Médico lista 3 produtos de skincare que são um perigo para o melasma
O dermatologista Thiago Cunha revela quais fórmulas pioram o melasma, condição que acomete 35% das mulheres adultas
atualizado
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O melasma é uma condição caracterizada pelo surgimento de manchas na região da face, por vezes, com tom castanho-escuro ou marrom-acinzentado. As marcas trazem um formato irregular. Quem almeja amenizar o problema acaba por seguir métodos de cuidado com a pele, a exemplo do uso do filtro solar e da adoção de uma rotina de skincare. Entretanto, a segunda estratégia soma alguns perigos e tende a piorar — e muito — o distúrbio dermatológico.
Dados revelados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mostram que o melasma acomete em torno de 35% das mulheres adultas. Para que elas, em especial, não se enfiem em enrascadas com fórmulas cosméticas e agravem o quadro, a Coluna Claudia Meireles conversou com o dermatologista Thiago Cunha, sócio-fundador do Espaço Arquétipo, clínica situada no centro de São Paulo.
De acordo com o médico, o melasma é um distúrbio da pigmentação da pele em que os melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, encontram-se hiperfuncionantes. A causa para o surgimento das manchas é multifatorial. “Existe uma predisposição genética e pode ocorrer devido a estímulos hormonais. Um exemplo disso é a maior ocorrência durante o período de gestação”, defende o especialista.
O aparecimento das marcas ainda tem relação com a execução de procedimentos dermatológicos indevidos. Thiago elenca: “Como lasers muito fortes e agressivos ou mesmo exposição solar desprotegida”. Segundo o dermatologista, três produtos de skincare não fazem aparecer as manchas na cútis, contudo, trazem ativos capazes de agravar a disfunção cutânea.
Abaixo, confira três fórmulas que o expert não prescreve a pacientes com melasma:
1. Hidroquinona
A hidroquinona é um clareador clássico na dermatologia. Thiago passou a desaconselhar o uso dele em razão dos efeitos adversos apresentados por pacientes com melasma após a aplicação do produto.
“Eu abandonei a prescrição da hidroquinona, cujo mecanismo de ação é a inibição da enzima tirosinase, substância que faz parte do metabolismo de produção da melanina na pele”, elucida o expert. Outro possível resultado decorrente de passar a hidroquinona é a presença da leucodermia em confete. “São manchas brancas que ocorrem dentro do melasma devido à morte dos melanócitos. Não há tratamento e podem piorar bastante o aspecto geral da pele”, salienta o dermatologista.
2. Vitamina C
Com o título de antioxidante mais estudado pela dermatologia, a vitamina C tem propriedades antioxidantes de estímulo clareador na pele em sua fórmula tópica, conforme ressalta Thiago Cunha. Entretanto, a substância é uma “molécula instável” e, na forma mais ativa, pode vir a sofrer alteração química quando associada a outros cosméticos. Ele cita, como exemplo, o óxido férrico, presente nos protetores solares com cor.
Nas situações em que a vitamina C é modificada, pode causar inflamações na cútis e levar a efeitos indesejáveis, como acne, vermelhidão, irritação e aumento de oleosidade. “Isso faz com que eu não a recomende para o tratamento do melasma, já que o distúrbio provoca processo inflamatório crônico”, reitera. O expert teve experiências negativas com o ativo e, na ocasião, houve o aumento do processo inflamatório.
3. Ácido retinóico
Thiago esclarece a respeito do ácido retinóico ser uma das fórmulas ativas do retinol, isto é, a “própria vitamina A”: “Nessa forma, o ativo realmente tem um efeito de estímulo na pele, pois atua via um receptor específico celular. Nossa cútis apresenta esses receptores de forma natural e tende a contribuir para o estímulo de colágeno e renovação celular”. Apesar do leque de benefícios, a substância pode ser prejudicial a pacientes com melasma.
Na percepção do médico, o ácido retinóico oferece perigos à cútis com melasma pela capacidade de gerar condições adversas. “Leva a quadros de irritação e inflamação crônica que, a meu ver, não são tão desejáveis; por isso, eu parei de prescrevê-lo”, revela. Ao notar os resultados negativos, Thiago passou a dar preferência a outras fórmulas do retinol. É o caso do tipo granactive.
“Sem medo”
Depois de citar os ativos capazes de causar estragos na pele com melasma, o especialista mencionou a fórmula “com melhor perfil de segurança”. Para o médico, quem dispõe da condição dermatológica pode aplicar “sem medo” a niacinamida na concentração de 10%. “Vai proporcionar benefício ao melasma e é um curinga no skincare, porque dispõe de propriedades anti-inflamatórias, clareadoras e antioxidantes de barreira cutânea”, sugere.
Ao elencar os pontos positivos de recorrer ao ativo, o expert enfatiza: “Também conhecida como vitamina B3, a niacinamida provê múltiplas vantagens à pele com melasma, apresenta pouquíssimos efeitos adversos e tem um excelente perfil de segurança”.
Cuidado!
Segundo Thiago, o melasma tende a se agravar quando o paciente se expõe ao sol com muita frequência. “Pessoas que ficam ali em atividades ao ar livre, práticas de exercícios físicos ou que realmente gostam de se bronzear”, lista. A exposição ao calor é outro fator desfavorável. “Observo muitos indivíduos que ficam, por exemplo, na cozinha de um restaurante com melasmas expressivos. A quentura complica muito a condição”, frisa.
Sobre o especialista
Graduado pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Thiago Cunha fez residência em clínica médica no Hospital do Servidor Municipal de São Paulo e em dermatologia pela Universidade de Mogi das Cruzes. Atualmente, ele atende no Espaço Arquétipo, clínica instalada no centro da capital paulista.
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