Morte aos 99 anos: conheça o legado do príncipe Philip para a realeza
Duque de Edimburgo, príncipe Philip morreu aos 99 anos, nesta sexta-feira (9/4). Ele era casado com a rainha Elizabeth II
atualizado
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Independentemente de acompanhar ou não a rotina dos integrantes da família real, os súditos acordaram com a triste notícia da morte do príncipe Philip nesta sexta-feira (9/4). Ele esteve ao lado da rainha Elizabeth II, sua esposa e soberana, ao longo do reinado dela, iniciado em 1952. Cinco anos antes, o casal havia subido ao altar. A maioria dos compromissos oficiais da monarca, ela o fez na companhia do homem ao qual se referiu uma vez como sua “força e estabilidade”.
Quem assistiu à série The Crown, da Netflix, conheceu um pouco do legado de Philip – ou duque de Edimburgo. A seguir, confira uma breve biografia do marido da rainha, de acordo com informações da revista Tatler. Além da mulher, Elizabeth, o príncipe consorte deixa quatro filhos – Charles, Anne, Andrew e Edward – , oito netos e 11 bisnetos, sendo um deles a filha do príncipe Harry, ainda na barriga da mãe, Meghan Markle.
Origens
Prestes a completar 100 anos em 10 de junho, Philip chegou ao mundo após nascer na mesa da cozinha de uma mansão localizada na ilha de Corfu, pertencente ao seu pai, o príncipe André da Grécia. Embora tivesse o apelido Phil, o Grego, o marido de Elizabeth não trazia um pingo de sangue grego nas veias. O avô dele, o rei George I da Grécia, era dinamarquês e foi batizado como William. Quando ele tinha 17 anos, foi eleito monarca pela Assembleia Nacional Grega.
O duque tinha 9 anos quando a mãe, a princesa Alice da Grécia, recebeu o diagnóstico de “esquizofrenia paranoica”. Ela precisou ser levada para um sanatório. Nos sete anos seguintes, ele raramente via ou se comunicava com a matriarca. No período de oito meses após a mudança de Alice, as quatro irmãs dele se casaram com personalidades da realeza e aristocratas alemães. Ambas se estabeleceram em seus respectivos lares, enquanto o seu pai, o príncipe André, fugiu com a amante para Monte Carlo, em Mônaco.
Diante dos acontecimentos, Philip ficou “órfão” e sem-teto. Mesmo com as adversidades, o jovem prosperou no regime espartano da Escola Gordonstoun, fundada por Kurt Hahn na Escócia. Na instituição de ensino, ele aprendeu a velejar e tornou-se capitão de times de hóquei e críquete. Foi lá que o futuro príncipe desenvolveu as habilidades de liderança que, posteriormente, o ajudaram no trabalho na Coroa britânica.
Na realeza
O duque de Edimburgo serviu na Segunda Guerra Mundial e, inclusive, atuou em batalhas com a Marinha real. Em agosto de 1945, o príncipe “grego” testemunhou a rendição japonesa na Baía de Tóquio. Foi nessa época que Philip e Elizabeth começaram a “flertar”, por meio de cartas românticas. Por conta de seu registro de serviço e linhagem nobre, ele era uma opção de pretendente a casamento com a primogênita de George VI, porém o seu nome foi difamado.
Devido ao fato de as irmãs de Philip terem se juntado ao partido nazista na década de 1930, ele passou a ser um suspeito. Amigos do pai de Elizabeth deram ao jovem o apelido de Charley Kraut. A avó de Elizabeth, Isabel Bowes-Lyon, era contra o casamento da neta com o príncipe grego – mas sem sucesso. Os dois selaram a união em 1947. Por mais que tivesse entrado para a família real, os conflitos em torno do duque de Edimburgo não desapareceram.
Turbulência
Quando Elizabeth sucedeu o pai como monarca no trono britânico em fevereiro de 1952, Philip foi forçado a abandonar a carreira promissora na Marinha para se focar nos deveres públicos. Anos depois, ele descreveu a situação como um de seus maiores arrependimentos. Os secretários particulares da rainha trataram Philip com desdém, ao ponto de pedirem para se afastar de decisões importantes.
Com iniciativa de sobra e habilidades de liderança, Philip criou um papel para si mesmo na Coroa. Ele definiu a atuação como marido da monarca britânica da seguinte forma: “Tentei encontrar algo útil para fazer”. Em primeiro lugar, o duque de Edimburgo começou a reformar o Palácio de Buckingham e “arrastou alguns dos funcionários da monarquia para o século XX”, conforme descreveu o porta-voz de Philip, Mike Parker.
Chefe de família
Enquanto Elizabeth estava ocupada como líder de estado, ela certificou-se de que, na vida particular, Philip fosse o chefe da família. Prima da soberana, Lady Pamela Hicks deu detalhes da rotina particular do casal: “Eles ainda podiam, com essas duas crianças pequenas [Charles e Anne], ter um grupo familiar onde ele poderia ser o patriarca e ter autoridade. Ele foi muito, muito receptivo. Mas ela era muito cuidadosa em deixá-lo participar das coisas e confiava muito nele”.
Após um intervalo de 10 anos, a rainha e o duque aumentaram o núcleo familiar. O príncipe Andrew nasceu em 1960 e Edward, quatro anos depois.
Maior contribuição
Uma das contribuições mais pertinentes de Philip para a monarquia foi estimular a abraçar a mídia moderna, com ações que vão desde adquirir o mais recente equipamento de escritório até encorajar Elizabeth a adaptar-se à televisão. A transmissão anual de Natal da rainha teve a primeira edição televisionada em 1957, sob o incentivo do duque de Edimburgo. Na ocasião, a monarca ficou nervosa e só relaxou após uma atitude do marido: “Diga a ela para se lembrar do choro e do ranger de dentes”, contou o príncipe ao diretor. A soberana sorriu.
Ao todo, Philip participou de 22 mil compromissos públicos oficiais desde a coroação de Elizabeth, em 1952. O trabalho real chegou ao fim em 2017, após 70 anos de serventia.
Marido e mulher
Elizabeth confiava no bom senso e nos valores do marido. A relação de confiança entre o casal ficou evidente na tumultuada década de 1990. À época, a monarquia foi abalada por uma série de crises, como, por exemplo, a separação de Charles e Diana, em 1992, e a trágica morte da princesa, cinco anos depois. Houve também a morte da rainha-mãe, Isabel Bowes-Lyon, e da princesa Margaret, em 2002. O príncipe Philip era uma das únicas pessoas do círculo íntimo com quem a rainha poderia desabafar.
“Ele é alguém que não gosta de elogios, mas tem, simplesmente, sido a minha força durante todos esses anos. Eu e toda a sua família, este [Reino Unido] e muitos outros países, temos com ele uma dívida maior do que ele jamais reivindicaria ou nunca saberemos”, disse a rainha Elizabeth quando comemorou bodas de ouro, em 1997. A soberana fez uma homenagem pública e sincera ao marido, por quem se apaixonou quando era uma princesa adolescente.
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