Mestre Didi e Rubem Valentim ganham mostra Simbólico Sagrado
Na mesma noite, aconteceram também a exposição Pensar o Jogo, de Almandrade, e Doações 2019, com obras cedidas por artistas
atualizado
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O Museu Nacional da República abriu, em novembro, as exposições Simbólico Sagrado, de Mestre Didi e Rubem Valentim; Pensar o Jogo, de Antonio Luiz Morais de Andrade (1953), o Almandrade, com trabalhos exibidos na Galeria Acervo; e Doações 2019, no mezanino, que apresenta ao público obras cedidas por artistas ao espaço cultural ao longo do ano.
A curadora Thaís Darzé selecionou 95 peças de Mestre Didi e Rubem Valentim. Os dois artistas se apropriam da literatura, mitologia, emblemas e instrumentos das religiões afro-brasileiras em suas obras.
“Quando pensei na exposição, estabeleci um diálogo entre os dois artistas. Estamos falando em criadores contemporâneos, baianos, negros, ligados à cultura afro-descendente. A proposta do meu olhar foi levar ao público o entendimento da importância dessa temática ligada ao sagrado como veículo possível para fazer política de resistência e a permanência de uma cultura”, contou a curadora.
Nascido em Salvador, Valentim foi autodidata e acumulou vasta premiação. Participou do movimento de renovação das artes plásticas nos anos 1950. Em 1957, mudou-se para o Rio de Janeiro e trabalhou como professor assistente no Instituto de Belas Artes. Logo viajou para a Europa, onde morou por uma temporada. Na década de 1960, ganhou o prêmio do Salão Paulista de Arte Moderna.
De volta, passou a residir em Brasília e até lecionou na UnB. Em 1972, fez um mural para o edifício-sede da Novacap, na capital, considerado sua primeira obra pública. Morreu em São Paulo, em 1911.
Também de Salvador, Mestre Didi tem forte influência do candomblé. Ele aprofundou a relação entre ancestralidade e cultura atuando como sacerdote, escritor e artista. Iniciou a carreira em 1964 com exposição individual em Salvador, seguindo para Rio, São Paulo, Buenos Aires, Europa e África. Nesses locais, participou de diversas mostras coletivas.
Almandrade
A exposição no Museu da República reuniu obras de 45 anos de carreira de Antonio Luiz Morais de Andrade. São mais de 80 criações em técnicas variadas, como desenho, escultura, pintura, maquetes e objetos, todas escolhidas pela curadora Karla Osório em conjunto com o artista.
Entre a geometria e o conceito, entre a forma e a palavra, entre o rigor espacial e a poesia. Assim caminha a obra de Almandrade, expoente baiano da arte conceitual e, hoje, um dos grandes nomes das artes visuais brasileiras, com produção respeitada nos principais circuitos artísticos do país e reconhecida internacionalmente.
Artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de teoria da arte das oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia e Palacete das Artes, ele participou de várias mostras coletivas e individuais.
Doações 2019
Na abertura da exposição Doações 2019, Elle de Bernardini fez a performance Dance with Me ao vivo. Nela, a artista e bailarina formada pelo Royal Ballet de Londres cobre seu corpo com mel e folhas de ouro 18 quilates para, ao som de bossa nova e MPB, convidar o público a dançar com ela em um gesto de aproximação e “desfetichização”.
Ela brinca com o jargão “não te aceito nem coberta de ouro” para questionar os mecanismos de aceitação e rejeição dos corpos trans e não binários pela sociedade normativa.
A obra de Elle recorre à beleza e à riqueza que adornam seu corpo, considerado objeto, e o alça a um patamar de aceitação ou aproximação por parte do outro. Trata-se de ousadia, elegância e delicadeza unidas, abordando com beleza a complexa questão do gênero.
Confira os cliques:
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