Neste Dia da Terra, especialistas estão otimistas — aqui está o porquê
Ultimamente, alguns especialistas têm se voltado muito mais a espalhar o otimismo quando o assunto é o planeta Terra
atualizado
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Celebrado anualmente no dia 22 de abril, o Dia da Terra foi idealizado em 1970 pelo senador norte-americano Gaylord Nelson, com o intuito de criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, importância da conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger o planeta.
Embora as alterações climáticas ainda sejam uma ameaça existencial para a humanidade, ultimamente, alguns especialistas têm se voltado muito mais a espalhar o otimismo do que passar a ideia de que haverá uma grande catástrofe.
Segundo esses profissionais, há muitos motivos para celebrar, entre eles os avanços significativos no combate às alterações climáticas, as décadas de trabalho que levaram à prevenção de outros desastres ambientais e a realidade de que a esperança pode ajudar a alimentar as ações necessárias para continuar a enfrentar a crise climática.
“As pessoas presumem que nos 50 anos desde o primeiro Dia da Terra não fizemos nenhum progresso. Que estamos numa posição pior agora do que estávamos na década de 1970, que não faz sentido tomar medidas ambientais…”, iniciou Hannah Ritchie, investigadora da Universidade de Oxford (Reino Unido), à publicação USA Today.
O avanço no combate às alterações climáticas é uma realidade ainda distante, mas há mais progressos do que se imagina. “É como se a humanidade tivesse de escalar a montanha mais alta do mundo”, opinou Katharine Hayhoe, cientista-chefe da The Nature Conservancy e professora de ciências climáticas na Texas Tech University.
“Você anda e anda e sobe e sobe e o topo parece que nunca vai chegar mais perto. Mas quando você se vira, você percebe o quão longe você chegou”, completou.
Até mesmo o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, que alertou os norte-americanos sobre o aquecimento global em 1981, está otimista com o cenário. Em março desde ano, ele declarou à publicação que as coisas não estão avançando rápido o suficiente, mas disse que “estamos ganhando nisso, estamos ganhando impulso e em breve estaremos ganhando com a própria crise”.
Aqui estão três vitórias climáticas em 50 anos que podemos celebrar:
A primeira diz respeito à camada de ozônio que protege a humanidade da radiação ultravioleta. No início da década de 1980, os cientistas constataram pela primeira vez o buraco na camada protetora da atmosfera. Mas nações de todo o mundo assinaram o Protocolo de Montreal, que eliminou gradualmente os clorofluorcarbonos que causaram o buraco. A estimativa é que haja regressão aos níveis de 1980 em 2060.
Já a chuva ácida, proveniente da queima de carvão com enxofre, teve seu efeito reduzido com a Lei do Ar Limpo de 1990, que ajudou a limitar as emissões de enxofre.
Também vale ser mencionado o caso do DDT, um pesticida contra mosquitos e outros animais nocivos que foi introduzido na década de 1940, mas que, no final de 1950, mostrou-se interligado com o declínio das populações de aves, levando muitas espécies à beira da extinção.
O DDT foi proibido em 1972 e, em 2007, as águias americanas retomaram ao ponto de serem retiradas da lista de espécies ameaçadas.
Menos emissões de gases com efeito de estufa
Em 2023, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera da Terra (causa raiz do aquecimento global) atingiram o ponto mais alto da história da humanidade (420 partes por milhão). Isso significa um aumento em relação às 280 partes por milhão antes da Revolução Industrial. Nessa época, as temperaturas globais aumentaram cerca de 2 graus.
Entretanto, alguns especialistas, incluindo a Agência Internacional de Energia, pontuam que as emissões globais de dióxido de carbono atingirão provavelmente o pico no próximo ano e certamente em 2030, utilizando um cenário baseado nas atuais configurações políticas. Isso quer dizer que, muito provavelmente, 2023 foi o ano com as maiores emissões de gases com efeito de estufa de sempre e os números só irão diminuir a partir de agora.
Apesar de não compensar todo o CO2 que foi jogado para a atmosfera desde meados de 1700, este é um marco importante e mostra como a mudança energética já está bem encaminhada.
“A transição para a energia limpa está acontecendo em todo o mundo e é imparável”, opinou Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, no ano passado. “Não é uma questão de ‘se’, é apenas uma questão de ‘quando'”, continuou.
Energia limpa se torna prioridade
A energia limpa (proveniente da energia solar e eólica) tornou-se muito mais barata e rápida do que especialistas em clima esperavam. “O mundo está fundamentalmente num lugar diferente do que era em 1970. Há apenas uma década, estávamos numa posição completamente diferente”, afirmou Hannah Ritchie.
No ano passado, por exemplo, a eletricidade produzida a partir da energia eólica e solar era bem mais barata do que a produzida a partir do carvão, da energia nuclear e do gás natural.
Embora a China ainda seja o maior emissor global de carbono e ainda esteja construindo centrais eléctricas alimentadas a carvão, também está avançando muito para as energias renováveis. As novas energias solar, eólica e hidroelétrica no país da Ásia Oriental representaram 59% das novas energias renováveis do mundo em 2023, de acordo com a S&P Global.
A Agência Internacional de Energia também afirma que a procura por petróleo, carvão e gás atingirá o seu pico em 2030, à medida que o número de veículos elétricos nas estradas a nível mundial aumenta.
Vale lembrar que, quando a primeira Avaliação Climática Nacional foi publicada em 2000, a estimativa era que poderíamos caminhar para um aumento de 7,2 a 9 graus até ao final do século.
Hoje, entretanto, as previsões são de que o mundo seja 4,8 graus mais quente até o final do século. “E esse número diminui a cada novo passo que damos na montanha”, justificou Katharine Hayhoe.
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