Medo de dizer não? Psicólogos avaliam os impactos para a saúde mental
Segundo especialistas, o medo de dizer “não” pode acarretar em graves problemas para a saúde mental; entenda
atualizado
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Em meio às inúmeras tarefas e solicitações do dia a dia, saber dizer “não” pode ser um desafio para muitas pessoas. Embora o medo de recusar ou contrariar expectativas pareça inofensivo, a coluna conversou com a psicóloga clínica Lara Nepomuceno e a psicanalista Sílvia Oliveira para entender como assumir mais responsabilidades do que se consegue suportar pode afetar a saúde mental, bem como quais medidas podem ser adotadas para preservar o equilíbrio emocional.
De acordo com a psicóloga clínica Lara Nepomuceno, o medo de contrariar geralmente tem a ver com o desejo de manter a aceitação e aprovação das pessoas que fazem parte da convivência.
“Muitas pessoas preferem evitar qualquer tipo de confronto para manter relações harmoniosas. Na minha opinião, essa atitude, muitas vezes, está relacionada à falta de autoconfiança e ao desejo de atender expectativas alheias, geralmente estimulado pelo contexto no qual estão inseridas”, reflete Lara Nepomuceno.
Para a expert, essa tendência de aceitar determinadas situações para evitar desavenças pode ser ainda mais frequentes em determinados grupos.
“Penso ser importante reconhecer também os impactos da socialização, caso de pessoas que foram socializadas como mulheres, que historicamente foram reprimidas a poder expressar suas opiniões e vontades genuínas. O mesmo ocorre com o recorte racial, de sexualidade, enfim, qualquer recorte social que diz respeito a um grupo minoritário”, alerta.
Saiba as consequências do medo de dizer “não”
Segundo Lara Nepomuceno, esse medo está atrelado à dificuldade de estabelecer limites, ao sentimento de culpa e ao temor de consequências negativas, como o afastamento de pessoas importantes ou punições sociais. Apesar dessas características, a especialista entende que as consequências de guardar para si, os sentimentos podem acarretar graves consequências, tanto físicas quanto mentais.
“A médio e longo prazo, isso pode levar ao esgotamento, também conhecido como burnout, ressentimento, baixa autoestima e a sensação de perda de controle sobre a própria vida, com um profundo afastamento da própria identidade”, alerta Lara Nepomuceno.
Estratégias para manter-se firme nas decisões
Para evitar esses impactos e quebrar o ciclo de dizer “sim” contra a própria vontade, a psicanalista Sílvia Oliveira aponta que é essencial adotar algumas estratégias que ajudem a manter firmeza nas decisões, sem culpa.
“Desenvolver autocompaixão é um passo importante, pois permite que você reconheça suas próprias necessidades. Além disso, é fundamental praticar a assertividade, expressando limites de forma clara e respeitosa”, afirma Sílvia Oliveira.
A especialista também destaca que é necessário estabelecer réguas realistas ao assumir compromissos, mantendo sempre o bem-estar em primeiro plano. “Saber até onde você pode ceder sem comprometer seu equilíbrio é essencial. Isso não significa ser inflexível, mas evitar a anulação pessoal em nome de agradar os outros.”
Outra dica valiosa, segundo Sílvia, é aprender a lidar com o desconforto que pode surgir ao dizer “não”. “Esse desconforto é temporário, e ceder constantemente pode trazer consequências muito mais prejudiciais a longo prazo. Abrir mão em contextos de relações saudáveis, onde há reciprocidade e respeito, é uma importante forma de fortalecer os vínculos. No entanto, é essencial ceder por escolha própria e não por pressão ou medo”, explica.
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