Na luta contra o racismo, Michelle Obama se declara “exausta” e pede união
Barack Obama uniu-se a outras personalidades e pediu justiça pela morte de norte-americanos negros vítimas de preconceito racial
atualizado
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“Se você fica neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor”. A frase do vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1984, o sul-africano Desmond Tutu, tem servido de incentivo para diversas personalidades se posicionarem contra atos racistas. Entre os astros que se manifestaram, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama atua na luta contra o preconceito racial há anos e, por isso, declarou-se “exausta” nas redes sociais.
Michelle escreveu o texto em uma postagem no Instagram. Ela ilustrou a publicação com um desenho do rosto de George Floyd. O segurança negro, de 46 anos, foi morto após ter sido imobilizado e asfixiado por um policial branco em Minneapolis, nos EUA. Ao mencionar George, atual símbolo da revolta contra o racismo, a ex-primeira-dama aproveitou para relembrar outras tragédias com enredo semelhante.
“Como muitos de vocês, estou sofrendo com essas tragédias recentes. E eu estou exausta por um desgosto que nunca parece parar. No momento, são George, Breonna [Taylor] e Ahmaud [Arbery]. Antes disso, eram Eric, Sandra e Michael. Isso continua, continua, continua”, disse a esposa de Barack Obama no começo da mensagem.
A revolta de Michelle com o aumento da violência contra pessoas negras não parou por aí. A personalidade continuou com uma aula de empatia e conscientização. Na avaliação da matriarca da família Obama, o racismo só será superado quando todas as pessoas se unirem.
“Raça e racismo são uma realidade que muitos de nós crescemos aprendendo a lidar. Mas, se alguma vez esperamos superar, não podemos contar apenas com uma pessoa de cor para lidar com isso”, ressaltou.
Com mais de 39 milhões de seguidores na rede social, Michelle fez um emocionante pedido pelo fim do racismo estrutural. “Cabe a todos nós — negros, brancos, todos — não importa quão bem-intencionados pensemos que podemos ser, fazer o trabalho honesto e desconfortável de enraizá-la. Começa com o autoexame e a escuta daqueles cujas vidas são diferentes da nossa”, prosseguiu.
De acordo com Michelle, a discriminação racial termina com justiça, compaixão e empatia a serem colocados em prática nas atitudes e nas ruas. “Rezo para que todos tenhamos forças para essa jornada, assim como rezo pelas almas e pelas famílias daqueles que foram tirados de nós”, finalizou.
Barack Obama
Eleito o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama também não calou-se diante da morte de George Floyd. Ele havia se pronunciado sobre o caso e, nessa segunda-feira (01/06), voltou a dar sua opinião. Na ocasião, publicou um texto em apoio às manifestações que tomaram conta dos Estados Unidos.
“A onda de protestos pelo país representa uma frustração legítima e genuína após décadas de fracasso na reforma das práticas policiais e do sistema de justiça criminal nos Estados Unidos. A maioria esmagadora dos participantes tem sido pacífica, corajosa, responsável e inspiradora. Eles merecem nosso respeito e apoio, não condenação”, escreveu.
Barack Obama vai de encontro ao presidente dos EUA, Donald Trump. O atual dirigente tem endurecido o discurso contra os militantes. Segundo o ex-mandatário, o cenário pode ser “um verdadeiro ponto de virada” na construção de ideais dignos. Estrelas das telonas, palcos e redes sociais também exigiram justiça pela morte dos norte-americanos negros vítimas de racismo e brutalidade policial.
Beyoncé, Jay-Z, Rihanna, Oprah Winfrey, Janelle Monáe, Naomi Campbell e Kim Kardashian usaram da influência na internet para chamar atenção às mortes da população negra. Considerada “Dona do Mundo” pela revista Rolling Stones em 2019, Beyoncé fez um apelo em um vídeo postado no Instagram.
“Estamos quebrados e com nojo. Não podemos normalizar essa dor. Não falo apenas com pessoas de cor; se você é branco, preto, pardo ou qualquer coisa intermediária, tenho certeza de que se sente desesperado pelo racismo que está acontecendo nos Estados Unidos no momento”, reforça a cantora.
Algumas celebridades foram mais incisivas em suas declarações, como Taylor Swift. Ela respondeu um tweet de Donald Trump. “Depois de alimentar o fogo da supremacia branca e do racismo por toda a presidência, você tem o poder de fingir superioridade moral antes de ameaçar a violência?”, escreveu. A postagem alcançou a marca de um milhão de curtidas em 5 horas.
Os cantores Shawn Mendes, Camila Cabello e Ariana Grande chegaram a participar da mobilização nas ruas do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução do inglês) nesse domingo (31/05). Durante os protestos, pessoas foram presas. Como forma de ajudar, os famosos fizeram doações para pagar o trabalho dos advogados de defesa e a fiança dos manifestantes. A modelo Chrissy Teigen concedeu a quantia de U$ 200 mil, o equivalente a mais de R$ 1 milhão. O casal Blake Lively e Ryan Reynolds seguiu o mesmo exemplo.
“Queremos usar nosso privilégio e nossa plataforma como aliados. E participar da redução da dor por tantos que sentem que esse grande experimento está falhando com eles”, pontuaram Ryan e Blake em uma declaração conjunta. Os atores doaram US$ 200 mil à Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP).
Não são somente personalidades norte-americanas que endossaram a voz contra o racismo. No Brasil, Iza lembrou da morte de João Pedro Mattos, de 14 anos, no Rio de Janeiro. O adolescente morreu durante operação policial em 18 de maio.
“Nós não queremos morrer. Nós, porque quando um de nós morre, todos nós morremos. Nos deixem respirar. […] Não façam apenas parte de uma corrente e sim entendam que essa luta precisa de todos nós para ser vencida. Todos os dias. Pelo João Pedro, George Floyd, por todos que se foram e por todos que virão”, destacou a cantora.
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