Preta Gil: especialista explica o que é bolsa de ileostomia
A cantora Preta Gil revelou que está utilizando a bolsa de ileostomia desde que passou pela cirurgia para retirada do câncer de intestino
atualizado
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A cantora Preta Gil tem chamado a atenção do público e da mídia na última semana por sua coragem ao exibir uma bolsa de ileostomia em publicações nas suas redes sociais. “Sim, eu uso bolsa de ileostomia e não tenho vergonha de mostrar, pois essa bolsinha salvou minha vida”, publicou Preta.
A artista passou por uma cirurgia para retirada de um câncer no intestino, em agosto. Desde então, utiliza a bolsa, que fica localizada no seu abdômen, e contribui para a eliminação das fezes.
Uma ileostomia é uma cirurgia que cria uma abertura artificial no abdômen, conectando o íleo (a parte final do intestino delgado) à parede abdominal externa. Isso permite que o conteúdo intestinal seja eliminado do corpo através dessa abertura, geralmente em uma bolsa coletora.
Essa intervenção cirúrgica é necessária em casos de doenças inflamatórias intestinais, câncer de intestino ou trauma abdominal grave.
A Coluna Claudia Meireles conversou com o cirurgião coloproctologista Landwehrner Lucena, que explicou a diferença entre ileostomia e colostomia, e como funciona a utilização desse utensílio.
O especialista destaca que o uso da bolsa não é obrigatório para todos os casos de câncer de intestino.
“Nem todos os pacientes que são submetidos a cirurgias para tratamento do câncer colorretal necessitam usar ostomias, sejam de intestino delgado (ileostomia) ou de intestino grosso (colostomia), mas existem alguns casos em que esse procedimento se torna necessário”, inicia.
Ileostomia x colostomia
A bolsa de ileostomia e a colostomia são duas cirurgias que envolvem a criação de uma abertura no abdômen para permitir a eliminação de resíduos do sistema digestivo quando o funcionamento normal do intestino é prejudicado. A primeira é realizada no intestino delgado; a segunda, no grosso.
“Quando nos referimos a bolsa de ileostomia ou colostomia, estamos nos referindo ao reservatório que o paciente acopla à ostomia. Quando nos referimos à própria ostomia, seja de íleo ou de cólon, podemos dizer só ileostomia ou colostomia”, ensina o coloproctologista.
O especialista detalha que existem diversas diferenças entre os dois tipos. “As ileostomias tendem a ser menores, porém mais protrusas, tem um débito maior e de consistência mais líquida e tende a irritar mais a pele em caso de contato com esta. Já as colostomias são maiores, porém mais planas, tem débito menor e mais firme, com consistência de fezes formadas. Seu conteúdo é bem menos irritante para a pele”, ensina Lucena.
Um caso famoso de uso da bolsa de colostomia é do ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve grave perfuração no intestino grosso e fez uso da bolsa.
Preta Gil luta contra o câncer
Preta Gil descobriu o câncer no intestino em janeiro deste ano e vem travando uma batalha contra a doença. A artista passou por uma cirurgia para retirada do tumor e, hoje, está livre de células cancerígenas. Para conclusão do tratamento, ainda resta a bolsa de ileostomia.
O coloproctologista conta em quais casos o uso da bolsa será necessário. “Tumores de reto por vezes se torna necessário a realização de radioterapia pré-operatória. Isso pode trazer dificuldade na cicatrização dessa região, dificultando a junção cirúrgica do intestino ao reto após a cirurgia”, diz.
O médico completa falando da necessidade de proteger o local. “Para cuidar dessa junção intestinal chamada de anastomose, confeccionamos uma ileostomia de proteção para que não fiquem passando fezes nessa junção, facilitando sua cicatrização”, aponta.
O paciente e seus cuidadores são os responsáveis pela limpeza da bolsa. “Cuidados esses que se baseiam principalmente em realizar a limpeza do local e a troca dos reservatórios de tempos em tempos”, frisa o especialista.
Tempo de uso
O tempo de utilização da bolsa muda de caso a caso. “Em média, pode variar de 2 a 3 meses ou até que o paciente se recupere do quadro que o levou a realizar o procedimento cirúrgico inicial”, diz.
Também existem casos de ileostomias e colostomias definitivas, com pacientes com tumores de reto que acometem a musculatura esfincteriana do ânus, ou quando existe a necessidade de realizar cirurgia com retirada de todo o aparato esfincteriano, também chamado de amputação abdomino-perineal.
“Nesses casos, como não haverá mais o ânus, não é possível a reconexão do intestino”, justifica o coloproctologista.
Colonoscopia preventiva
O rastreamento preventivo para o câncer colorretal deve ser iniciado na população geral a partir dos 45 anos por meio de exame de colonoscopia. Esse exame consiste na avaliação visual direta do intestino grosso e porção final do intestino delgado por meio de uma microcâmera.
Na colonoscopia, identifica-se e retira-se pólipos intestinais, pequenos caroços que podem se tornar câncer após anos de evolução. “Existem alguns casos específicos nos quais o exame deve ser realizado com maior brevidade: em pacientes com histórico familiar de parente de primeiro grau com câncer colorretal com menos de 50 anos. Nesses casos, todos os familiares de primeiro grau devem realizar seu exame 10 anos antes da idade do caso do parente”, ensina o especialista.
O câncer colorretal é o segundo câncer mais comum na população. Existem vários fatores de risco, tais como tabagismo, sedentarismo, obesidade, diabetes mellitus, alcoolismo, ingestão excessiva de carne vermelha e alimentos embutidos.
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