Médicos esclarecem toda a verdade sobre skincare na menopausa
Três dermatologistas conhecidos em Brasília defendem que os cuidados com a pele na menopausa são diferentes. Entenda!
atualizado
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Não precisamos “dominar” o inglês para entender o que a palavra skincare representa em nossas vidas. O termo, que teve um boom nas pesquisas do Google desde o início da pandemia de coronavírus, passou a fazer parte de nossa rotina, visto que estamos mais atentos aos cuidados com a pele, com a saúde e com o nosso bem-estar em geral.
A coluna Claudia Meireles já noticiou diferentes assuntos que abordam esse universo, como o poder dos sprays faciais, o mistério dos cogumelos na cútis e a mágica de um ingrediente marinho super-hidratante. Agora, levantamos uma nova questão: a rotina de cuidados com a pele varia de acordo com a idade de cada um? As instruções para uma pessoa jovem e para uma mulher na menopausa são distintas? Conversamos com três médicos especialistas que são referência em Brasília para esclarecer as dúvidas. São eles Joana Costa, Marcela Girundi e André Moreira.
De acordo com o dermatologista André Moreira, a menopausa é o período no qual os hormônios reprodutores das mulheres entram em declínio. “Considera-se que a mulher está menopausada quando, depois da última menstruação, ela não menstrua nos 12 meses seguintes”, explica. Já o climatério é período anterior e posterior à menopausa, no qual a mulher apresenta sintomas relacionados à progressiva redução na produção de estrogênio, conforme salientam Joana Costa e Marcela Girundi.
Segundo Moreira, a menopausa engloba situações intensas e uma mudança na relação da mulher com o próprio corpo. “Há alterações do sono, do humor, da percepção da temperatura [as ondas de calor] e, obviamente, a pele também vai sofrer”, explica. Uma dessas “novidades” ocorre nas mucosas, que ficam mais finas, o que se chama de atrofia da mucosa. “Isso pode causar problemas de âmbito gênito-urinário e de cunho sexual da mulher”, diz o médico.
A perda do tônus faz com que a flacidez aumente, como também a percepção do volume, o chamado “derretimento” da pele, que fica mais evidente no pós-menopausa, ainda segundo o especialista. Quanto à oleosidade, existem mulheres que, em função do desequilíbrio hormonal causado pela menopausa, começam a produzir mais óleo, desenvolvendo acne, mesmo as que nunca tiveram o problema antes. “É muito individual, não dá para generalizar. Tudo depende de como está o perfil hormonal”, comenta.
Joana e Marcela acrescentam à lista dois fatores: a diminuição da elasticidade e do volume capilar. “As alterações hormonais que ocorrem durante a menopausa podem acelerar o processo de envelhecimento da pele. Portanto, é importante reforçar o cuidado e usar produtos nutritivos e reafirmantes”, ensinam.
Para as dermatologistas, devido à diminuição dos hormônios femininos e à redução do colágeno, nessa fase, o aparecimento de manchas e rugas é acelerado. “Além disso, como a elasticidade e a produção de óleos naturais também são reduzidas, as imperfeições relacionadas à flacidez e ao excesso de secura também se tornam frequentes”, destacam.
Como prosseguir?
O primeiro passo, na opinião de André, é consultar com um ginecologista e com um endocrinologista para equilibrar as taxas hormonais, o que ajudará a reverter os sintomas da menopausa, e, consequentemente, fará diferença na qualidade da cútis. Ele também sugere a ida ao nutricionista e a um profissional de educação física, em virtude da osteoporose, condição na qual os ossos se tornam frágeis e quebradiços.
“Todos os profissionais de saúde precisam estar trabalhando juntos para oferecer o melhor cuidado possível para garantir o alívio dos sintomas e para evitar as sequelas com a falta de atenção ao período e com a baixa autoestima”, orienta o especialista.
Não deixe, é claro, de ir ao dermatologista, conforme explica o médico. “Ele irá tratar a região e realizar procedimentos de restauração do colágeno e aumento da qualidade de fibra”, afirma. Nesse sentido, a pergunta fundamental desta matéria está respondida: “Todo skincare precisa ser adaptado à menopausa. É um período novo. A pele está diferente do que era na pré-menopausa”, declara o médico.
De acordo com Joana e Marcela, a frequência da hidratação da pele, por meio do uso de produtos específicos para rosto e corpo, deve ser maior neste momento, assim como o uso de sabonetes que não ressequem a cútis e a realização de procedimentos que estimulem o colágeno e de lasers específicos na região íntima para melhorar sintomas relacionados ao ressecamento da mucosa vaginal.
Quais dermocosméticos são ideais?
Para André Moreira, os dermocosméticos adotados neste novo momento devem ser restabelecidos. “O ácido, talvez, tenha que ficar mais forte. Já o hidratante pode ser mais forte ou mais fraco. Tudo vai depender da avaliação do dermatologista. Para a mulher que nunca foi acometida por acne, será preciso adicionar um antiacne. Por fim, deve-se observar também se o sabonete está adequado para este novo perfil de hidratação da pele”, ilustra o dermatologista. O profissional explica que existem produtos e procedimentos para cada fase da mulher.
A maneira de tratar a pele em cada etapa da vida é diferente.
André Moreira
Joana e Marcela, por sua vez, dizem que os itens voltados para cuidados da pele madura são eficazes no quesito de hidratação da cútis, ou seja, de ação superficial. Eles não conseguem, porém, reverter flacidez e rugas profundas. “Essas queixas são amenizadas através de procedimentos estéticos como laser, botox, preenchimento e bioestimuladores de colágeno”, advertem.
Para as cútis mais secas, André Moreira recomenda hidratantes à base de ácido hialurônico; para as oleosas, ele indica os com derivados do ácido retinoico ou o próprio ácido retinoico. “Tudo depende de cada pele. O importante é nunca esquecer da fotoproteção, o indispensável protetor solar, por dois motivos: risco de câncer de pele e o envelhecimento em uma pele que está sensibilizada e com processo de envelhecimento ativo. O sol envelhece, portanto, é preciso proteger”, alerta.
O conselho é o mesmo de Joana e Marcela, que afirmam que, nesta fase da vida, o dano solar acumulado pela exposição solar crônica fica mais evidente. “É fundamental que as mulheres fiquem atentas às pintas de surgimento recente ou mudanças em sinais antigos. É indispensável o check-up dermatológico anual”, enfatizam.
Para as especialistas, é recomendável, durante a menopausa, evitar sabonetes abrasivos ou produtos que ressequem a cútis, pois eles podem gerar desconforto e coceira. “Nesta fase da vida é interessante indicar protetores solares e produtos anti-aging, com textura mais hidratante e sabonetes que promovem limpeza suave”, falam.
Tanto Joana quanto Marcela costumam indicar produtos ricos em ácido hialurônico, antioxidantes (vitamina C e resveratrol, por exemplo), biopeptídeos com ação pró-colágeno, ácidos retinoicos e ácidos glicólicos para ação nas rugas finas. Filtro solar com cor de base, loções corporais hidratantes à base de ceramidas e dexpantenol e sabonetes syndets que promovem higienização suave sem ressecar a pele também são prescritos pelas profissionais.
Mais saudável
Segundo André, o segredo para uma cútis saudável é não abrir mão do acompanhamento médico. “Não dá para acatar a opção do amigo, da amiga ou do familiar que já passou pela menopausa. Quem melhor pode indicar o que é correto para você é o médico, é ele, o dermatologista, que entende de pele”, enfatiza.
Para Joana e Marcela, a abordagem da mulher no climatério deve ser holística, humanizada e personalizada, considerando particularidades do seu quadro clínico e a sua condição emocional. Elas lembram que a alimentação interfere na saúde da cútis, e indicam alimentos ricos em frutas, vegetais e ômega 3 e pobres em açúcar. Atividades físicas, meditação e ioga, para a redução do estresse e ansiedade, também são alternativas excepcionais, como também a suplementação de colágeno, antioxidantes orais e vitamina D, quando insuficiente.
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