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Melatonina pode ajudar a prevenir a degeneração macular, diz estudo

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular que afeta a mácula, ou seja, a área central e mais importante da visão

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A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo, tendo como principal papel regular o ciclo circadiano, ritmo em que o organismo realiza suas funções ao longo de um dia. A substância é “fabricada” na glândula pineal, ativada quando não há estímulos luminosos, ou seja, à noite — induzindo o sono.

Potente antioxidante, a melatonina também é bastante conhecida como suplemento. Muitos aderem a essa “ajudinha” para dormir melhor. No entanto, uma nova pesquisa publicada no JAMA Ophthalmology indicou que o ingrediente ainda pode colaborar com prevenção da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) em adultos mais velhos.

O estudo analisou um grande grupo de pessoas com 50 anos ou mais, incluindo participantes com DMRI seca e outros que não tinham a condição. Indivíduos com histórico de uso de melatonina tinham menor risco de desenvolver a doença se ainda não a tivessem e uma progressão mais lenta se tivessem.

De acordo com o médico Hallim Féres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da Prisma Visão, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular que afeta a mácula, ou seja, a área central e mais importante da visão. “É onde temos a maior concentração de receptores de luz e onde formamos a visão mais detalhada”, descreve.

“Com o envelhecimento, essa região pode deteriorar-se, levando a uma perda progressiva da visão central, o que pode dificultar atividades como ler, dirigir e reconhecer rostos”, explica o oftalmologista.

Médica examinando olho de paciente com equipamento - Metrópoles
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular que afeta a mácula, ou seja, a área central e mais importante da visão

Segundo o especialista, certos fatores aumentam o risco de desenvolver DMRI, como idade avançada, histórico familiar da doença, tabagismo, hipertensão arterial, obesidade e exposição excessiva ao sol sem proteção adequada. “Por isso, eu sempre lembro da importância dos óculos escuros”, enfatiza o médico.

Uma dieta pobre em antioxidantes também interfere na condição, conforme Hallim Féres Neto afirma.

Estatisticamente, a DMRI acomete mais descendentes de pessoas do norte europeu e mulheres, e pode ser classificada em dois tipos: seca e úmida. Mais comum, a DMRI seca ocorre quando há um acúmulo de depósitos sob a retina (o tecido que reveste o olho por dentro e onde estão os receptores de luz), levando ao afinamento da mácula.

Já a DMRI úmida, menos comum, porém mais grave, acontece quando novos vasos sanguíneos anormais crescem sob a retina e vazam fluidos ou sangue, causando perda mais rápida e acentuada da visão central.

Causas e sintomas

De acordo com o profissional, os sintomas da DMRI incluem visão embaçada, dificuldade para ler ou ver detalhes, distorção das linhas retas (elas podem parecer onduladas) e, em casos mais avançados, a formação de uma mancha escura no centro do campo visual.

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Estatisticamente, a DMRI acomete mais descendentes de europeus do norte e mulheres

“As causas exatas não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante, juntamente ao envelhecimento”, pontua.

Tratamento

Embora a DMRI não tenha cura, há tratamentos disponíveis para estabilizar a doença e fazer com que ela não evolua, conforme diz o médico. Para a DMRI seca, são indicados suplementos vitamínicos que podem ajudar a retardar a progressão. Já no caso da DMRI úmida, as opções incluem terapias com injeções intraoculares regulares de medicamentos que ajudam a reduzir o crescimento ou secar os vasos sanguíneos anormais, além de tratamentos a laser para selar esses vasos.

O especialista ainda sugere mudanças nos hábitos de vida, como parar de fumar e ter uma dieta saudável — o que, segundo ele, ajuda a não piorar o quadro. “A reabilitação visual também pode ser útil para auxiliar a maximizar a visão residual”, acrescenta.

Paciente sênior fazendo exame oftalmológico no consultório do oftalmologista - Metrópoles
Embora a DMRI não tenha cura, há tratamentos disponíveis para estabilizar a doença e fazer com que ela não evolua

A fim de acompanhar a saúde ocular, Hallim Féres Neto recomenda que adultos a partir dos 40 anos façam um exame médico oftalmológico completo a cada um ou dois anos, pelo menos. “Pessoas com fatores de risco, como histórico familiar de doenças oculares, devem fazer check-ups mais frequentes”, informa.

Avanço na ciência

Além de atuar na regulação do ritmo circadiano, a melatonina é rica em antioxidantes que podem ajudar a proteger o organismo contra o estresse oxidativo, prevenindo condições como inflamação crônica, declínio cognitivo, doenças neurodegenerativas e doenças cardiovasculares.

Propriedades anti-inflamatórias, antiangiogênicas e de proteção mitocondrial do hormônio ainda podem retardar o desenvolvimento e a progressão da DMRI seca. De acordo com o estudo, isso pode ocorrer, em parte, porque a doença está associada à inflamação e às consequências negativas do envelhecimento.

“Como foi demonstrado que a DMRI é mediada por dano oxidativo, neovascularização coroidal e apoptose desregulada na retina, levantamos a hipótese de que a melatonina pode ser capaz de neutralizar esses principais processos patológicos e, assim, reduzir os riscos de desenvolvimento e progressão da DMRI”, relatou Hejin Jeong, autor da investigação, ao site Verywell.

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Hallim Féres Neto recomenda que adultos a partir dos 40 anos façam um exame médico oftalmológico completo a cada um ou dois anos, pelo menos

Na concepção do oftalmologista, pesquisas como essa podem representar um avanço significativo no tratamento e prevenção de doenças oculares, como a DMRI. “A descoberta de que a melatonina pode ter um efeito protetor é interessante e pode abrir portas para novas abordagens preventivas ou terapêuticas”, ressalta.

“No entanto, é importante que esses achados sejam confirmados por estudos adicionais antes de serem incorporados amplamente à nossa prática clínica”, observa.

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