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O que você precisa saber sobre os benefícios do canabidiol no skincare

A venda de cosméticos à base dessa substância no Brasil ainda não é regulamentada. Descubra se a alternativa do CBD, o CBA, também é eficaz

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Cosméticos Maconha Canabidiol Skincare Pele
1 de 1 Cosméticos Maconha Canabidiol Skincare Pele - Foto: Getty Images

O canabidiol (CBD) é uma substância extraída da planta Cannabis. Seu uso vem se consolidando a cada dia ao redor mundo, principalmente na medicina. Na indústria da beleza, por exemplo, o caminho é o mesmo. Só em 2019, lançamentos atrelados ao canabidiol movimentaram 580 milhões de dólares, e estima-se que esse número chegue a 1,7 bilhão de dólares até 2025.

A loja de departamentos de luxo Barneys abriu uma unidade em Beverly Hills (Califórnia, EUA) destinada ao estilo de vida da maconha, a High End. Já a brasileira Avon, em 2020, anunciou sua primeira linha de cosméticos à base de canabidiol, a Green Goddess. No entanto, a venda de cosméticos à base dessa substância no Brasil ainda não é regulamentada. No exterior, a linha completa pode ser adquirida por cerca de 16 euros.

De acordo com o dermatologista André Moreira, há estudos que mostram que o uso do canabidiol ativa o sistema endocanabinóide do indivíduo, resultando na melhora da qualidade da pele e até de doenças relacionadas à inflamação, como a dermatite atópica, responsável por causar lesões e coceira na cútis. “O canabidiol tem essa atividade anti-inflamatória na pele, o que é muito importante”, destaca o médico.

Rosto de mulher jovem
O canabidiol tem poder anti-inflamatório na pele

André explica que o óleo derivado da maconha possui THC e CBD. “O THC é o que dá a ‘vibe’, a alucinação. Já o CBD, é a parte medicamentosa, que não gera ‘vibe’ nenhuma”, esclarece o profissional.

“O óleo puro tem diferentes concentrações de THC e CBD, além de todas outras substâncias que podem estar presentes na cannabis. As ações dependem muito do que há naquele óleo e da concentração dessas substâncias”, diz o médico.

Segundo o especialista, existem cosméticos com diferentes concentrações de CBD pelo mundo. Para ele, o foco da dermatologia está em seus efeitos anti-inflamatórios e de antienvelhecimento. “Há estudos tanto in vitro (feitos nos laboratórios) quanto in vivo (realizado em pessoas) mostrando os benefícios dos derivados da cannabis”, conclui.

Maconha Canabidiol
Existem cosméticos com diferentes concentrações de CBD pelo mundo

Proibição no Brasil

Todavia, a realidade não está tão próxima dos brasileiros, uma vez que o óleo de CBD ainda não tem autorização para uso dermatológico por aqui. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os extratos vegetais têm composição complexa, com isso, a regulamentação passa a ser mais rígida.

Atualmente, o Brasil dispõe de 11 produtos medicinais (cinco à base de extratos de Cannabis sativa — maconha — e seis à base de canabidiol) aprovados pela agência reguladora, segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019. Na última terça-feira (18/1), o EXTRATO DE CANNABIS SATIVA EASE LABS 79,14 MG/ML, da marca Ease Labs, foi o último aprovado para a lista. Esses produtos só podem ser comercializados perante receita médica de controle especial.

Cannabis maconha
O óleo de CBD ainda não tem autorização para uso dermatológico no Brasil

“Existe uma comunidade de profissionais da saúde no Brasil que estuda muito os benefícios da maconha. Há, inclusive, até curso para prescrição de derivados da Cannabis. Esse é um tema que está crescendo, embora não seja liberado, ainda, na cosmética e na dermatologia. Mas, com discussões e a evolução do conhecimento, isso, em algum momento, vai ser uma realidade”

André Moreira, dermatologista

Uma alternativa ao CBD, o CBA também é eficaz?

Nos últimos anos, a indústria brasileira de cosméticos lançou o Cannabinoid Active System (CBA), um ativo 100% natural composto por uma mistura de óleos amazônicos que sugere ser “uma alternativa ao canabidiol nos cosméticos”. De acordo com a Beraca, empresa que desenvolveu o ingrediente, o CBA possui “um gatilho de atuação semelhante ao CBD, porém, sem conter cânhamo (Cannabis sativa)”.

“O Cannabinoid Active System possui elevada concentração de β-cariofileno, humuleno e ácido linoleico, que também estão presentes no óleo de CBD (extraído da maconha) e são responsáveis pela estimulação do sistema endocanabinoide, sendo denominados assim, de fitocanabinoides”, informa a empresa Simple Organic, que comercializa um balm facial com CBA.

Balm CB2, R$ 135 - Simple Organic
Balm CB2, R$ 135 – Simple Organic

Conforme apresenta a Simple Organic, o Cannabinoid Active System tem capacidade de estimular o sistema endocanabinóide e ativar funções, como:

  • Modular os sinais celulares promovendo a redução da inflamação;
  • Auxiliar na reparação tecidual e na mitigação dos efeitos do envelhecimento precoce relacionados ao estresse inflamatório, dando suporte ao processo de re-epitelização e reparo tecidual;
  • Promover bem-estar, conforto, calma e relaxamento, devido ao aumento da produção de β-endorfina, responsável pelo equilíbrio e manutenção do bem-estar da pele, estando envolvida também no processo de re-epitelização, regeneração e cicatrização dos tecidos.

A marca mineira Haskell também investiu no ativo e lançou a linha CBA Amazônico, composta por shampoo, condicionador, máscara de tratamento, óleo multifuncional e tônico capilar. Os produtos contam com CBA e óleo de mamona, e são indicados para todos os tipos de cabelos.

Já a Lola Cosmetics anunciou a linha Danos Vorazes, com o intuito de recuperar os cabelos de químicas agressivas, “devolvendo a vitalidade e a saúde aos fios”. Na fórmula? CBA no shampoo, no leave-in, no booster de reparação imediata e no óleo reparador.

Conta gostas ao lado de folha de maconha
Nos últimos anos, a indústria brasileira de cosméticos lançou o Cannabinoid Active System (CBA)

Mas será que Cannabinoid Active System tem “potencial” para “substituir” o CBD?

Para André Moreira, o CBA, teoricamente, “ativaria” o sistema endocanabinóide, mas ele não é um canabinóide. “Não tem nada de canabidiol”, afirma o dermatologista. Segundo ele, as substâncias ali presentes atuam na mesma região do organismo que o canabidiol e, por ser liberado no Brasil, a indústria dos cosméticos tem usufruindo disso. “Mas acho que é só o hype do nome”, comenta o especialista.

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