Nova trend: por que a microdosagem se tornará o padrão do skincare
Saiba tudo sobre um novo conceito que promete virar tendência nos cuidados com a pele
atualizado
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Estamos numa época em que os cuidados com a pele tornaram-se algo essencial na rotina. Certamente, a pandemia de coronavírus e o confinamento contribuíram para esse boom. Receitas caseiras e truques de beleza com ingredientes mais acessíveis e naturais vivem um crescimento impressionante.
Embora esse mindset tenha um lado bom, podemos observar que é possível, sim, que tenhamos exagerado na prática. Em busca de uma pele mais uniforme e iluminada, recorremos aos ingredientes “milagrosos” e caprichamos na hora de utilizá-los. Na bancada do banheiro, provavelmente embalagens ou itens aliados da beleza dominaram o espaço, na esperança de que funcionem com rapidez e eficácia, sobrando uma pequena brecha para a seguinte reflexão: será que excedemos no uso de cosméticos ou substâncias em nossa rotina de skincare?
A resposta é sim. Possivelmente você aplicou doses generosas demais em sua pele. E isso, infelizmente, pode causar irritação, vermelhidão, acnes, ressecamento, entre muitos efeitos colaterais. A coluna Claudia Meireles, então, levanta o mais recente termo que surgiu no universo dos cuidados com a pele e que está se popularizando rapidamente e se tornando uma tendência forte: a microdosagem.
O médico Jason Thomas afirmou à Vogue britânica que essa prática existe há décadas. “É provavelmente mais conhecida em referência à ingestão de microconcentrações de drogas psicodélicas, como LSD e psilocibina [molécula ativa encontrada nos cogumelos mágicos]. Quando microgramas de substâncias psicoativas são ingeridas, estudos têm mostrado que os usuários não experimentam os efeitos ‘altos’, como alucinações e sensações de euforia, mas relatam melhorias na criatividade, concentração e saúde mental”, falou. Logo, segundo o profissional, o mesmo conceito foi adotado pelo setor de skincare nos últimos anos.
Como funciona
Em vez de sobrecarregar a cútis com a maior concentração de ingredientes ativos quanto for possível, optar por uma porcentagem menor (em torno de um décimo) e aplicar regularmente (diariamente, em vez de poucos dias) permite maior tolerância e mantém a pele mais saudável e brilhante. Essa prática faz com que a derme desfrute de todos os benefícios da substância.
A dermatologista Madhuri Agarwal adiciona que o “extra” não é sempre melhor em cuidados com a cútis. “O uso de diversos ativos pode resultar em alterações dos poros e da pele, geralmente conhecidas como dermatite de contato irritativa ou alérgica”, disse ao site. Essa precipitação pode causar efeitos que, em longo prazo, resultam em lesões na barreira da região, tornando-a mais porosa e sensível.
É recomendado, ainda, evitar o uso combinado de certos ativos ao mesmo tempo. Por exemplo: usar vitamina C pela manhã e adicionar retinol ou AHA à noite, que será mais benéfico para a derme.
Andre Condit, fundador da Spectacle Skincare, considera que a microdosagem é uma maneira “terapêutica” de fornecer ingredientes essenciais, mas fáceis de usar, como retinóides, ácidos esfoliantes (azelaico, glicólico e salicílico) e vitamina C. Para ele, essa é a melhor forma de prevenir efeitos colaterais adversos, como descamação e vermelhidão e, aos poucos, aumentar a tolerância da pele. “É muito comum ver as pessoas terem excesso de zelo com vários produtos de alta resistência em uma rotina”, declarou à Vogue britânica.
“A pele não pode aceitar muito antes de você começar a criar uma resposta inflamatória, que é o oposto do que procuramos alcançar. A jornada de cuidados com a pele deve ser uma lenta e constante maratona, com resultados ao longo da vida”, alertou Andre Condit.
Outro ponto que vale a atenção é que o uso de substâncias funciona melhor quando feito de forma consistente. “Aplicar um retinóide duas vezes por semana – e aumentá-lo, como sempre nos dizem para fazer – pode ser difícil de lembrar, portanto, usar uma dosagem menor a cada dia pode funcionar mais em uma rotina regular”, ensinou o especialista. “Se você continuar parando e começando com uma força que não pode tolerar, não será capaz de continuar o tratamento e, provavelmente, terminará em um lugar pior do que quando começou”, opinou.
“É aconselhável, por exemplo, optar por produtos com menor concentração de retinol entre 0,1% a 0,3%, cerca de 0,10% de vitamina C e alfa hidroxiácidos entre 0,5 a 0,10%. Você também descobrirá que as formulações mais recentes oferecem liberação lenta e mecanismos de entrega lipossomal, o que significa que os ingredientes são liberados gradualmente na pele ao longo do dia, em vez de imediatamente após a aplicação. Isso torna mais fácil, mesmo para peles sensíveis, desfrutar dos ativos sem enfrentar a irritação”, esclareceu a dermatologista Madhuri Agarwal.
Quem pode aderir à microdosagem?
O lado bom disso tudo é que todos os tipos de pele podem se beneficiar da microdosagem, principalmente aqueles que são sensíveis ou reativos. “Mesmo com uma dose baixa, ingredientes como o retinol têm grandes benefícios… é uma excelente maneira de ver esses benefícios sem a irritação”, informou a médica cosmetóloga Ewoma Ukeleghe ao site. Para ela, essa é uma tendência que devemos seguir e que vamos continuar a ver resultados.
Além disso, a profissional acredita que esse é um ótimo ponto de partida para aqueles que atualmente não usam ingredientes ativos.
Cuidado!
Existem, porém, produtos que você não deve microdosar. “Definitivamente, não microdose no fator de proteção”, argumentou a especialista. “Você precisa de um mínimo de FPS 30. Aplique uma quantidade do tamanho de uma colher de chá diariamente”, ressaltou. Os hidratantes também entram na lista de exceção. “Pelo contrário, quanto mais frequente e constante você aplicar esses produtos, mais protegida ficará a barreira da sua pele e os benefícios de outros princípios ativos também serão ampliados”, frisou Madhuri Agarwal.
Microdosagem x Skinimalism
O tema desta matéria vai ao encontro de outro termo do universo skincare já abordado pelo Metrópoles em abril deste ano. Trata-se do skinimalism, que pode ser livremente traduzido como uma beleza minimalista, ou seja, que demanda menos passos e produtos.
Se antes o skincare era baseado nas 10 etapas coreanas, por exemplo, hoje o cenário mudou com a chegada do skinimalism. A ideia aqui é usar apenas cosméticos essenciais e manter uma rotina básica – e eficaz. O movimento sugere ainda que uma pele bem cuidada não necessitará mais de tanta maquiagem, deixando um pouco de lado as bases, contornos e iluminadores. A intenção é exibir uma pele natural e diversa das demais, cada uma com suas especificidades.
Leia mais em: conheça o skinimalism, tendência de beleza perfeita para o outono.
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