Nutróloga lista os alimentos benéficos e perigosos para a saúde mental
Com especialização em nutrologia, endocrinologia e metabologia, a médica Vânia Assaly explicou como a alimentação afeta a saúde mental
atualizado
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Por vezes, é comum encontrar listas de alimentos que fazem mal ao bom funcionamento do intestino, coração, fígado e à beleza da pele. Entretanto, o que se mastiga também pode ser prejudicial ou positivo para a saúde mental, principal desafio médico do século 21. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 700 milhões de pessoas sofrem com transtornos psicológicos em todo o mundo.
A Coluna Claudia Meireles conversou com a médica Vânia Assaly para saber quais alimentos devemos fugir ou apostar nas refeições em prol de contribuir com a saúde mental. Com especialização em nutrologia e endocrinologia, a expert entrevistada é a presidente e fundadora da Latino American Lifestyle Medicine Association (LALMA), além de atuar como diretora do Instituto Assaly Medicina Personalizada, situado na capital paulista.
Problemas
De acordo com a especialista, a saúde mental e a alimentação balanceada deveriam caminhar de mãos dadas. Comer fast foods e alimentos empacotados, refinados e ricos em gordura saturada, sódio e açúcar tem por resultado alto valor calórico com baixa densidade de nutrientes. Vânia explica que optar por essas refeições tende a desencadear problemas de memória, depressão, irritabilidade, ansiedade, hiperatividade e mudanças de humor.
Embora sejam “extremamente palatáveis”, a médica enfatiza que esses alimentos oferecem poucos nutrientes capazes de ajudar no funcionamento cerebral. Segundo a nutróloga, estudos científicos mostraram que a mudança no perfil nutricional após a introdução de refeições ultra-rápidas e processadas associada à ingestão frequente de refrigerantes trouxe um aumento de uma série de doenças e transtornos, a exemplo da ansiedade, depressão e compulsões.
Quem dispõe de uma alimentação “inapropriada” precisa tomar conhecimento de que há um crescimento inadequado de determinadas bactérias ou fungos no organismo. Os efeitos da proliferação dos micro-organismos tendem a causar uma desordem, conforme argumenta a expert: “A bagunça, na proporção desses habitantes, irá trazer consequências na síntese de neurotransmissores, alterando os níveis de serotonina, dopamina, histamina e, por fim, origina o desequilíbrio inflamatório, conhecido como neuroinflamação”.
Vânia exemplifica que o cérebro “escuta” o excesso de ruídos das moléculas fabricadas pela inflamação advinda da dieta e das alterações provenientes na região intestinal. “É como se avisasse que algo não está indo bem”, prega. São frutos do desalinhamento alergias, rubor, tontura, fadiga, sonolência, dor de cabeça, além de depressão, ansiedade e compulsão alimentar.
“Essas mudanças comportamentais podem vir pela falta de nutrientes bons ou como resultado do consumo da gororoba inflamatória”, credita Vânia Assaly. Ela elenca as causas, no caso, são três “desequilíbrios”. O primeiro é o inflamatório proveniente da dieta. Relacionado ao funcionamento dos neurotransmissores, o segundo deriva da ausência de nutrientes e o último está ligado à insuficiência de ácidos graxos da série ômega 3.
Prato perigoso
Ao montar um “prato” com as opções que afetam o lado psicológico, a nutróloga afirma ser comum encontrar as opções em “lanchonetes de rápido preparo”. “Há frituras, refrigerantes, sorvetes e sobremesas ricas em açúcar e gordura”, cataloga. A especialista faz o alerta sobre alimentos com corantes, alto teor de açúcar refinado, baixa quantidade de fibras, grande teor de gordura saturada, estabilizantes edulcorantes e elevado nível de sódio.
Alimentos benéficos
Assim como existem os alimentos maléficos para a saúde mental, também há o contrário, ou seja, os benéficos. De acordo com a médica especializada em metabologia, pesquisas comprovaram que uma alimentação para nutrir os neurônios deve conter fontes de ácidos graxos poliinsaturados, de preferência da série ômega 3. “São as gorduras boas encontradas nos peixes, oleaginosas e sementes”, numera.
“Uma nutrição balanceada com boas fontes de vitaminas, minerais, aminoácidos e de gordura poliinsaturadas da série ômega 3 (sementes, oleaginosas e peixes) e monoinsaturadas da série ômega 9 (presente no azeite) irá reduzir o estado inflamatório”, endossa a diretora do Instituto Assaly Medicina Personalizada. Vânia indica saborear um prato colorido com salada, ovos, azeite e leguminosas, como lentilha, feijão e grão de bico.
Integram o rol de compostos bons para a saúde mental, as vitaminas do complexo B e fibras, consideradas positivas para a microbiota, órgão descrito como o segundo cérebro. Os nutrientes magnésio, colina e fitoquímica compõem o combo elencado por Vânia Assaly. A médica endocrinologista citou como exemplo duas opções de dietas, a mediterrânea e a da mente, ambas positivas ao equilíbrio neuroquímico e à redução da inflamação.
“Boas fontes de aminoácidos advindos de proteínas vegetais e animais equilibram a síntese de neurotransmissores, a exemplo da serotonina, dopamina, acetilcolina e gaba, e diminuem as alterações decorrentes da adaptação fisiológica ao estresse”, reforça a especialista. A médica deixa como aviso: “Ter uma alimentação saudável é sinônimo de qualidade de vida, melhora as funções cerebrais, os níveis de energia, a memória e o controle das emoções.”
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