Noite impactante abre o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Evento foi prestigiado pela atriz Zezé Motta e homenageou Vladimir Carvalho com um curta-metragem em parceria com o Metrópoles
atualizado
Compartilhar notícia
A abertura do 57° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) foi marcada por grandes emoções. Realizado no Cine Brasília, no último sábado (30/11), o evento impactou o público com homenagens ao cineasta Vladimir Carvalho, falecido em outubro deste ano, e à atriz Zezé Motta, que levou o Troféu Candango pelo Conjunto da Obra.
Nesta edição, a iniciativa estende suas atividades a outras três Regiões Administrativas do Distrito Federal, sendo elas Gama, Planaltina e Taguatinga, com programação gratuita até 6 de dezembro.
Na cerimônia de apresentação, a atenção se voltou, principalmente, ao saudoso Vladimir Carvalho. Considerado um dos nomes mais importantes do cinema nacional, ele morreu aos 89 anos em Brasília.
Natural da Paraíba, o artista se destacou pela produção de documentários enraizados na história e realidade brasileira. Entre suas obras mais importantes, estão O País de São Saruê (1971), uma análise sobre a seca e a vida dos trabalhadores rurais nordestinos, e Conterrâneos Velhos de Guerra (1991), que retrata o impacto da construção de Brasília sobre os candangos – trabalhadores que ergueram a nova capital.
Vladimir Carvalho também foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB). Ele chegou ao centro de ensino em 1969, a convite de Fernando Duarte.
Presente na ocasião, a viúva do diretor, Maria do Socorro, recebeu um troféu em nome do marido.
Em discurso, o secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF), Claudio Abrantes, declarou: “Eu tenho certeza que Vladimir está aqui hoje também. Na sua essência, na sua obra, na emoção, na paixão que ele tinha por esse festival”.
O ex-deputado aproveitou para dizer que o Festival de Brasília não é mérito de um governo, mas de todos aqueles que amam o cinema brasileiro.
“Hoje, nós podemos dizer que, no ano que vem, não vai ter aquela pergunta: ‘Teremos o Festival de Cinema?’, porque já quero anunciar: fruto da parceria que nós fizemos por 3 anos, em 2025, o Festival de Cinema já está garantido para o mês de setembro”, disse Abrantes, ovacionado pelo público.
Ricardo Vale, vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), também subiu ao palco para se pronunciar. Em lugar de fala, ele salientou o papel da CLDF no fomento à cultura. “Fica aqui o compromisso da Câmara de continuar cobrando as políticas públicas de incentivo à cultura do Distrito Federal”, afirmou.
Curta-metragem
Um dos momentos mais marcantes da noite de abertura foi a exibição de um curta-metragem criado por Lino Meireles, em parceria com o Metrópoles, que ressaltou sete momentos memoráveis de Vladimir.
Para o produtor e diretor, o projeto consistiu em uma mistura de pressão e prazer, visto que muitas outras homenagens já tinham sido feitas ao cineasta paraibano. “Como o Vladimir é tão reverenciado, muitas pessoas já fizeram homenagens a ele. Então, a minha não precisava ser definitiva. Eu quis mostrar algumas importâncias do trabalho dele e um pouco da personalidade dele”, explicou.
“Eu quis dar vazão ao senso de humor dele, à personalidade dele, mais do que a cinebiografia dele, que é algo que já está sendo coberto por todo canto”, sustentou Lino Meireles.
Assista ao curta:
O diretor compartilhou que conheceu Vladimir pessoalmente indo ao Cine Brasília, local que hospeda, segundo ele, o maior evento cultural da cidade.
“O Festival de Cinema foi o evento cultural de Brasília que mais teve importância nacional em nossa história. Por persistir durante a ditadura e por ser o ponto de partida de vários movimentos que ocorreram depois do Cinema Novo”, expôs.
Também na ocasião, a sala principal do Cine Brasília foi oficialmente batizada de Vladimir Carvalho. Ato emocionou a plateia e ganhou muitos aplausos.
O evento se destacou, ainda, com a presença de Zezé Motta, atriz e cantora carioca tida como referência na cultura afro-brasileira. Zezé foi agraciada com um breve vídeo sobre sua trajetória e legado, além de receber o Troféu Candango pelo Conjunto da Obra.
Segundo ela, a premiação dividirá espaço em sua estante com o seu primeiro Candango, recebido em 1975 por sua atuação em Xica da Silva, de Cacá Diegues.
“É sempre bom receber um prêmio, porque, essas homenagens são um incentivo para que a gente continue a caminhada até quando Deus permitir”, anunciou.
Além de Vladimir Carvalho, a Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV) prestou uma homenagem à documentarista Delvair Montagner. Na sequência, o cineasta Bruno Torres recebeu flores em nome da mãe, a produtora, cantora e atriz Mallú Moraes, que faleceu neste ano.
Ainda, Pedro Anísio, cineasta paraense e fundador do Coletivo Pedra, também falecido em 2024, teve o nome contemplado por sua contribuição ao cinema e à resistência política durante a Ditadura Militar.
Filme de estreia
O primeiro longa exibido no 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ainda no sábado, foi do diretor pernambucano Marcelo Gomes. O filme Criaturas da Mente acompanha o neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro para melhor entender o universo dos sonhos e do inconsciente, a partir da relação do conhecimento científico e dos saberes ancestrais de povos originários e de culturas afrodescendentes.
Assista ao vídeo com momentos marcantes da noite de abertura:
Confira os registros fotográficos de Luh Fiuza:
Serviço:
57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Data: até 7 de novembro
Local: Cine Brasília (106/107 Sul), Cia. Lábios da Lua (Gama), Centro Universitário Estácio (Pistão Sul, Taguatinga) e Complexo Cultural de Planaltina.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) somente para as sessões da Mostra Competitiva Nacional no Cine Brasília. Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos para as demais sessões.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br.
Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.