Por escândalo sexual, americanos querem extradição do príncipe Andrew
O objetivo é extrair fatos importantes das visitas do duque de York às propriedades de Jeffrey Epstein em Nova York, Ilhas Virgens e Londres
atualizado
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Com a prisão e audiência de Ghislaine Maxwell, o cerco está cada vez mais fechado em torno do príncipe Andrew, “filho favorito” da rainha Elizabeth, segundo a mídia britânica. A presença do duque de York já foi requisitada pelos promotores federais norte-americanos por meio do British Home Office, departamento de governo britânico. Com o pedido, o pai das princesas Eugenie e Beatrice deveria prestar depoimento no caso.
A solicitação da Justiça de Nova York ocorreu no início de junho e, até agora, o príncipe Andrew não demonstrou interesse em cooperar com informações sobre Jeffrey Epstein, financista milionário condenado por ter traficado e abusado sexualmente de menores de idade. Vendo a falta de interesse do duque de York com o caso, os norte-americanos acreditam que ele deva ser obrigado a conversar com os investigadores.
Nessa segunda-feira (13/7), o jornal britânico The Times revelou que mais da metade dos norte-americanos concordam a extradição do filho da rainha Elizabeth para responder a perguntas a respeito de sua amizade com Epstein. Eles foram apresentados pela socialite britânica Ghislaine Maxwell, ex-namorada do magnata e responsável por aliciar adolescentes, sendo algumas de 14 anos.
Especializada em pesquisas de opinião, a Redfield e Wilton Strategies perguntou a um grupo de pessoas se o príncipe Andrew deveria ser extraditado aos Estados Unidos para testemunhar em um tribunal sobre o relacionamento com Jeffrey Epstein. Dos participantes, 53% concordaram, 22% não concordaram nem discordaram, 17% disseram não saber e 8% discordaram.
Do outro lado do Oceano Atlântico, os representantes do príncipe Andrew afirmam que ele chegou a procurar o Departamento de Justiça dos EUA em várias ocasiões. De acordo com os advogados do duque de York, as alegações sobre o filho da rainha Elizabeth se recusar a colaborar são falsas. Ele não terá de somente esclarecer a amizade com Epstein, mas também a denúncia de Virginia Giuffre.
Vítima do esquema do pedófilo poderoso, Virginia acusa o príncipe Andrew de abuso sexual. À época, a jovem tinha 17 anos. Embora a personalidade da realeza negue, ela usa como prova uma fotografia em que aparece abraçada pelo duque de York e ao lado de Ghislaine Maxweel. Quando o escândalo ganhou as manchetes da mídia mundial, o filho da rainha Elizabeth se afastou das funções reais, em novembro.
Ghislaine nega
O julgamento de Ghislaine Maxwell está marcado para 12 de julho de 2021 e deverá durar três semanas. Segundo o The Times, novas vítimas forneceram provas detalhadas e confiáveis de como funcionava o esquema de pirâmide sexual comandado por Jeffrey Epstein e a ex-namorada. Os promotores esperam que mais mulheres se manifestem. Nessa terça-feira (14/7), a juíza Alison Nathan negou fiança a Ghislaine, principalmente pelo risco de fuga.
Durante a prisão dela, os policiais encontraram três passaportes. Outro ponto levado em conta pela acusação é a fortuna e os contatos internacionais da socialite. Nos últimos anos, ela teve acesso a mais de US$ 20 milhões, o equivalente a R$ 106 milhões. A ex-associada de Epstein refuta “vigorosamente as acusações, pretende combatê-las e tem direito à presunção de inocência”, segundo afirmaram os advogados de defesa.
A jornalista Julie K. Brown tem acompanhado as audiências. Em um tuíte, ela escreveu que a socialite propôs passar a prisão preventiva em um hotel de luxo em Manhattan.
Filha do magnata da comunicação Robert Maxwell, Ghislaine estava foragida desde a prisão de Jeffrey Epstein, em julho do ano passado. Como esconderijo, Ghislaine buscou uma casa na montanha em Bradford, no estado norte-americano de New Hampshire. Atualmente, ela passa a detenção no Metropolitan Detention Center, no Brooklyn. Com receio de que ela cometa suicídio (como fez o ex-namorado), a Justiça a obrigou a dormir com roupas de papel na cela.
Responsável por recrutar as vítimas, Ghislaine tem participado das audiências por meio de videochamadas em razão da pandemia. No tribunal, ela enfrentará quatro acusações de colaboração com o tráfico de menores de idade para atividade sexual e dois por perjúrio (falso juramento). Se condenada, poderá passar até 35 anos na cadeia.
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