Piselli Brasília: Juscelino Pereira conta sua trajetória de sucesso
O empresário Juscelino Pereira compartilhou detalhes da trajetória profissional, inclusive um episódio que o fez mudar o rumo da vida
atualizado
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Criativo, empreendedor nato, bem-sucedido e apaixonado pelo o que faz são particularidades que não faltam ao restaurateur Juscelino Pereira. Dono de um carisma ímpar, o empresário abriu nesta semana mais uma unidade da casa gastronômica que fundou, o Piselli. Se antes os brasilienses precisavam aterrissar em São Paulo para saborear os pratos, agora, têm um espaço na capital federal para fazer os pedidos e degustar delícias de um menu que traz o melhor da Toscana, famosa região italiana.
Convidada para a inauguração da casa gastronômica, a coluna Claudia Meireles fez questão de entrevistar o empresário. No bate-papo descontraído em meio à atmosfera de abertura do Piselli Brasília, ele compartilhou detalhes da trajetória profissional, inclusive um episódio que o fez mudar o rumo da vida. Coincidências sempre envolveram o restaurateur, por exemplo, ser batizado de Juscelino em homenagem a JK, responsável pela construção de Brasília. Confira como foi a conversa!
Como tudo começou
“A história é um pouco longa”, diz Juscelino ao iniciar a entrevista. Nascido em Joanópolis, cidade do interior paulista, o empresário foi o escolhido pelo avô para trazer o nome de JK. “Sou privilegiado. Tive uma infância incrível”, atesta. Por morar pertinho do patriarca da família, cresceu ouvindo histórias de negócios, de Brasília e do fundador da capital federal. O empresário guarda lembranças de quando era criança com carinho. Garoto esperto, ele ajudava o pai, que comandava um pequeno armazém. “Vendia de tudo um pouco”, recorda.
Juscelino acompanhava o pai nas funções na pecuária e na agricultura. Aos 15 anos, o adolescente criou uma horta a fim de vender os itens coletados para ter o próprio dinheiro. Avaliando o passado, ele destaca que a paixão pelo mundo do empreendedorismo “está no sangue familiar”. Os 17 anos chegaram e o jovem ficou entre o dilema de continuar na fazenda ou ir embora trabalhar na cidade grande. Enquanto não se decidia, resolveu plantar algo que não tinha na região. Determinado dia, ervilhas vieram à sua mente.
Assustado com a ideia, o jovem falou com o pai sobre plantar o grão. Com o incentivo do familiar para se arriscar, Juscelino preparou a terra, plantou, cuidou e, em seguida, as ervilhas cresceram. Próximo da colheita, ele fez uma pré-venda de mais de 400 quilos. Entretanto, ele não contava com um imprevisto. “Estava feliz da vida. Parentes e amigos me ajudaram a colher. Meu tio encheu o caminhão dele com as ervilhas. Fomos entregar ao comprador, que ao analisá-las contou que estavam todas estragadas”, lembra.
Guinada
De acordo com o comprador, Juscelino deveria ter colhido as ervilhas um mês antes. “Deixei o grão ficar grande e já estava passado”, rememora. Por não saber, ele perdeu toda a plantação do legume. Com o episódio, o empresário ficou frustrado e chorou bastante. Coincidentemente, um empreendedor, que tinha uma casa de campo em Joanópolis, havia chamado o jovem para trabalhar em um restaurante simples em São Paulo. O convite surgiu em várias ocasiões e, por vezes, a resposta foi “não”.
Diante da decepção com o plantio, o futuro fundador do Piselli aceitou o chamado: “Larguei toda a minha vida e família. Eu tinha 17 anos. Comecei atendendo balcão. Em seguida, passei a fazer sanduíches e, depois, servi almoços. Fui aprendendo e a gostar muito de servir”. Segundo Juscelino, conforme agradava a clientela, mais sentia-se feliz e mais ganhava. Surpresos com a dedicação do jovem, clientes o aconselhavam e orientavam sobre ir trabalhar em restaurantes de luxo nos Jardins, bairro paulista.
De tanto ouvir a respeito do bairro da Zona Sul de SP, Juscelino resolveu fazer um passeio pelas redondezas: “Um dia fui conhecer. Desci na Avenida Paulista e rodei tudo”. Na ocasião, estipulou como meta trabalhar em uma das casas gastronômicas da região. Passaram alguns anos, ele saiu do primeiro emprego e rodou por outros ambientes a fim de aprender e crescer profissionalmente. “Foi como uma escadinha”, considera. O jovem passou por vários restaurantes da alta gastronomia até entrar para o time do Fasano, em 1992.
Volta por cima
“Consegui entrar no Fasano por meio do vinho. Fiz cursos e minha carreira começou a despontar”, destaca o empresário. Em 1994, houve a inauguração do restaurante Gero e Juscelino foi promovido a maître e sommelier. A partir de então, ele viajou para a Itália e conheceu vinícolas e casas gastronômicas: “Cresci ainda mais profissionalmente”. O fundador do Piselli se define como uma pessoa que sempre correu atrás dos objetivos. “Nunca fiquei esperando”, enfatiza.
Em busca de aumentar a bagagem de conhecimento, Juscelino costumava ler, pesquisar e “fuçar” assuntos relacionados à alta gastronomia. Nas viagens, ele anotava com afinco detalhes dos restaurantes por onde passou, além de comprar vários livros. Em determinados locais, montou até cardápios com os chefs. “Viajava pelas vinícolas e importadoras de vinhos. Quando chegava em países como França, Itália e Portugal, não sabiam o que fazer comigo por ser um representante deles no Brasil”, garante.
Os produtores de vinho levavam Juscelino às principais casas para saborear pratos típicos do lugar. Dentre os destinos visitados, o mais marcante foi Piemonte, considerada a região mais tranquila da Itália e onde há grandes produtores de vinho. Na primeira vez que viajou ao país europeu, o brasileiro encontrou Angelo Gaja, intitulado como o “enólogo dos enólogos”. Atualmente, o empresário coleciona amigos pelo local, como Maurilio Garola, proprietário do famoso restaurante La Ciau Del Tornavento, localizado na cidade de Treiso.
Etapa
Ao integrar o esquadrão de profissionais do Gero, Juscelino criou uma “carteira” de clientes. Aos 30 anos, gerenciava um dos melhores restaurantes de SP, ganhava bem e sentia-se satisfeito profissionalmente. Contudo, ele lembrou de um conselho dado pelo avô de “estar aprumado aos 35”. No caso, o familiar orientava os netos a terem o próprio negócio e se estabilizarem financeiramente. À época, o futuro empresário esboçou um projeto, mas se viu diante de mais um dilema e confusão mental: “Vou ou não vou?”.
Com a proximidade dos 35 anos, Juscelino fez o projeto do próprio negócio em um caderno. Procurou um lugar pequeno onde abriria uma trattoria italiana e, de repente, encontrou um espaço na Rua Padre João Manuel, em SP. Ambiente, check, porém a empreitada não tinha um nome. Aluno de uma turma de italiano voltada para a gastronomia, ele ouviu do professor a palavra piselli e perguntou ao colega de classe a tradução. “Ervilha”, respondeu. Na hora, Juscelino recordou do episódio da plantação do grão.
“As ervilhas me fizeram vir para São Paulo e, por isso, conheci a Itália. Vou chamar de piselli o nome do meu projeto. Saí da aula decidido a homenagear a horta de ervilhas que não deu certo”, rememora. Mais uma coincidência da vida de Juscelino foi inaugurar o primeiro restaurante no dia do aniversário de 35 anos, em 31 de julho de 2004. A obra do local estava prevista para ser finalizada em setembro. Na abertura do espaço, a clientela do Fasano compareceu ao evento de lançamento e surpreendeu o empresário.
De acordo com o restaurateur, o Piselli é um grande sucesso desde a data de inauguração. Um dos clientes assíduos da casa é Carlos Jereissati. O empresário convidou Juscelino para abrir outra unidade do empreendimento no Iguatemi São Paulo. “Gelei por ser muita responsabilidade e uma honra”, confessa. Em 2015, lançou o Piselli Sud, ambiente que privilegia a gastronomia do sul da Itália, como Sicília, Sardenha e Puglia.
Brasília
A pandemia atrapalhou alguns planos de Juscelino. “Quando começou, todo mundo ficou meio desnorteado”, alega. Por conta da situação, o empresário acionou os serviços de delivery e de take away nos Piselli. Em meio à turbulência do momento, um diretor do Iguatemi foi enviado pela família Jereissati para conversar com o restaurateur sobre inaugurar uma unidade na capital federal. “A bênção vem e eu aceito. Fiquei comovido e falei: ‘Olha, período complicadíssimo’. Sugeri de firmarmos uma parceria para um ajudar o outro”.
Uma colaboração foi costurada e os detalhes se encaixaram, explica o empresário: “Me sinto feliz de começar mais esse projeto”. O cardápio da unidade brasiliense traz um toque toscano, assinado pelos chefs Rafael Silva e Adenilton dos Santos, ambos de SP. No quesito arquitetura, Juscelino sonhou com um ambiente descontraído e com a proposta democrática. “Aquela atmosfera onde o bar vem para a frente e a fachada fica semiaberta. “Assim, criamos um desejo de que os clientes entrem e venham nos visitar”.
No Piselli Brasília, há cantinhos reservados e uma sala exclusiva, batizada de JK. Na área externa, fica o terraço. O restaurante traz a assinatura da arquiteta Renata Domingues, do escritório Latão Arte. Os frames e placas douradas colocados no espaço são do artista plástico Doni Design, pai da profissional responsável pelo projeto. Na gerência de operações, está Joyce Oliveira, enquanto Wagner Kurt ocupa a direção da unidade.
Além dos colaboradores, Renata Russo Pereira é o braço direito do empresário. Mulher de Juscelino, atua em várias áreas do Piselli, desde o marketing à decoração. Eles trocaram as alianças em 2014 em uma cerimônia surpresa, elaborada pelo noivo. Agora, o casal sente-se em casa quando na capital federal. Chamou atenção o Parque Olhos D’Água, na 414 Norte. Com a inauguração da unidade em Brasília, o restaurateur pretende desembarcar na cidade duas vezes ao mês. “O Piselli sempre foi desejado por aqui”, finaliza.
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