Nutricionista diz quais alimentos são um veneno para a pele com acne
De acordo com Andrezza Botelho, alguns alimentos funcionam como verdadeiros “vilões” para a derme, principalmente de quem tem acne
atualizado
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Ao notar que surgiram ou inflamaram as espinhas no rosto, instantaneamente vem à mente o questionamento: por que as lesões ficaram irritadas se não foram cutucadas? A limpeza incorreta da pele é uma das causas do problema. Caso tenha uma rotina de skincare regrada, certamente você ficará encucada com o agravamento do quadro e cogitará outras razões. Mas o que influencia — e muito – a saúde da cútis é a alimentação. Alguns ingredientes funcionam como verdadeiros “venenos” para a derme, principalmente de quem tem acne.
Mais de 70% dos brasileiros afirmam ter pele oleosa, e grande parte do grupo apresenta acne. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mostram que o problema atinge 56,4% dos adultos e mais de 90% dos adolescentes. Para tratar o quadro, deve-se recorrer à expertise de um dermatologista. E não só isso. Como a terapêutica prescrita pelo médico deve andar lado a lado com a alimentação, a coluna Claudia Meireles conversou com a nutricionista Andrezza Botelho, à frente de uma clínica homônima em São Paulo.
Sinal vermelho
Ao elencar os alimentos “perigosos” e explicar o motivo deles fazerem mal à pele acneica, Andrezza colocou no top três da lista lácteos, comidas gordurosas e com alta carga glicêmica. Ao consumir em excesso opções açucaradas, industrializadas e derivadas de leite, a glicose aumenta e, consequentemente, o corpo tenta reverter a situação com a liberação de grande quantidade de insulina (ou seja, a hiperinsulinemia). Eis que esse funcionamento do organismo atua como uma bomba para a cútis.
A hiperinsulinemia estimula a produção de IGF-1, substância gerada pelo fígado capaz de impulsionar a ação dos hormônios andrógenos, como a testosterona e a dihidrotestosterona (DHT). Quando ativados, eles tendem a deixar a pele mais oleosa por produzir mais sebo e, sendo assim, desencadear a acne. Alimentos lácteos, como leite, queijo e derivados, são mestres em aumentar a quantidade de IGF-1 no corpo.
Integram o time dos alimentos vilões: frituras, embutidos, refrigerantes, fast food, doces industrializados, carne vermelha, frango com peles e proteínas do soro do leite em pó.
Além da pele
Ao descobrir quais ingredientes são capazes de afetar a cútis como um todo, fica a dúvida sobre ter de eliminá-los totalmente das refeições ou poder comê-los em pouca quantidade. Andrezza bate na tecla de manter o equilíbrio. “Um alimento isolado e consumido em pouca frequência não será um vilão. Deve-se atentar-se aos exageros e excessos dos ingredientes citados para que não sejam consumidos com regularidade, pois não prejudicam apenas a saúde da pele, mas sim todo o organismo”, explica a expert.
Alimentos muito gordurosos e que causam intolerância impactam negativamente o corpo por desencadearem inflamações. O processo atua como uma defesa do organismo a agentes considerados inimigos. Quando ingeridos em abundância, os “vilões” levam ao desenvolvimento de diversos problemas metabólicos, como acne, diabetes e resistência à perda de peso, além de doenças cardiovasculares e autoimunes.
Intolerância
Segundo a especialista, ingredientes que o indivíduo tenha alguma sensibilidade alimentar provocam o processo inflamatório no organismo. É considerada comum a intolerância ao glúten, proteína do trigo presente em pães, massas, doces e cervejas. Há quem apresente aversão à lactose (açúcar do leite) e fontes de origem vegetal, como nozes, morango e banana. Nesses casos, os alimentos não são digeridos conforme deveriam, por isso, o corpo “reclama”.
De acordo com Andrezza, o processo inflamatório gerado pela ingestão de um ingrediente sensível pode se manifestar em forma de sintomas, por exemplo, o surgimento de espinhas. Nesses casos, a nutricionista recomenda que os pacientes retirem das refeições os alimentos que possam causar intolerância. Ela indica que restrinjam o consumo pelo período de 21 dias. Depois de passar o intervalo, a profissional analisa a reintrodução com percepção dos sinais que aparecerem.
Intestino
Sem contar os problemas relacionados à intolerância alimentar, o aparecimento da acne pode estar vinculado ao mau funcionamento do intestino. Conforme explica a especialista, há vários tipos de bactérias no órgão do sistema digestivo. Dessas, existem micro-organismos benéficos e outros capazes de causar algum malefício quando a microbiota funciona de forma desequilibrada. O resultado do distúrbio é a condição chamada de disbiose, responsável pela síndrome do intestino preso e por afetar a qualidade de vida.
“As bactérias intestinais em equilíbrio são de extrema importância para o funcionamento do organismo, inclusive a pele. Porém, quando ocorre o contrário, prejudicam por produzirem substâncias corrosivas que atacam a parede da microbiota e propiciam o surgimento de pequenas rachaduras capazes de permitir a passagem de macromoléculas que, normalmente, seriam excretadas para fora do corpo. Dessa forma, afetam outros órgãos, mas também a derme”, esclarece Andrezza, expert em nutrição clínica funcional.
Cúmplices
A profissional alerta sobre a hidratação ser uma grande aliada da cútis: “A água ajuda a eliminar toxinas e, por isso, deve estar sempre em primeiro lugar! Quanto mais hidratada estiver a pele, mais ela tende a ficar bem viçosa e fortalecida, impedindo a produção de oleosidade”. Não é segredo que a mudança no estilo de vida, em especial de hábitos alimentares, reflete na saúde da derme como um todo. A nutricionista instrui substituir industrializados, gordurosos e ultraprocessados por opções in natura.
Segundo a especialista, estudos mostram que a ingestão de alimentos anti-inflamatórios combate a acne e contribui para prevenir o problema dermatológico. Contudo, dietas hiperlipídicas ocasionam o inverso, por gerar estresse celular e inflamações, acarretando uma pele oleosa e a formação de cravos e espinhas. “Deve-se buscar comer ingredientes com baixo consumo de gorduras danosas e de baixo índice glicêmico. Não esquecer de controlar o consumo de alimentos lácteos, pois estimulam a produção de sebo”, avisa.
Adicione ao prato
De acordo com Andrezza Botelho, a deficiência de micronutrientes também se configura como um fator de risco ao aparecimento da acne. Ou seja, vale ficar atento na hora de montar as refeições. “Um mineral importante é o zinco, que auxilia na diminuição da produção de sebo e reforça a cicatrização, atuando também como anti-inflamatório. Encontramos em carnes e sementes”, reforça.
Por ter ação antibiótica local, mais um mineral para adicionar ao plano alimentar chama-se cobre. O nutriente estimula as defesas do organismo e, por isso, aumenta a resistência contra infecções virais e microbianas. São boas fontes do componente o pinhão, coentro e sementes de gergelim. Queridinha da beleza, a vitamina C tem efeito calmante sobre a pele e protege a cútis das radiações solares, além de turbinar a imunidade. Dentre os alimentos ricos no elemento, estão a acerola, goiaba, couve, caju, laranja e salsa.
Conhecida como retinol, a vitamina A é outra grande aliada da saúde da cútis, conforme reitera a expert: “O nutriente auxilia na renovação celular e na produção de novas fibras de colágeno na pele. Também diminui a obstrução dos poros que causam a acne. Geralmente, ficam bloqueados por óleo e células mortas”. Fígados bovino e de frango lideram a lista dos alimentos de origem animal ricos em vitamina A. Integram o elenco dos vegetais potentes com o componente, cenoura, espinafre e batata-doce.
Andrezza sugere acrescentar às refeições alimentos ricos em ômega 3. Considerado uma gordura de qualidade, o ácido graxo tem propriedades anti-envelhecimento. “O ingrediente melhora a circulação do organismo fazendo com que nutrientes essenciais e o oxigênio cheguem rápido à pele. Também age em processos de renovação celular e de manter a derme limpa ao inibir a secreção de mediadores inflamatórios”, ressalta a nutricionista.
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