Médicos explicam por que sua toxina botulínica não faz mais efeito
A coluna conversou com Bruno Lages, Clarissa Rittes e Mariana Correa sobre a toxina botulínica não fazer efeito em alguns pacientes
atualizado
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Olhar-se no espelho e reparar aquelas linhas de expressão que incomodam — e muito. A alternativa é ir ao dermatologista e recorrer aos procedimentos estéticos, sendo um deles a toxina botulínica. Entretanto, após receber as agulhinhas no rosto, algumas pessoas notam que a técnica não cumpriu com o resultado esperado, deixando a pele com rugas aparentes.
A coluna Claudia Meireles buscou entender os motivos de algumas pessoas passarem a não notar mais o efeito da toxina botulínica no rosto. Há casos em que o procedimento não oferece resultado desde a primeira aplicação. Para compreender o tópico, três dermatologistas foram acionados: Mariana Correa, de Brasília; e Bruno Lages e Clarissa Rittes, de São Paulo.
Investigar a causa
“Nas situações em que a toxina botulínica não faz mais efeito, primeiro é preciso investigar”, recomenda Clarissa. Dermatologista da capital federal, Mariana Correa lista algumas razões podem vir a atrapalhar o resultado do procedimento. Uma delas é se foi feita uma aplicação da toxina botulínica com muita diluição.
Mariana elenca que a administração “da toxina botulínica em poucos pontos e poucas unidades” também influencia a eficácia do método. “A qualidade do produto escolhido pode durar menos e a técnica aplicada faz muita diferença”, menciona.
De acordo com a médica, o uso de determinados medicamentos também tende a reduzir o efeito da substância.
Fumar em excesso, ficar bastante tempo exposto ao sol e não ter hábitos saudáveis são práticas que interferem no efeito da toxina botulínica, conforme numera Mariana. Segundo Bruno Lages, a frequência e a quantidade das aplicações da substância também podem influenciar na resposta do organismo. “Isso leva a uma menor duração dos efeitos”, reitera.
Resistência à toxina botulínica
O trio de especialistas endossa sobre pacientes que desenvolveram resistência à toxina botulínica. “Esses casos são mais comuns quando usam com intervalo errado entre as aplicações. Assim, tende a desenvolver uma resistência imunológica à proteína presente em muitas marcas do produto”, explica Mariana Correa.
Dermatologista de São Paulo, Bruno elucida que desenvolver resistência à toxina botulínica ao longo do tempo ocorre devido à formação de anticorpos contra a substância. “O que diminui a eficácia do tratamento”, reforça o médico. Clarissa Rittes destaca que existem dois casos raros quanto à ineficácia do procedimento.
“A toxina botulínica vem de uma bactéria que causava a doença do botulismo. A toxina é produzida por essa bactéria que conseguimos modificar, diluir e aplicar pontualmente na musculatura que deseja relaxar. Algumas pessoas fazem anticorpos contra essa substância e, por isso, para de fazer efeito”, ressalta Clarissa. Ela acrescenta: “Isso é uma minoria”.
Outra situação abordada pela dermatologista de São Paulo envolve a rápida produção das placas neurais que o procedimento estético bloqueia. “Isso faz com que a toxina botulínica dure pouco, mas essas duas causas são mais raras”, complementa. Ela pontua que “usar pouco produto e aplicar na região anatômica errada” são o primeiro e o segundo motivos mais comuns.
Clarissa Rittes esclarece que a produção de anticorpos pelo organismo depende “de um corpo estranho e de uma proteína”. Ela comenta quanto à existência de uma toxina botulínica pura no mercado, ou seja, o produto não contém proteína. Essa substância é indicada a quem cria resistência ao procedimento.
“Em alguns estudos em pacientes que tinham titulações de anticorpos, a ausência da proteína demonstrou que essas titulações foram abaixando ao longo dos anos”, cita a dermatologista. Clarissa assegura sobre essa toxina botulínica pura poder ser usada uma vez a cada seis meses em quem havia criado resistência à substância.
“O corpo estranho é a toxina botulínica, mas não tendo a proteína, não há incentivo de formar anticorpos novos”, alega a médica de São Paulo.
Orientação
Nos casos em que o paciente notar que a toxina botulínica não faz mais efeito, o médico Bruno Lages aconselha procurar “um profissional de saúde especializado”: “Ele pode avaliar a situação e determinar a melhor abordagem”. O dermatologista numera algumas das possíveis estratégias para conseguir os benefícios do procedimento estético.
“Algumas estratégias incluem aumentar a dose, aumentar o intervalo entre as aplicações e trocar a marca da toxina botulínica, porque às vezes o paciente pode responder melhor a produtos diferentes”, relata o médico. Bruno que outra medida adotada tende a ser “aumentar os intervalos entre as aplicações a fim de reduzir a formação de anticorpos”.
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