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Para cientista americano, consumir mais sal pode ajudar a perder peso

Com PhD em farmacologia, James DiNicolantonio é autor do livro The Salt Fix, obra na qual ele contesta a reputação negativa do mineral

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James DiNicolantonio
1 de 1 James DiNicolantonio - Foto: Reprodução/Twitter

Certamente, você já foi orientado a deixar o frasquinho de sal distante de sua mesa de jantar. Essa recomendação costuma ser dada pelo bem de nossos corações e de nossa pressão arterial, além de auxiliar também na prevenção de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de retenção de líquidos.

Entretanto, há quem defenda que essa restrição deve ser trocada pela moderação. Quem assina essa tese é o PhD em farmacologia James DiNicolantonio. Para ele, o sal faz muito pela nossa saúde, e não só torna a comida mais saborosa.

O sal é um mineral formado principalmente por cloreto de sódio, um composto químico pertencente à classe maior de sais. O sódio, portanto, é um mineral essencial, ou seja, que deve integrar a nossa dieta, pois o nosso corpo não consegue sintetizá-lo. De acordo com DiNicolantonio, o elemento tem muitas funções vitais, como balanço eletrolítico e do volume do fluido extracelular; pressão sanguínea; potencial de membrana; transmissão nervosa; contração muscular; função cardíaca e renal; e absorção e transporte de nutrientes.

sal
Sal
Autor de livros

DiNicolantonio é um cientista e pesquisador cardiovascular nova-iorquino. Também é doutor em farmácia pelo Saint Luke’s Mid-America Heart Institute em Kansas City, no Missouri (Estados Unidos). Respeitado e conhecido internacionalmente e especialista em saúde e nutrição, ele contribuiu para políticas de saúde e literatura médica.

O profissional atua como editor associado do British Medical Journal Open Heart, jornal publicado em parceria com a British Cardiovascular Society. Ele também faz parte do conselho consultivo editorial de várias outras revistas médicas, incluindo Progress in Cardiovascular Diseases e International Journal of Clinical Pharmacology and Toxicology (IJCPT).

James DiNicolantonio é autor do livro The Salt Fix (que podemos traduzir, em português, como A Dose de Sal), obra na qual ele explica como o cristal obteve reputação negativa e de que maneira pode ajudar a reduzir a pressão arterial e o peso. De acordo com a descrição da leitura, o cientista revisou mais de 500 publicações, para desvendar o impacto do sal na saúde e para chegar à conclusão de que a maioria das pessoas não precisa se preocupar com a ingestão do mineral.

James DiNicolantonio segurando seu livro The Salt Fix
James DiNicolantonio e o livro The Salt Fix

Segundo o The Salt Fix, a carência de sal aumenta o desejo de açúcar e carboidratos refinados; leva ao ganho de peso; intensifica a resistência à insulina e diabetes tipo 2, doença cardiovascular e doença renal crônica; além de aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Entretanto, comer a quantidade do ingrediente que o corpo requer pode melhorar a qualidade de sono, a energia e a concentração mental, assim como o condicionamento físico, a fertilidade e o desempenho sexual. “Pode até prevenir doenças crônicas comuns, incluindo as cardíacas”, informa, no livro.

James DiNicolantonio também é autor de outras obras literárias, como The Immunity Fix, The Longevity Solution e Superfuel.

A quantidade ideal

Você deve estar se perguntando: “O que acontece se não ingerirmos a quantidade de sódio que precisamos?”. James DiNicolantonio responde: “Quando ficamos sem sal, o cérebro parece reagir sensibilizando o sistema de recompensa — e não apenas o sistema de recompensa por esse ingrediente, mas o mesmo sistema de recompensa que nos leva a outras atividades prazerosas. O objetivo dessa sensibilização é que, quando comemos essa matéria-prima em específico, ela induz uma recompensa maior do que o normal, levando a um aumento na ingestão do composto”, expôs o autor, em um artigo no site MBG Health.

“Este apetite orgânico pelo ingrediente e a resposta primitiva ‘reptiliana’ no cérebro têm mais de 100 milhões de anos e foram herdados de nossos ancestrais. Seu objetivo é nos manter vivos, prevenindo ou corrigindo rapidamente um déficit da substância (ou grande deficiência, também conhecida como hiponatremia) no corpo. Em outras palavras, o cérebro controla nossa dose de sal”, apresentou DiNicolantonio.

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“O cérebro controla nossa dose de sal”, diz DiNicolantonio
Combate à obesidade

De acordo com o cientista, o sistema intrínseco de recompensa citado acima pode estar, inadvertidamente, contribuindo para o ganho de peso e até para a obesidade. “Consumir uma dieta com baixo teor de sal aumenta o risco de depleção da substância e, portanto, de um sistema de recompensa hiperativo no cérebro. Durante os tempos antigos, não estávamos cercados por alimentos hiperpalatáveis ​​para satisfazer essa recompensa. Em nosso ambiente alimentar atual, no entanto, esse sistema sensibilizado agora pode ser ‘sequestrado’’’, explica.

Para ilustrar a tese, o PhD em farmacologia fala de um pedaço de bolo ou uma barra de chocolate – que pode fornecer uma recompensa aprimorada e, consequentemente, levar a um maior consumo de doces. “Em outras palavras, as dietas com baixo teor de sal podem causar ‘danos colaterais’ por meio do desejo hedônico e da ingestão de alimentos doces e açucarados, que são caloricamente densos e contribuem para o ganho de peso e outras disfunções metabólicas”, destaca.

“Adicionar mais sal à dieta pode ser uma solução para uma perda de peso saudável.”

James DiNicolantonio
O verdadeiro vilão

A culpa que o ingrediente branco vem levando durante todo esse tempo, na opinião de DiNicolantonio, deve ser passada para o açúcar. “Isso pode explicar por que as culturas com maior ingestão de sal, mas menor ingestão de açúcar, como a japonesa, têm taxas de obesidade significativamente menores do que as dos Estados Unidos”, argumenta.

Açúcar
Açúcar

O especialista acredita que o conselho de baixo teor de sal pode ser uma razão pela qual aproximadamente 75% de todos os alimentos embalados nos Estados Unidos contém açúcares adicionados. “E, embora o sal tenha uma má reputação quando se trata do coração, descobriu-se que os açúcares estão fortemente associados ao aumento do risco de hipertensão e doenças cardiometabólicas”, acrescenta.

Outro impacto que o sódio causa no organismo é na insulina, hormônio que armazena gordura. “Como a insulina também ajuda o corpo a reter mais sal, as dietas com pouco sal podem aumentar os níveis de insulina, aumentando potencialmente a quantidade de gordura que você armazena com cada caloria que você consome. As dietas com baixo teor de sal também promovem a resistência à insulina, uma das principais responsáveis ​​pela disfunção metabólica, estabelecendo a trajetória para o diabetes tipo 2”, esclarece.

“Consumir uma dieta normal de sal, cerca de uma colher e meia de chá de sal por dia, pode ajudar a manter os níveis normais de insulina”, recomenda, embora a National Academy of Medicine tenha estabelecido a necessidade diária de sódio em 1,5 mg por dia, para adultos.

“Consuma menos do outro cristal branco, o açúcar. O segredo da saúde é simples: coma comida de verdade e sal a gosto.”

James DiNicolantonio

O autor reconhece, porém, que a alta ingestão de sódio superior às necessidades de uma pessoa deve ser monitorada por um médico de confiança.

dedos pitada de sal
Para o cientista, ingerir cerca de uma colher e meia de chá de sal por dia pode ajudar a manter os níveis normais de insulina
Alvo de críticas

O livro de DiNicolantonio causou alvoroço logo após sua publicação. Isso porque especialistas afirmam que ele infringe evidências claras para a ciência, e pode fazer com que muitas pessoas corram sérios riscos de saúde, como o de sofrerem ataques cardíacos. De acordo com o The Guardian, Louis Levy, chefe de ciência da nutrição da Public Health England, manifestou-se: “Ao defender uma dieta rica em sal, este livro está pondo em risco a saúde de muitos e mina as evidências internacionalmente reconhecidas de que mostram que uma dieta rica em sal está ligada à hipertensão”.

“Nosso trabalho com a indústria de alimentos, para diminuir o sal nos produtos, já reduziu o consumo no Reino Unido em 11% e é visto como o modelo a se copiar globalmente”, assegurou o especialista.

Outros ativistas também alegam que as afirmações de DiNicolantonio são baseadas em estudos ultrapassados, visto que pesquisas recentes apontam que comer apenas duas colheres de chá de sal por dia já é suficiente para causar danos ao coração.

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