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Mindfulness: projeto leva meditação guiada para pessoas com Covid-19

O intuito do psicólogo Pedro Lôbo é ajudar pessoas isoladas em casa ou internadas num hospital a tratarem medos e ansiedades

atualizado

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meditação pedro lobo
1 de 1 meditação pedro lobo - Foto: Pexels

Você já parou para pensar no estado emocional de pessoas contaminadas pela Covid-19? Certamente, alguns sentimentos acabam dominando a mente de quem enfrenta a doença, como o medo e a ansiedade. Isso vale para diferentes situações, como ficar isolado em casa enquanto se recupera do vírus, internado em um hospital ou até mesmo enquanto aguarda a cura de um ente querido. Seja qual for a conjuntura, manter a saúde mental em dia é um grande desafio.

Foi pensando nessa parcela da população que o psicólogo Pedro Lôbo idealizou uma iniciativa para lá de benéfica, e que pode ser chamada de “Mindfulness para Covid-19”. Em conversa com a coluna Claudia Meireles, o profissional revelou que a ideia surgiu após um familiar ter se submetido à internação, em razão da infecção pelo vírus. “Eu ofereci a ele algumas meditações guiadas por mim”, conta. Durante o trabalho, Pedro percebeu que, ao meditar, a pessoa ficava menos ansiosa, o que ajudou na melhora do quadro clínico. “Ele teve alta e viu que a prática o ajudou a ficar melhor”, diz.

Psicólogo Pedro Lôbo
Psicólogo Pedro Lôbo criou técnica de meditação para ajudar quem está com Covid-19

A partir dessa experiência, Pedro Lôbo refletiu: “E se eu fizer algo para as pessoas que estão com Covid?”. Ciente de que não seria uma tarefa fácil, pois nem todo mundo possui celular por perto, o especialista optou por tentar ajudar pelo menos algumas pessoas. “No Instagram, eu fiz o convite para uma sala no Google Meeting de forma gratuita, mas fui vendo que muitos não iriam ligar as suas câmeras pois estavam internados ou tinham outras pessoas próximas assistindo”, antecipa.

O psicólogo passou, então, a oferecer as meditações guiadas em três horários da semana pelo próprio Instagram por meio de lives. “Ampliei também para pessoas que estavam em casa ou com parentes doentes”, compartilha.

Por ser uma ferramenta direcionada a pessoas contaminadas, Pedro fez todos os cálculos para montar seu método. “Tive todo um cuidado de guiar uma prática de meditação, principalmente de autocompaixão, para trazer bem-estar e acolhimento para esses indivíduos”, afirma.

Durante suas “sessões”, o professor buscava conscientizar cada pessoa de que ela não estava sozinha e que o problema não era ela. “Eu digo: ‘você não veio com defeito. Muitas pessoas estão passando por isso. Calma. Vamos respirar. Nós podemos lidar com isso. Vamos aquietar a nossa mente um pouco, trazer um toque acolhedor, vamos trazer um segundo de paz’”, exemplifica.

mulher meditação celular
Meditação on-line auxilia quem está neste momento delicado e repleto de incertezas

As sábias palavras de Pedro Lôbo fazem todo o sentido, visto que ele mesmo já teve experiências de muito aprendizado com os métodos de relaxamento. “Eu convivi com dor crônica na coluna por muito tempo. Quando eu conseguia me equilibrar e não senti-la por um segundo, era um alívio muito grande”, relata.

Tempos depois, outros dois amigos do terapeuta foram internados por causa do novo coronavírus. Ele enviava suas meditações, que eram ouvidas pelo áudio do telefone. Mais tarde, mais duas pessoas contraíram a doença. O mesmo ocorreu, mas por videoconferência. “Fiz bastante meditações guiadas, além de lives sobre bem-estar no Instagram. Não tenho ideia de quantas pessoas eu consegui atingir, mas recebi um retorno muito bom”, celebra.

De acordo com o profissional, esse é um projeto ao qual ele quer dar continuidade e fazer com que cresça e alcance mais e mais indivíduos. Todavia, o terapeuta ainda enxerga muitos desafios pela frente, como a falta de internet, ou até mesmo instrumentos básicos, como fones de ouvido. “Então, preciso descobrir como chegar lá. Por isso, eu sempre tento fazer mesmo pelo Instagram”, comenta.

Indo além

Um outro projeto de Pedro está tomando forma. Ele dá detalhes da iniciativa: “O Meditador Urbano é uma pessoa que vive na cidade, mas está buscando dar sentido à vida, à procura de um pouco de paz e equilíbrio”, explica. O psicólogo afirma que passará a oferecer meditações guiadas, dar suporte e estar perto de quem precisa. “Será um espaço com várias pessoas ao vivo. Além de meditar, vou tirar dúvidas e orientar”, diz.

“Nós falamos de saúde mental, mas será que nós promovemos, de fato, a saúde mental?”, reflete Pedro. “Ou nós falamos de doença mental e queremos um remédio ou algo para não sentir desconfortos?”, completa. A reflexão do psicólogo sobre o tema o faz entender que o bem-estar de cada indivíduo deve ser trabalhado como um todo. “Isso inclui o sono, a alimentação, a atividade física… É uma mudança de comportamento”, pondera.

Saúde mental é o foco do novo projeto

O especialista conta à coluna que sempre faz as seguintes perguntas ao público: “Você já faxinou a sua mente hoje? Quantas vezes você questiona a sua mente se o pensamento é verdadeiro?”.

Quanto à pandemia de coronavírus, o terapeuta a vê como uma guerra. Para ele, seja qual for a condição de cada um, há inúmeros tipos de comportamento. “Tem gente isolada, tem gente em negacionismo… Temos de entender que todos nós estamos vivendo uma situação de estresse muito grande”, cita.

Meditação sem tabu

Pedro Lôbo defende a meditação como uma prática repleta de proveitos. Um de seus intuitos é desmistificá-la e desassociá-la unicamente do misticismo, por exemplo. “Você não precisa ir para uma cachoeira para meditar”, aponta. “Quando me perguntam qual é o melhor lugar para fazer isso, eu digo que é a Rodoviária do Plano Piloto. Em São Paulo, é a Avenida Paulista. No Rio de Janeiro? O centro! Quando eu aprendo a aquietar o caos interno, eu consigo lidar com o caos externo”, afirma.

meditação
Meditação pode ser feita em qualquer lugar

Fundador do Instituto Mindfulness, Pedro também é muito ativo no Spotify e no YouTube. Ao lado da mulher, Thais Franceschini, realiza, ainda, ações sociais na Estrutural, no Distrito Federal. Satisfeito com seu ofício, o profissional busca diariamente alcançar o maior número de pessoas.

“Meu trabalho quebrou fronteiras. Tem gente do mundo todo acompanhando. O feedback é positivo. Meus seguidores no Instagram, por exemplo, aumentaram em 40% só na pandemia. São pessoas que eu não conheço agradecendo, repostando e dizendo que eu não tenho ideia de quanto as ajudei’, comemora.

Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.

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