa” entre ambos. No texto, os dois contaram que a relação “será desenvolvida em um quadro familiar”. Vale frisar que, com a decisão da justiça, Delphine passou a usar o sobrenome do pai, Saxe-Coburgo. Ela também é irmã do príncipe Laurent e da princesa Astrid.
Casos de família
Com 52 anos, a princesa tem dois filhos, Joséphine, de 17 anos, e Oscar, de 12. Ela é casada com o norte-americano de origem irlandesa James O’Hare. Profissionalmente, Delphine atua como artista especializada em esculturas de papel machê. Segundo o Daily Mail, a herdeira tentou resolver o “problema” em segredo, por anos, até recorrer à sentença de um juiz. O que a levou divulgar a história foram as repetidas negações do ex-rei. A belga afirmou pela primeira vez publicamente que Albert era seu pai biológico em 2005.
O príncipe Albert II assumiu inesperadamente o trono belga após a morte de seu irmão mais velho, em 1993. O então rei comandou a coroa até 2013, quando abdicou por motivos de saúde. Com a renúncia, ele perdeu a imunidade no país e Delphine abriu o processo judicial em seguida.
“Uma vitória no tribunal nunca substituirá o amor de um pai, mas oferece o sentimento de justiça. Delphine não quer ser uma filha em saldos, mas ter as mesmas prerrogativas, títulos e qualidades de seus irmãos”, disse o advogado da agora princesa, Marc Uyttendaele, em entrevista ao jornal La Libre Belgique.
Ao longo do julgamento, Delphine se autointitulou como uma “ovelha negra” e que sua existência era “desagradável e insuportável”. “Não é culpa [da criança]. Eles não pedem para nascer. Uma filha vinda de um caso de amor fora do casamento não deve ser tratada de forma diferente”, desabafou na coletiva após vencer a disputa de reconhecimento na justiça.
“Pedir ajuda por meio da lei foi o certo a fazer. O sistema me mostrou estar correta. Sempre tive o direito de existir, não na família real, mas como eu sou”, endossou à imprensa.
Algumas pessoas chegaram a acusá-la de buscar dinheiro e status. No entanto, ela refutou as teses ao explicar sobre o marido de sua mãe, o magnata do ramo industrial Jacques Boël, possuir uma fortuna maior que da família real belga. O empresário reconheceu Delphine como filha e mantiveram a relação assim por anos. Quando optou por comprovar o vínculo sanguíneo com Albert II, a artista contestou a ação de Boël com um teste de DNA. O exame deu negativo e ela continuou o processo para confirmar a paternidade biológica.
Pressionado, o ex-rei aceitou entregar uma amostra de saliva somente após o juiz estipular uma multa diária de mais de 4 mil libras, o equivalente a R$ 31 mil. Com o resultado positivo, Delphine ganhou o direito a uma parte da fortuna de Albert II como herança. Apesar do título de princesa, a nova herdeira não receberá dote real, no entanto, o ex-rei precisará desembolsar quase 3,4 milhões de euros para cobrir as despesas legais. Revelado pelo jornal belga De Standaard, o valor chega a R$ 23 milhões.
Traição à tona
Os rumores dos 18 anos de infidelidade de Albert II surgiram pela primeira vez 1999. A exposição do caso extraconjugal e do nascimento de uma filha ilegítima do então rei foram publicados em uma biografia não autorizada sobre a rainha. No livro Paola – Da ‘dolce vita’ até Rainha, o autor, o jornalista Mario Danneels, revelou que havia nascido uma criança do relacionamento fora do casamento. Delphine veio ao mundo em 1968. Paola chegou, ainda, a pedir o divórcio ao marido ao descobrir a traição. Os dois se reconciliaram em 1980.
Na Bélgica, o assunto que era considerado uma suposição ganhou força com o discurso de Natal do rei Albert em 1999. O monarca abordou sobre os tempos difíceis enfrentados no matrimônio com a mulher Paola nos anos 1960 e 1970. “A rainha e eu recordamos os tempos muito felizes, mas também a crise que o nosso casamento atravessou há mais de 30 anos”. Segundo os jornais, o soberano belga abdicou ao posto em 2013 por conta dos desdobramentos do escândalo.
No dia da renúncia de Albert, a mãe de Delphine concedeu sua primeira entrevista sobre o romance à TV Belga. A baronesa Sibylle de Sélys Longchamps recordou de momentos da relação distante entre pai e filha: “Foi um período lindo. Albert não foi uma figura paterna, mas era muito terno com ela”. A baronesa acreditava não poder engravidar em razão do diagnóstico de uma infecção e, por isso, “não tomou as precauções”, conforme alegou na conversa.
A Bélgica tem uma monarquia constitucional na qual o rei desempenha, principalmente, o ofício cerimonial. Quem lidera o trono atualmente é o primogênito de Albert e Paola, Philippe, pai da princesa Elisabeth Teresa Maria Helena, de 19 anos. Com futuro predestinado a comandar a dinastia, a jovem fará história no país-natal ao ser a primeira rainha, conforme publicou a coluna Claudia Meireles na reportagem Nova geração! Saiba quem são as princesas que se tornarão futuras rainhas.
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