Médico Rodrigo Rosa explica os motivos que dificultam a fertilidade
O ginecologista conversou com a coluna sobre as causas e tratamentos para o problema, que afeta 186 milhões de pessoas no mundo
atualizado
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Ter um bebê pode ser um dos momentos mais esperados na vida de muitos cônjuges mas, durante o processo, algumas pessoas têm dificuldades de engravidar e acabam descobrindo que há problemas de fertilidade. A infertilidade, considerada a incapacidade de um casal conseguir gerar um filho após um ano de vida sexual sem contracepção, afeta 48 milhões de casais e 186 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Existem vários fatores que influenciam na ocorrência da condição, que pode afetar tanto os homens quanto as mulheres. A Coluna Claudia Meireles conversou com o ginecologista especializado em reprodução humana assistida, Rodrigo Rosa, para entender melhor as causas e tratamentos para o público feminino.
O médico explica que a busca pela maternidade tardia e doenças, como a endometriose, estão entre os vários motivos que podem culminar nesse quadro.
“Como a média [de idade] para gestação subiu ao longo das últimas décadas, naturalmente houve um aumento da infertilidade, já que ela está altamente relacionada com a idade do óvulo e da mulher. Então, esse é o principal fator. Mas também há fatores ambientais, como o aumento de patologias, a exemplo da endometriose, que aumenta o risco a partir do momento em que ela demora para ter a primeira gestação acima dos 30 anos”, explica o profissional.
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Além disso, Rosa alerta também para os perigos dos alimentos que são colocados na dieta. “Um terceiro fator está ligado à alimentação, com a presença de muito agrotóxico e produtos industrializados. Quando temos uma ingestão maior de verduras, legumes e frutas, eles não estão isentos de produtos químicos, e isso também afeta a saúde reprodutiva como um todo. Os processados e ultraprocessados acabam contribuindo na prevalência de sobrepeso e obesidade impactando na fertilidade”.
Tratamento
De acordo com informações da clinica de reprodução humana Mater Prime, fundada por Rodrigo, cerca de 15% dos casais enfrentam dificuldades para conceber. Felizmente, em grande parte dos casos, é possível reverter o quadro. Investigar a causa do problema é o primeiro passo para encontrar o tratamento mais assertivo.
“A recomendação é que as mulheres monitorem a sua reserva ovariana por meio da dosagem de um hormônio chamado anti-mülleriano para avaliar o seu estoque. Além disso, verifique se tem sintomas que possam dar indícios de alguma doença que possa dificultar a a fertilidade, como cólica menstrual, dor durante a relação sexual, endometriose ou irregularidade menstrual. Observe se tem histórico familiar de menopausa precoce, infertilidade ou aborto de repetição”, recomenda Rodrigo.
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Um dos métodos utilizados em mulheres que têm déficit de ovulação, mas um bom prognóstico de gravidez espontânea, é o coito programado. “Monitoramos a ovulação da mulher para orientar o melhor momento de ter relação sexual. Isso pode ajudar, sobretudo, aquelas mulheres com síndrome dos ovários policísticos, que não estão ovulando e que tem ciclos menstruais irregulares”, disse Rodrigo Rosa.
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Para as mulheres a partir dos 35 anos, em que há uma incidência maior de infertilidade, o ginecologista conta que a fertilização in vitro e a inseminação artificial são os dois tratamentos mais realizados. “A fertilização in vitro é o mais buscado nas clínicas de reprodução assistida, até porque o paciente só vem depois de um certo tempo de tentativas espontâneas e após ter passado por um, dois ou, às vezes, até cinco ginecologistas prévios”.
Anticoncepcional
Ao contrário do que prega o senso comum, tomar anticoncepcional por muito tempo não pode levar a infertilidade, segundo o ginecologista.
“Não existe uma correlação direta entre o uso de contraceptivo hormonal com infertilidade no futuro. Acontece que algumas doenças causadoras de infertilidade são mascaradas pelo remédio, porque, às vezes, esconde alguns sintomas de distúrbios ligados a doenças que vão ser causas da condição, como própria endometriose, a síndrome do ovário policístico e algumas situações na qual elas têm uma baixa reserva ovariana ou já nascem com estoque mais baixo de óvulos”, explica.
Cuidados
Assim como todo procedimento, para obter sucesso é necessário o empenho do paciente e mudanças de hábitos na rotina. Segundo Rodrigo, o estilo de vida faz com que melhore ou piore qualidade dos óvulos e espermatozoides. É importante que o casal tenha uma ótima alimentação e diminua o consumo de carboidratos, açúcares, carnes vermelhas e alimentos processados e ultraprocessados. Tabagismo, drogas ilícitas e álcool também interferem.
Sono reparador e a prática de atividade física regular de três a quatro vezes por semana de forma moderada são fatores que levam a maiores chances de sucesso, tanto na gravidez espontânea quanto na fertilização in vitro. “É importante fazer os exames sempre, ter a saúde ginecológica e a saúde geral avaliada. Quanto mais saudável for, maior é a probabilidade de gestação”, emenda.
Sonhar com a maternidade e, ao mesmo tempo, lidar com todas as dificuldades para gerar o bebê é um processo doloroso para muitos casais. É preciso cuidado, apoio e carinho. Além de ser prestigiado pelo trabalho de reprodução assistida, Rodrigo Rosa é conhecido pelo trabalho humanizado que realiza.
Com seus mais de 480 mil seguidores no Instagram, o especialista compartilha emocionado cada história de sucesso e superação das famílias que acompanhou o tratamento. Para ele, trata-se do resultado de muito amor pela medicina reprodutiva e o desejo de ver casais realizando esse grande sonho.
“Eu acho que humanizar é se colocar no lugar do outro e ter empatia. O sonho da maternidade é um dos maiores que um ser humano pode ter. Como gera um grau de frustração e de baixa autoestima extremamente elevado nos casos de infertilidade, realmente dedico a minha vida para ajudar esses casais. É gratificante ver um homem e mulher que não poderiam ter filhos naturalmente conseguindo conceber. Acho isso incrível e mágico”, finaliza Rodrigo, que já realizou parto de artistas como a cantora Thaeme Mariôto, da dupla com Thiago.
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