Nutricionista lista alimentos que ajudam no tratamento da endometriose
A alimentação tende a funcionar como uma eficiente terapêutica contra a endometriose, conforme explica a nutricionista Letícia Gasparetto
atualizado
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Fica o alerta: não normalize sentir cólicas menstruais intensas a ponto de desmaiar. Caso enfrente o quadro, é fundamental buscar um especialista. Após passar por exames e pela análise de um ginecologista, se o diagnóstico for endometriose, saiba que mais de 7 milhões de brasileiras sofrem com a doença inflamatória e crônica, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Março se tornou o Mês Mundial de Conscientização sobre a Endometriose. Para não padecer com as fortes dores antes e durante o período menstrual, deve-se recorrer a tratamentos. Uma das alternativas para se livrar das cólicas está nas refeições. Sim, a alimentação quando anti-inflamatória tende a funcionar como uma eficiente terapêutica, conforme explica a nutricionista Letícia Gasparetto em entrevista à Coluna Claudia Meireles.
Relato
A expert integra o grupo das 180 milhões de mulheres diagnosticadas com endometriose em todo o mundo, segundo levantamento da OMS. Letícia descobriu ter o problema de saúde aos 13 anos. “Pude sentir na pele o sofrimento trazido por essa doença. Depois de muitos anos estudando e colocando em prática tudo o que eu aprendia, consegui controlar a minha e decidi ajudar outras mulheres a vencerem a enfermidade”, atesta.
De acordo com a nutricionista, o que se come tem papel fundamental no tratamento da enfermidade. “Por se tratar de uma doença inflamatória, a alimentação para a mulher com endometriose deve ter características anti-inflamatórias com a finalidade de auxiliar no alívio dos sintomas, reduzir as dores e promover qualidade de vida à paciente”, explica. Vale lembrar: não há cura para a condição.
Tríade
Letícia desenvolveu um programa nutricional em que ensina as mulheres a como controlar as dores e os sintomas da endometriose por meio da união de três pilares: alimentação, suplementação anti-inflamatória e hábitos saudáveis. O objetivo é evitar a progressão da doença. Para colher os “alívios” resultantes do método elaborado pela expert, será necessário “seguir esse modelo de estilo de vida durante toda a vida”. “Sem pausas”, frisa.
Especialista em nutrição na endometriose e fertilidade, a profissional explica que dar para abrir exceções ao longo do plano alimentar. “Às vezes, a mulher quer comer algo fora da dieta, isso acontece. Mas logo depois precisa retomar o planejamento para as dores não voltarem”, esclarece.
Letícia listou os indicativos mais comuns de quem sofre com a condição.
“Cólicas menstruais intensas; dores durante a menstruação; dor pré-menstrual; dores durante ao longo das relações sexuais; dor difusa ou crônica na região pélvica; fadiga crônica e exaustão; sangramento menstrual intenso ou irregular; alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação; dor ao evacuar; dificuldade para engravidar e infertilidade; e distensão abdominal e excesso de gases”, elenca a nutricionista.
Terapias
A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, que ocorre quando células do tecido endometrial (presente no revestimento interno do útero) surgem em regiões fora da cavidade uterina. Ou seja, tendem a aparecer na bexiga, trompas, abdômen, intestino, partes da pelve ou até nas membranas responsáveis por revestir o coração e os pulmões. Pelas estimativas, uma a 10 mulheres em idade reprodutiva pode ter a enfermidade.
Após a paciente receber o diagnóstico de endometriose, feito pelo ginecologista, os dois devem escolher o melhor método terapêutico para o caso. Existem tratamentos hormonais, naturais ou até mesmo a cirurgia. “Mas é importante ressaltar sobre nenhum tratamento ser capaz de curar a doença, por isso, a nutrição é tão importante, a fim de otimizar os resultados e tratar os sintomas de forma contínua, evitando assim o avanço da condição”, reforça.
“Cada organismo é único e os sintomas da doença podem ser diferentes de paciente para paciente, e a alimentação deve ser adequada às particularidades de cada mulher”, elucida a expert em nutrição clínica e esportiva.
Alimentação
Conforme garante Letícia Gasparetto, a alimentação anti-inflamatória consegue devolver qualidade de vida para a paciente de endometriose e de adenomiose (quando o endométrio cresce de maneira anormal no miométrio, ou melhor, na musculatura uterina).
“Esse tipo de dieta é uma estratégia alimentar com foco no combate natural dos processos inflamatórios, ajudando a desinflamar o corpo e atuando na prevenção e no auxílio do tratamento”, alega.
Segundo a nutricionista, a paciente diagnosticada com endometriose nota a diferença no organismo após dois dias de alimentação anti-inflamatória e mudança no estilo de vida. “Por exemplo, a mulher perceberá a melhora na disposição, também no alívio dos sintomas gastrointestinais e das dores”, enfatiza.
No programa de nutrição proposto por Letícia, todos os alimentos pró-inflamatórios são evitados. Em contraponto, a paciente passa a seguir uma dieta anti-inflamatória com itens específicos. Quem sofre com endometriose deve cortar das refeições em especial nove “ingredientes”, a exemplo da carne vermelha. A profissional recomenda comer a proteína apenas duas vezes na semana.
1. Refrigerantes;
2. Bebidas energéticas;
3. Álcool;
4. Açúcar e adoçantes artificiais;
5. Alimentos com excesso de óleo e gordura trans;
6. Alimentos ultraprocessados e industrializados;
7. Excesso de carne vermelha;
8. Excesso de café;
9. Soja.
No rol da dieta da endometriose está permitido consumir:
1. Frutas vermelhas e cítricas, como morango, uvas roxas, laranja, abacaxi e tangerina;
2. Chá de camomila, gengibre, unha-de-gato, uxi amarelo e dente-de-leão;
3. Cúrcuma ou açafrão-da-terra;
4. Peixes de águas profundas, por exemplo, o salmão;
5. Própolis;
6. Gengibre;
7. Legumes e verduras;
8. Azeite de oliva extravirgem.
Sobre a especialista
Letícia Gasparetto se formou pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em 2016. Ao longo de seis anos, ela atendeu em um consultório de forma presencial.
Atualmente, oferece sua expertise no ambiente on-line, razão para ter pacientes de cada estado do Brasil e em outros cantos do mundo. A profissional se especializou em nutrição clínica e esportiva, também voltada à fertilidade e endometriose.
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