Depois de trazer uma lista com quais alimentos são capazes de prejudicar a saúde do pâncreas, rins, fígado e do intestino, a coluna Claudia Meireles focou em outro órgão do corpo humano para saber quais comidas afetam o seu bom funcionamento. Chegou a vez de verificar o que prejudica o estômago e, para isso, foi necessário acionar a nutricionista Daiane Sousa.

Situado entre o esôfago e o intestino delgado, o estômago é responsável por servir de local de armazenamento para os alimentos e auxiliar no processo de digestão. Com funções essenciais para o organismo, manter a saúde do órgão envolve não consumir determinadas opções alimentícias bem populares.

Abaixo, confira os três alimentos citados pela nutricionista, que atende em Brasília (DF):

1. Frituras

Segundo Daiane, aquela crosta que fica em alimentos fritos ou grelhados gera a substância acroleína, que irrita a mucosa gastrointestinal. A especialista em nutrição explica como esse composto se forma e, consequentemente, tende a ocasionar danos para o órgão do sistema digestório.

“Os óleos quando submetidos a altas temperaturas, como nas frituras, desmembram-se em ácidos graxos e glicerol”, elucida. A nutricionista prossegue: “A acroleína é proveniente da desidratação do glicerol durante esse processo de superaquecimento e tem poder de irritar a mucosa gastrointestinal, com potencial carcinogênico nessa região.”

2. Embutidos

A nutricionista menciona sobre as opções embutidas dispor de nitrito, composição química que ao reagir no ambiente ácido do estômago forma as nitrosaminas, que podem ter efeito cancerígeno. “Estão relacionadas ao câncer no intestino”, aponta.

Daiane pontua quanto às carnes processadas — tipo de embutidos — estarem desde 2015 na lista do grupo 1 de carcinogênicos, conforme classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Antes esse rol englobava apenas o tabaco e a fumaça de diesel.

“Carne processada é qualquer tipo de carne que tenha sido transformada por salga, cura, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação. Na prática, são elas: peito de peru, presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame e mortadela”, numera.

A nutricionista salienta que as substâncias presentes na fumaça do processo de defumação, os conservantes, como os nitritos e nitratos, e o sal podem provocar o surgimento de câncer de intestino, no caso, no colón e reto. “Na hora do lanche, opte por queijos brancos, ovos, saladas e pastas preparadas com grãos ou vegetais”, aconselha.

3. Refrigerante zero

“Tem muito nutricionista que é da linha ‘refri zero liberado, afinal é zero caloria'”, destaca Daiane Sousa. A especialista aborda que não basta a bebida ser zero em caloria para não proporcionar efeito negativo na saúde. “O impacto do consumo desse refrigerante na microbiota reverbera sinalizações em todo o organismo”, alega.

“A presença dos diversos edulcorantes do refrigerante zero é capaz de alterar a composição da microbiota do trato intestinal”, comenta a nutricionista. Ela complementa: “O consumo de adoçantes artificiais, como aspartame, acessulfame-K, sucralose, sacarina e ciclamato, está associado a quadros de disbiose intestinal.”

De acordo com a nutricionista, esses adoçantes artificiais por causarem quadros de disbiose intestinal favorecem o aumento da concentração de bactérias negativas. Outro resultado danoso da ingestão da bebida é a diminuição da produção de ácidos graxos de cadeia curta, induzindo a respostas inflamatórias e danos celulares.

A especialista em nutrição cita as consequências dos corantes alimentares também serem adicionados aos refrigerantes: “Isso impacta diretamente na composição da microbiota intestinal. Esse aditivo é capaz de diminuir a proporção das bactérias favoráveis Lactobacillus, Akkermansia e Bifidobacterium, além de aumentar Firmicutes.”

Para concluir, Daiane Sousa esclarece o que essas alterações negativas no microbioma geram ao organismo: “Diminui síntese de mucinas e o efeito provocado serão as alterações na permeabilidade intestinal, ao comprometer a barreira de muco, e um aumento da resposta inflamatória.”

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