Por que semaglutida dá enjoo? Saiba como reduzir os efeitos colaterais
Médicos dão dicas de como evitar os efeitos colaterais mais comuns de medicamentos como Wegovy, Ozempic ou Rybelsus
atualizado
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Conhecida principalmente pelos nomes comerciais Wegovy, Rybelsus e Ozempic, a semaglutida é um medicamento que age, predominantemente, em mecanismos regulatórios de fome e saciedade a nível gastrointestinal. O intuito é promover a moderação do apetite e, consequentemente, diminuir a ingestão calórica alimentar.
De acordo com o nutrólogo Alberto Ribeiro, da Human Clinic, o componente atua de forma semelhante ao GLP-1, hormônio produzido no intestino. “Ele funciona, de modo simplório, no âmbito de auxílio no emagrecimento, da seguinte maneira: toda vez que o indivíduo se alimenta, esse hormônio sinaliza para o cérebro que é hora de reduzir a fome e retardar o esvaziamento do estômago”, explica o médico.
Para Paula Pires, endocrinologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e autora do livro A Dieta das Canetas, a semaglutida é uma “ótima medicação para tratar os mais comuns problemas metabólicos da população”. Ela conta que a substância tem sido muito usada pelos médicos para tratamentos de sobrepeso, obesidade e diabetes tipo 2. “E, na dose de 2,4 mg, reduz em 20% o risco cardiovascular”, acrescenta.
Segundo a profissional, o medicamento pode fazer com que os pacientes percam mais de 15% do peso corporal.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais decorrentes da semaglutida incluem náuseas, vômitos, constipação ou diarreia, dor abdominal, fadiga, dor de cabeça, colelitíase (cálculos biliares), hipoglicemia (especialmente em diabéticos), reações no local da injeção e, em casos raros, pancreatite. Quem afirma isso é a endocrinologista e metabologista pela SBEM Thais Mussi.
Quanto aos sintomas gastrointestinais, a médica pontua, primeiramente, que a substância retarda significativamente o esvaziamento gástrico, fazendo com que os alimentos permaneçam mais tempo no estômago. Há, também, uma alteração na motilidade intestinal.
Thais comenta, ainda, que o cérebro recebe sinais mais intensos de saciedade, o que pode provocar náusea como resposta fisiológica. “Por fim, a redução abrupta na ingestão calórica também pode contribuir para esses sintomas”, diz.
Como prosseguir?
A melhor forma de evitar enjoos resultantes do uso de semaglutida, conforme alega Alberto Ribeiro, é esquivar-se de refeições com muito volume alimentar. No entanto, para tratar esses sintomas, os especialistas costumam recomendar antieméticos (fármacos usados para tratar e/ou prevenir náuseas e vômitos).
Paula Pires sugere, também, que as refeições contenham carboidratos integrais, gorduras saudáveis e proteínas, para ajudar no objetivo de perda de peso e garantir, ao mesmo tempo, que o corpo receba todos os nutrientes necessários. “Essa medicações levam a efeitos colaterais desagradáveis, como náuseas e vômitos, caso você coma muita gordura”, alerta.
“Por isso, o mais recomendado é que você tente fazer uma dieta mais do estilo Mediterrâneo, com fibras, proteínas magras e gorduras boas e não o low carb clássico, com muita gordura, para assim evitar intolerância gástrica, arrotos e gazes em excesso”, detalha a endocrinologista.
Iniciar o tratamento com doses baixas, aumentando gradualmente; fazer refeições menores e mais frequentes; e manter-se bem hidratado são dicas compartilhadas por Thais Mussi.
Por quanto tempo os sintomas permanecem?
A boa notícia para quem iniciou o uso de semaglutida é que os sintomas são mais comuns nas primeiras semanas de tratamento e tendem a diminuir com o tempo. “A maioria dos pacientes reporta melhora significativa após quatro a oito semanas”, informa Thais.
“Os efeitos colaterais dependem da sensibilidade de cada indivíduo em relação ao princípio ativo (semaglutida)”, esclarece o nutrólogo Alberto Ribeiro.
Vale ressaltar que o uso da semaglutida deve ser sempre supervisionado por um profissional de saúde, que poderá fazer os ajustes necessários no tratamento de acordo com a resposta individual de cada paciente. “O medicamento não é indicado para todas as pessoas e tem contraindicações específicas que precisam ser avaliadas”, encerra a endocrinologista Thais Mussi.
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