Médico Filippo Pedrinola alerta sobre causas do desequilíbrio hormonal
O endocrinologista atende em dois renomados hospitais, sendo eles, o Israelita Albert Einstein e BP Mirante, ambos na capital paulista
atualizado
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Sentir muito calor, desânimo excessivo, engordar ou emagrecer de repente são sinais de alerta de que há algo de errado no funcionamento do organismo. Em alguns casos, os hormônios podem estar desregulados.
As oscilações costumam ocorrer em determinadas fases da vida, como a puberdade. Entretanto, há indivíduos que podem apresentar desequilíbrios contínuos por inúmeros fatores, conforme explica o endocrinologista Filippo Pedrinola, que atende nos hospitais Israelita Albert Einstein e BP Mirante, ambos na capital paulista.
Antes de elencar as causas dos desajustes no sistema endócrino e os sintomas resultantes, o médico destaca a importância de explicar a função dessas substâncias: “São mensageiros químicos produzidos nas glândulas, existem muitas delas em nosso corpo. Elas produzem os hormônios, que vão ter uma ação em outra parte”.
Em entrevista à Coluna Claudia Meireles, o endocrinologista esclarece que, depois de serem sintetizados pelas glândulas, os hormônios “viajam” pela corrente sanguínea até os tecidos e órgãos-alvo. Em seguida, as substâncias entregam as mensagens que carregam e o que devem fazer nas células. “O desequilíbrio acontece quando há um excesso ou uma deficiência de hormônio no sangue”, sustenta o profissional.
Homem e mulher
“Pequenas alterações hormonais podem causar efeitos importantes em todo o corpo”, acrescenta Filippo. Ele cita, como exemplo, o desequilíbrio da insulina, em especial em pessoas diabéticas e em quem sofre com a síndrome metabólica ou resistência insulínica. A condição está relacionada ao ganho de peso, principalmente se a gordura fica acumulada na região visceral da barriga.
As alterações também podem afetar os hormônios esteroides sexuais. No homem, é principalmente a testosterona, e na mulher, o estrogênio. Entretanto, o público feminino tende a enfrentar em maior quantidade os desequilíbrios nos níveis das substâncias, conforme argumenta o expert em saúde.
“As mulheres são cíclicas: puberdade, fase adulta e ciclos menstruais. Se a mulher engravida, vem toda a mudança de hormônios. Quando nasce o bebê e começa a amamentar, tem novas mudanças nos níveis das substâncias. Depois vem o climatério, que corresponde ao envelhecimento ovariano e, depois, vem a menopausa”, endossa o endócrino.
Estilo de vida
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Filippo Pedrinola enfatizou que alguns hábitos diários e fatores ambientais têm o poder de alterar as funções das glândulas capazes de produzir os hormônios. “Causas que levam ao desequilíbrio hormonal geralmente estão relacionadas ao estilo de vida”, ressalta.
Confira a seguir quatro agentes com potencial de despertar ou estimular os desequilíbrios hormonais:
1. Estresse
Segundo o médico, para o estresse ocasionar uma alteração hormonal precisa ser “agudo”. “Quando essa condição se torna crônica, é tóxica, pois existe uma produção exagerada pela glândula suprarrenal (localizada acima de cada rim) e começa a haver, por exemplo, excesso de adrenalina e cortisol”, atesta.
2. Sobrepeso e obesidade
Conforme alega o especialista, as duas condições podem ser consequência e, também, causam uma “série de alterações hormonais”.
3. Exposição a toxinas ambientais, poluentes e produtos químicos
“São chamados de desreguladores endócrinos, incluindo pesticidas, herbicidas e metais pesados, como mercúrio, chumbo e cádmio”, garante o médico.
4. Medicações e tratamentos
Filippo Pedrinola citou quais composições alteram a produção e o efeito das substâncias no organismo. “Medicamentos de reposição hormonal, tanto no homem quanto na mulher, pílulas anticoncepcionais, quimioterapia, radioterapia, abuso de esteroides e anabolizantes, cada vez mais frequente em academias”, lista o expert.
Doenças
O desequilíbrio hormonal é uma condição anormal do funcionamento do organismo que pode ser decorrente de outras doenças. O endocrinologista já mencionou a diabetes, caracterizada pelo aumento da glicose no sangue.
Além dessa comorbidade, as alterações tendem a resultar da hipoglicemia, mas também do hipotireoidismo e do hipertireoidismo, que nas palavras de Filippo, se configuram como a diminuição e o excesso de hormônios produzidos pela paratireoide — glândula com função de controlar o metabolismo do cálcio e do fósforo.
Conforme aponta o profissional, a síndrome de Cushing é um tumor que ocorre na hipófise ou na glândula suprarrenal e, consequentemente, aumenta a produção do cortisol, responsável pelo controle do estresse e redução de inflamações.
Quando há o inverso, ou seja, a diminuição, a condição recebe o nome de doença de Addison. Lesões nas glândulas endócrinas e anorexia nervosa são outras situações que podem originar desequilíbrios hormonais.
Sintomas
De acordo com o endocrinologista, os sintomas do desequilíbrio depende de quais as glândulas e os hormônios estão com a função desregulada. Um dos indícios mais conhecidos é o ganho ou perda de peso “inexplicável”, comenta. Entretanto, quem enfrenta a condição sofre com outros sinais comuns. É o caso da sudorese excessiva, dificuldade para dormir, erupções cutâneas, pele muito seca ou oleosa e saúde mental.
Irritabilidade, ansiedade, depressão, fadiga inexplicável, dores de cabeça e excesso do estresse crônico, alterações no apetite e na libido (o desejo sexual) também estão entre os sintomas decorrentes da desregulação hormonal.
“Intestino funciona a mais ou a menos, retenção de líquido, queda de cabelo, infertilidade e até mesmo uma protuberância no pescoço (na condição de doenças da tireoide, por exemplo, os bócios)”, complementa o especialista.
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