metropoles.com

Mulheres no esporte: Luiza Estevão fala como é dirigir um time campeão

Presidente do Brasiliense desde 2016, Luiza Estevão revela detalhes de sua trajetória no esporte. Recentemente, o clube ganhou a Copa Verde

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Talita Gouvea /Especial para o Metrópoles
Luiza Estevão
1 de 1 Luiza Estevão - Foto: Talita Gouvea /Especial para o Metrópoles

“Sei quem eu sou, sei da minha competência e não preciso provar para ninguém”. As palavras são de Luiza Estevão, presidente do Brasiliense Futebol Clube. À frente do time desde 2016, a dirigente de 24 anos é peça fundamental na trajetória do Jacaré, que ocupa a primeira posição entre as equipes do DF, segundo o ranking mais recente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em 20 anos de história, o grupo coleciona 13 títulos importantes, sendo o último, a Copa Verde, conquistado em fevereiro.

Vencer a Copa Verde 2020 é mais um feito da gestão de Luiza. Quando assumiu o comando do Esquadrão Amarelo, o time levou o Candangão 2017. O Brasiliense vinha de um jejum de torneios nacionais, mas quando saiu vitorioso da competição local, tomou fôlego para escrever novos capítulos de sua história. E se depender da presidente, muitas taças estão por vir. Dedicação por parte dela não vai faltar, afinal a paixão pelo futebol e pelo Jacaré surgiu na infância.

Mulheres no futebol

No início da carreira, Luiza enfrentou olhares desconfiados de quem acreditava que faltava aptidão para exercer o ofício de dirigente de um time de futebol. À época em que assumiu o posto, ela tinha 19 anos. Ao fato de ser mulher, somou-se a juventude. Com o passar do tempo e a boa fase do Brasiliense nos últimos cinco anos, os questionamentos sobre a capacidade de gestão da presidente diminuíram.

Luiza Estevão
Luiza completou cinco anos de gestão do clube

“Me afeta pouco, porque sei que, muitas vezes, não é por minha causa, mas sim devido ao cenário. É um mundo machista. O que me ajuda são as pessoas à minha volta, com quem trabalho diretamente. Quem já passou pelo time, dirigente, atleta ou comissão técnica, sempre me respeitou muito, nunca sofri preconceito. O mesmo não pode ser dito de outros clubes e da relação deles com o Brasiliense, comigo, torcida, internet e reportagens”, destaca.

No ponto de vista da dirigente, o machismo é um defeito de quem o pratica: “Eles têm de consertar e não ser algo que eu deveria me abalar”. Uma mudança significativa avaliada por Luiza é o crescimento da presença de mulheres na modalidade em razão do futebol feminino. Fontes de talentos, o DF tem representantes na Seleção Feminina e em clubes dos Estados Unidos. Às jovens que sonham ingressar no esporte, a presidente do Jacaré deixa o aviso: “Sempre digo, não precisa ter receio. Tem de saber lidar com as pessoas”.

Paixão

A conexão entre Luiza e Brasiliense vem de longa data. O time foi criado em 2000 pelo pai da dirigente, o empresário Luiz Estevão. Na época, a menina de 3 anos nem sonhava que futuramente se tornaria presidente do clube. O fundador costumava levar os filhos para assistirem aos jogos do Jacaré. Vestida com a camisa amarela do clube, a garota demonstrou ainda criança uma aptidão e entendimento de jogo. “Meu pai viu que desde pequena eu tinha um certo quê para isso”, revela.

Luiza Estevão
O Jacaré venceu a Copa Verde 2020. A final da competição ocorreu em fevereiro

Questionada a respeito de quando começou a imaginar seguir carreira em algo relacionado ao futebol, Luiza confessa: “Eu nunca não pensei”. Por um curto período, ela chegou a jogar no time da escola. Segundo a comandante do Brasiliense, não adianta só gostar ou só entender de futebol, é necessário misturar as duas vertentes. Para a dirigente, o pai é a maior inspiração e o primeiro conselheiro.

2 imagens
A paixão pelo futebol aflorou na infância
1 de 2

Vestida com a blusa do Brasiliense, Luiza com a mãe, Cleucy Meireles

Imagem cedida ao Metrópoles
2 de 2

A paixão pelo futebol aflorou na infância

Imagem cedida ao Metrópoles
Primeiros passos

Quando assumiu o Jacaré, a presidente tinha 19 anos. “Nunca havia ocupado uma posição tão alta e com tanta liderança, como me coloquei naquela época”, rememora. Com a conquista do título candango e, consequentemente, o destaque do Brasiliense, as pessoas ficaram animadas para descobrirem a mente responsável pela condução do time. Como curiosidade tem nome e sobrenome, Luiza Estevão foi procurada pela imprensa portuguesa e argentina.

No começo da carreira, Luiza precisou lidar com os questionamentos sobre a própria competência. “Tinha muitas dúvidas. Não sabia que tipo de líder eu ia ser”, lembra. Conforme evoluiu como dirigente, ela percebeu não ser necessário adotar outra personalidade: “Não preciso ficar fingindo que sou um homem barbudo de 50 anos, com 40 anos de futebol e que agora virou gerente. Nunca fui. Não tenho experiência de campo, mas aprendi com a vida”. A presidente se define como uma pessoa que gosta de falar e brincar.

Luiza Estevão
Atualmente com 24 anos, Luiza assumiu o cargo de presidente do Jacaré aos 19

Há cinco anos à frente do Brasiliense, Luiza afirma que a missão de coordenar o time ficou mais difícil em comparação com o início da gestão. Como todo torcedor fiel, ela compartilha da sensação de frio na barriga e de insônia antes de disputar uma final. “Não importa se seu time está sem divisão, em uma Série D ou Série A, a preocupação é a mesma”, garante. Fazendo uma análise da administração à frente do Jacaré, a dirigente ressalta sobre o time ter se tornado uma família unida.

Consegui traduzir isso na filosofia do clube. Todos que trabalham no Brasiliense sempre que saem, não querem deixá-lo ou têm boas palavras a dizer

Luiza Estevão
Futuro

Sobre os planos para o futuro, a gestora conta que o foco do Brasiliense é conquistar o acesso da Série D para a Série C. “Julgo ser a competição mais difícil por ter 68 times. Muitos deles com elenco bem qualificado e todos com vontade de subir”, sustenta. Dos 13 títulos, o Jacaré venceu a Série B, em 2004, e a Série C, em 2002. Falta tornar-se campeão da Série D, conforme almeja Luiza: “Seria muito bom ganhar mais essa taça este ano”. Outra meta da equipe é sair vitoriosa de todos os campeonatos que participar, como o Candangão.

Luiza Estevão
Como presidente e torcedora, Luiza Estevão almeja que o time vença todos os campeonatos que participar

Por ter vencido a Copa Verde 2020, o Esquadrão Amarelo também já está com uma vaga garantida na terceira fase da Copa do Brasil. O torneio integra 92 times de todo o país. No segundo semestre, o Jacaré vai em busca de mais um título da Copa Verde. A competição integra clubes de futebol da região Norte, Centro-Oeste e uma equipe do Espírito Santo. De acordo com a dirigente, a vitória do Brasiliense na importante competição ajuda os outros times do DF, além de dar à capital maior destaque no ranking da CBF.

“Não faço algo nem ganho troféu para aparecer. Me dá o maior prazer ver o trabalho que criamos sendo realizado. Tem jogadores do Brasiliense que estão no clube há 3, 5, 10 anos. Há muito tempo, eles não jogam com esse prestígio. Vê-los sorrindo em campo com troféu e medalha na mão é gratificante. Me dedico para essa realização pessoal e profissional, e para dar esse retorno ao meu time e torcedor”, finaliza a presidente.

Luiza Estevão
Fundado em 2000, clube do DF tem 13 títulos

Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?