PhD Rafael Ximenes lista 7 fatores para evitar graves lesões no fígado
“A alimentação inadequada e o excesso de bebidas alcoólicas, mesmo por um curto período, causam depósito de gordura no fígado”, revela o PhD
atualizado
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Embora o feriadão de Carnaval tenha terminado na terça-feira (21/2), há quem prolongue a folia até este domingo (26/2). Após se divertir ao máximo nos bloquinhos, camarotes e em shows badalados, certamente o seu corpo sofrerá não apenas com o cansaço de dias de curtição, mas também com a má alimentação e o alto consumo de bebidas alcoólicas. Entre tantos órgãos que compõem o organismo, um dos mais afetados pelos exageros é o fígado.
A ingestão em maior quantidade de bebidas alcoólicas e de alimentos menos saudáveis, ricos em carboidratos e gorduras saturadas, sobrecarrega o funcionamento do fígado. Depois da temporada carnavalesca, é comum recorrer a medidas drásticas para “dar uma folga” ao órgão, responsável pela eliminação de substâncias tóxicas e pela produção da bile, essencial para a digestão de gorduras.
Atenção!
A Coluna Claudia Meireles foi atrás de soluções para fazer esse “detox” no órgão com o PhD Rafael Ximenes. Atendendo no Instituto Goiano de Medicina (IGM), no Órion Complex e no Hospital Israelita Albert Einstein — Unidade Goiânia, o médico estudou as complicações decorrentes da cirrose hepática. O especialista é membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
A quem acha que pequenas quantidades de alimentos açucarados ou gordurosos e algumas doses de cerveja, uísque ou vodca não prejudicam o organismo, Rafael garante ser um grande equívoco: “A alimentação inadequada e, principalmente o excesso de bebidas alcoólicas, mesmo por um curto período, causam depósito de gordura no fígado, a famosa esteatose”.
Segundo o expert, os excessos do período — ou em qualquer outra temporada — podem resultar na inflamação do fígado e atrapalhar o funcionamento. “Pessoas com o hábito de ingerir bebidas alcoólicas há muito tempo e que aumentam o consumo no período do carnaval correm maior risco de complicações graves”, elucida Rafael, membro titular da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).
Ao contrário de outras regiões do corpo, o fígado só dá sinais de que não opera de maneira correta em fases tardias e quando o tratamento é mais difícil. O médico lista os sintomas do mau funcionamento do órgão: fraqueza, indisposição, enjoo e desconforto abdominal. Em determinados quadros, o paciente pode apresentar condições mais preocupantes.
“Também podem ser observados sintomas mais específicos do fígado, a exemplo da icterícia (olho e pele amareladas); acúmulo de água na barriga (a chamada ascite); vômitos com sangue ou perda de sangue nas fezes; e alterações neurológicas, como sonolência excessiva e confusão mental (encefalopatia hepática)”, enumera Rafael Ximenes.
O PhD recomenda aos pacientes com fatores de risco para doenças hepáticas procurarem um especialista: “Faça um check-up antes de os sintomas aparecerem”.
E quanto tempo leva?
Você sabe quanto tempo o fígado demora para desintoxicar-se do consumo elevado de bebidas alcoólicas no Carnaval? De acordo com o médico, em indivíduos que não ingerem as substâncias com regularidade, após um período de exagero, o órgão se recupera no prazo de dias a poucas semanas. O mesmo não ocorre com os apreciadores de “álcool”.
“Em pessoas que consomem bebidas alcoólicas por mais tempo e já apresentam cicatrizes no fígado (chamadas de fibrose) ou uma inflamação mais grave no órgão (conhecida como hepatite alcoólica), a recuperação pode levar meses a anos”, assegura Rafael. Ele completa: “É importante ressaltar que, nestes últimos casos, nem sempre há recuperação e pode ser necessário o transplante hepático para os casos mais graves”.
Sete fatores
O fígado é um órgão com grande capacidade de desintoxicação. Rafael Ximenes garante que não existem remédios ou hábitos capazes de acelerar a limpeza do fígado de forma geral. Para o profissional, vale mais evitar fatores que continuem a causar lesão no órgão. Confira as sugestões do médico que exerceu um mandato eletivo de três anos na American Association for the Study of Liver Disease (AASLD).
1. Interromper ou reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas, conforme orienta o expert: “Máximo de sete doses por semana. Uma dose seria uma lata de cerveja, 125 ml de vinho ou 40 ml de destilados”.
2. Reduzir a ingestão de açúcares. Rafael instrui tirar a frutose proveniente de alimentos industrializados adoçados artificialmente e carboidratos.
3. Diminuir a ingestão de gorduras saturadas. “Aquela de origem animal presente nas carnes vermelhas e também em frituras, por exemplo”, propõe o renomado médico.
4. Fazer atividade física regularmente. Mexe-se por, pelo menos, 150 minutos por semana, ou seja, duas horas e meia, segundo sustenta o especialista.
5. Evitar uso de remédios sem prescrição médica. “Alguns medicamentos podem causar lesão no fígado, como os anti-inflamatórios”, sugere o PhD.
6. Beber café. De acordo com Rafael, existem estudos que associam a bebida com menor risco de lesão do fígado.
7. “Não acreditar em remédios que ‘protegem o fígado’, por não existirem. Desconsidere quaisquer dietas milagrosas ou a chamada ‘limpeza hepática’, que comprovadamente não funciona”, destaca o gastroenterologista.
Para finalizar, Rafael atesta que não há alimentos com o potencial de ajudar a “desintoxicar” o órgão, responsável pela eliminação de substâncias tóxicas do organismo. “De toda forma, uma alimentação saudável favorece a saúde como um todo, incluindo o fígado”, reforça. Ele receita aumentar a ingestão de frutas e verduras, carne branca (em especial, peixe e frango sem a pele devido a maior concentração de gordura), castanhas, azeite e, também, do café.
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