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Neurocientista desvenda 11 mitos e verdades sobre o cérebro

Mestre em neurociência afirma que existem vários mitos sobre o cérebro. A informação de que usamos apenas 10% dele, por exemplo, é falsa

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1 de 1 Profile woman with open head pulling at string - Foto: Malte Mueller/Getty Images

Considerado o órgão mais importante do corpo humano pelos médicos, o cérebro é uma caixinha de segredos. Não à toa, está envolto em uma série de mistérios. Enquanto os cientistas não desvendam algumas partes desse quebra-cabeça sobre o funcionamento da região responsável pela inteligência, há mitos que continuam sendo perpetuados como verdades absolutas.

Para colocar um ponto-final nessas falsas narrativas, a Coluna Claudia Meireles conversou com a neurocientista Lívia Ciacci, profissional do programa de treinamento Supera Ginástica para o Cérebro. Segundo a especialista, existem tantos mitos sobre o principal órgão do sistema nervoso que fica difícil listar todos. “O mais conhecido deles é que usamos apenas 10% do cérebro, o que não é verdade”, explica.

“O cérebro é um órgão ativo que fica ligado o tempo todo enquanto estivermos vivos. A cada instante, várias áreas do órgão estão interagindo por meio das mudanças eletroquímicas que caracterizam os impulsos nervosos”, certifica. Ao abordar sobre o funcionamento da região, Lívia fez uma comparação curiosa: “Parece uma constante dança combinada entre áreas em atividade e em repouso”.

A neurocientista listou os mitos sobre o funcionamento e a estrutura do cérebro

A seguir, veja mitos e verdades sobre o cérebro!

1. O tamanho do cérebro que determina a inteligência de um ser humano? Mito.

Estudos revelaram que o cérebro de Albert Einstein pesava menos do que o normal para a região. Lívia explica que os cientistas atribuem as conexões entre as áreas do órgão e sua eficiência para inteligência mais do que tamanho.

2. O cérebro não sente dor? Verdade.

A especialista relata que, se uma pessoa chegasse a cutucar o seu tecido cerebral, certamente você não sentiria qualquer incômodo. Isso ocorre porque a dor é percebida devido às fibras sensoriais, chamadas nociceptores, presentes em diversas regiões do corpo. Entretanto, o cérebro não apresenta esses ligamentos sensitivos.

“Curiosamente, o cérebro pode perceber sinais de dor de nociceptores enviados de todo o corpo, mas como em si não os têm, nem sente dor”, evidencia a mestre em neurociência.

O cérebro é considerado o órgão mais importante do corpo humano 

3. O ser humano usa apenas 10% do cérebro? Mito.

Conforme alega a neurocientista, esse questionamento remonta a quase 100 anos. “Em 2013, 65% dos norte-americanos acreditavam nesse mito”, lamenta. A menos que o indivíduo tenha passado por um dano cerebral, a maioria das áreas do órgão em funcionamento normal está ativa a todo momento e em algum grau, elucida a profissional.

4. O cérebro está totalmente desenvolvido por volta dos 18 anos de idade? Mito.

De acordo com a neurocientista, a área continua em constante processo de desenvolvimento após o período da adolescência e na idade adulta. “Particularmente, o córtex pré-frontal, considerado importante para o raciocínio e a tomada de decisões, não amadurece completamente até o indivíduo chegar aos 20 e poucos anos”, evidencia.

O cérebro continua em constante processo de desenvolvimento após o período da adolescência e na idade adulta

5. O cérebro consegue ser bom em multitarefas? Mito.

A neurocientista defende a respeito de que o cérebro, em termos de tarefas voluntárias relacionadas ao uso da atenção, não atua como um bom amigo diante de diversos deveres. Enquanto atividades involuntárias, a exemplo de regular o sangue, pressão e respiração, o órgão as executa simultaneamente. Quando a região cerebral está diante de dois ou mais estímulos que exigem concentração, rapidamente, somente um afazer será contemplado.

6. A aprendizagem ocorre quando novas células são adicionadas ao cérebro? Mito.

Segundo Lívia Ciacci, o processo de aprendizagem acontece quando as conexões entre o cérebro e as células mudam: “De fato, podem sim ser adicionadas células ao órgão, porém, consumir conhecimento não requer acréscimo de outras. Ao buscar uma nova habilidade, como uma língua ou um esporte, as células cerebrais disparam juntas a fim de criar associações”.

Ter uma dominância do lado esquerdo ou direito do cérebro não determina se uma pessoa é mais criativa ou lógica

7. O cérebro é o órgão mais gorduroso do corpo? Verdade.

A palavra gordura tem um teor de ser inimiga da saúde, mas, no caso do cérebro, o caso é justamente o contrário. O órgão mais importante do sistema nervoso precisa desse nutriente essencial para desempenhar os respectivos deveres. O componente é o mais abundante na região, em torno de 60%. O tecido sólido da importante parte do corpo humano, entretanto, não se trata do mesmo encontrado no abdômen e nos glúteos.

8. Os seres humanos têm o maior cérebro de todos os mamíferos? Mito.

Consideradas imponentes predadoras com dentes, as baleias cachalotes detêm o título de maior cérebro de qualquer espécie viva. Esses animais aquáticos apresentam o órgão do sistema nervoso cinco vezes maior em comparação ao dos seres humanos.

O órgão não é muito bom em desempenhar multitarefas

9. Algumas pessoas podem sentir gosto de formas e cores? Verdade.

Apesar de parecer estranho, o fenômeno ganhou o nome de cinestesia, palavra de origem grega que significa “perceber junto”. “Pessoas com essa habilidade podem ouvir, cheirar, provar ou sentir dor em cores. Outros conseguem provar formas ou experimentar cores e sensações táteis enquanto ouvem música”, exemplifica a especialista.

10. Ter uma dominância do lado esquerdo ou direito do cérebro determina se uma pessoa é mais criativa ou lógica? Mito.

“Ao contrário da crença popular e de centenas de imagens que perpetuam esse mito, os humanos não podem ser categorizados por meio do maior uso do cérebro do lado esquerdo ou direito. Os talentos como criatividade, processamento de linguagem, habilidade espacial e lógica, requerem um trabalho em equipe integrado de ambos os hemisférios”, enfatiza a neurocientista.

11. Os cérebros de meninos e meninas são anatomicamente iguais? Verdade.

Mestre em neurociência, Lívia argumenta não existir diferenças anatômicas entre os cérebros de sexos diferentes. Ela frisa que as modificações no órgão são moldadas a partir dos aprendizados e incentivos recebidos pelas crianças.

O cérebro de meninos e meninas é anatomicamente igual

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