Neurologista, o médico David Perlmutter é membro do Colégio Americano de Nutrição e reconhecido internacionalmente como um líder no campo das influências nutricionais em distúrbios neurológicos. Em um artigo, o especialista destacou que o uso diário de enxaguante bucal tem relação com o risco de diabetes tipo 2.

Em um artigo publicado em maio, o especialista explicou que “surgiu uma nova ligação fascinante que revela um papel central para o microbioma oral no que se refere à saúde”. Ele enfatizou que o apontamento veio à tona devido a uma descoberta da relação entre o uso do produto bucal e a doença relacionada à taxa de açúcar no sangue.

“Nossa boca é um microcosmo movimentado, hospedando uma gama diversificada de micro-organismos que não apenas auxiliam na digestão, mas também afetando a saúde geral”, salientou o expert.

Como são desenvolvidos para “matar” bactérias orais a fim de prevenir problemas dentários, o produto é definido pelo médico como “arma de destruição microbiana em massa”.

Segundo David Perlmutter, os enxaguantes bucais “operam de maneira indiscriminada”, ou seja, “dizimam” bactérias nocivas e benéficas, inclusive as que produzem óxido nítrico. Essa fórmula é uma molécula crucial para regular a insulina, hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue.

“Ao reduzir a população dessas bactérias produtoras de óxido nítrico, o enxaguante bucal pode prejudicar indiretamente nossa sensibilidade à insulina. Com o tempo, isso pode contribuir para o desenvolvimento de resistência à insulina, uma característica fundamental do diabetes tipo 2. Como tal, o uso frequente de enxaguatório pode inadvertidamente aumentar o risco da doença”, reforçou o neurologista.

Conforme reiterou Perlmutter, estudos científicos examinaram uma “ligação potencial” entre o uso do enxaguante bucal e o aumento do risco de diabetes tipos 2. Uma investigação a respeito da associação dos dois tópicos chegou a ser publicada na revista Nitric Oxide, em 2017. O levantamento foi liderado pelo médico Kaumudi Joshipura.

“Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Kaumudi Joshipura, descobriram que entre os participantes do estudo, usuários frequentes de enxaguatório bucal (duas vezes ao dia ou mais) tiveram um risco significativamente maior de desenvolver pré-diabetes ou diabetes durante um período de acompanhamento de três anos em comparação com menos frequentes ou não usuários”, expôs Perlmutter no artigo.

Outro ponto levantado pelo neurologista envolve o uso de enxaguatório bucal e o risco de hipertensão. Perlmutter esclarece sobre o óxido nítrico ter uma função de manter a pressão arterial sob controle. No ponto de vista do especialista, é necessário fazer mais estudos a fim de confirmar se essas descobertas são de fato uma associação.

Brasil e mundo

Nesta segunda-feira (26/6), o Brasil celebra o Dia Nacional do Diabetes e, por isso, promove ações de conscientização sobre fatores de risco, diagnóstico e prevenção contra a doença. Dados da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, estima-se que 9,3% dos adultos, entre 20 e 79 anos, vivem com a comorbidade. Pelo cálculo de 2020, 463 milhões de pessoas apresentam a condição em todo o mundo.

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