Médica responde se é eficaz tomar colágeno para “rejuvenescer” a pele
A especialista em pele comanda o Grupo Simone Stringhini, na capital carioca, e a etiqueta de produtos skincare Simone Beauty
atualizado
Compartilhar notícia
Tomar colágeno ajuda a manter a pele firme e prevenir o envelhecimento? Embora a proteína fibrosa tenha papel fundamental na elasticidade da cútis, consumi-la oralmente como suplemento pode ser um tanto quanto “desnecessário”, conforme explica a dermatologista Simone Stringhini. Há quem fique preocupado em repor o nutriente, afinal, existe a degradação de quase 1% do componente, anualmente, a partir dos 30 anos.
A Coluna Claudia Meireles conversou com a médica para tirar a dúvida se vale a pena ou não consumir o suplemento. A especialista comanda o Grupo Simone Stringhini, na capital carioca, e a etiqueta de produtos skincare Dra. Simone Beauty. “O colágeno é uma proteína que está em todo o organismo. Na pele, concentra-se na derme, sendo responsável pela sustentação”, elucida a expert formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Não é que não funcione, mas não é necessário”, esclarece Simone sobre tomar o componente. Segundo a médica, optar pela suplementação não vai gerar a produção do nutriente na pele ou no organismo: “Por ser só uma fonte de proteína, o colágeno oral não sinaliza para haver aumento da produção. Quando ingerido, seja por meio de alimentos, seja como suplemento, será degradado no trato digestivo até a partícula mínima, que são os aminoácidos.”
“Esses aminoácidos vão ser absorvidos e irão para o sangue até chegarem ao fígado, grande armazenador de aminoácidos. A partir de então, por meio da corrente sanguínea, seguem para vários órgãos e se transformarão em proteína estrutural, como o colágeno, ou a proteína em enzimas. Servirão como estrutura, como se fossem os blocos da formação de inúmeras proteínas, com finalidades diferentes no organismo”, fundamenta Simone.
Alimentação
A dermatologista argumenta sobre a alimentação dispor de fontes naturais do nutriente, a exemplo da carne, ovo e derivados do leite. “São ricos em colágeno. Temos uma ingestão muito grande de todos esses ingredientes. Percebe-se uma quantidade ideal de proteínas, e não uma falta”, avalia Simone. A profissional só indica a suplementação se houver deficiência nutricional, caso raríssimo.
Ao saber que a proteína está presente nas carnes e derivados à base de leite, fica a dica: comer mais desses ingredientes não te fará produzir mais colágeno na pele ou no organismo. “Isso não acontece. É importante termos uma alimentação rica em proteínas, porque a falta do nutriente causa doenças. Também não precisa ser em excesso. Isso pode dar problema para os nossos rins”, evidencia.
“Quando você toma um comprimido, cápsula ou pó de colágeno, está fazendo a suplementação, mas a sua dieta já tem proteínas o suficiente, como o colágeno”, aborda Simone Stringhini.
Mentira?
Questionada se ingerir o nutriente pode ser considerado uma mentira ou dá para extrair alguma vantagem do consumo da substância, a dermatologista fez a seguinte alegação: “Essas propagandas em cima do colágeno na verdade tem como finalidade unicamente ganhar dinheiro. Fazer as pessoas acreditarem que precisam dessa suplementação e, sem ela, a pele vai envelhecer, não é verdade”.
Quem acreditava no mito de tomar colágeno para ajudar no rejuvenescimento da cútis, a expert destaca que envelhecimento surge por “N” motivos, como ter mais idade, se expor ao sol sem proteção e por questões genéticas.
“Tem uma série de elementos que levam ao envelhecimento da pele: mudança da espessura da epiderme com o passar do tempo; derme afina; perda da fibra elástica; diminuição da produção de ácido hialurônico; alteração da camada subcutânea; perda e ganho de gordura em algumas áreas do rosto”, frisa.
Tratamentos
No ponto de vista da dermatologista, o melhor jeito de tratar a pele deve ser “de fora para dentro”. Ela defende a tese de que a cútis é “um órgão acessível”. “Eu não vou passar um creme para o meu fígado melhorar. No caso, realmente, tenho de tomar algo. O mesmo vale para o rim e coração”, exemplificou. Ela prefere indicar a aplicação de alguma fórmula na região cutânea facial em vez de ingerir medicamentos ou suplementos.
“A pele é mais fácil você passar do que tomar”, recomenda Simone Stringhini. Para tratar a cútis, a médica sugere o uso de cremes e produtos, a exemplo da vitamina C e de fórmulas ricas em vitamina A, popularmente conhecida como retinol. “Quando se aplica os retinóicos, os fibroblastos produzem mais colágeno, enquanto os compostos ricos em vitamina C diminuem a ação degradadora do colágeno causada pelo sol”, enfatiza.
Produtos com colágeno
De acordo com a dermatologista, vale mais recorrer aos produtos com vitaminas A ou C do que com colágeno. “Por ser uma molécula bem grande, o colágeno precisa passar pelo tubo digestivo para ser completamente degradado e ser absorvido”, salienta. Ela acrescenta: “A pele não é igual ao intestino, órgão com vilosidades que facilitam muito a absorção. Na cútis, ao contrário, existe uma barreira”.
“Se a molécula for muito grande, não consegue penetrar na pele. Cremes à base de colágeno funcionam criando só uma película, como se fosse um gel ou um primer. A sensação é como se fosse uma maquiagem, dá uma esticadinha, porque o gel endurece. Deve-se aplicar fórmulas com ácido hialurônico e vitaminas A ou C, pois têm baixa partícula por ser um restaurador de barreiras”, explica a profissional.
Filtro solar
Após saber que consumir colágeno não irá minimizar o envelhecimento da cútis, fica a dúvida sobre quais hábitos manter.
Conforme atesta Simone, o produto capaz de “diminuir e desacelerar” o processo é o filtro solar diário: “Deve conter fator 30 ou mais a depender da exposição à radiação ultravioleta”. Ela instrui seguir com a rotina de skincare duas vezes ao dia. “Se você fizer com capricho de manhã e de noite, a sua pele estará bem cuidada. Aplique os produtos após o banho para que fiquem na região”, assegura.
Sobre a especialista
À frente da clínica homônima, fixada na capital carioca, Simone Stringhini fez medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, de 1984 a 1990. “Entrei bem cedo, com 18 anos e me formei aos 24. Logo em seguida, passei na residência de dermatologia, eram só duas vagas. Fiz três anos de 1991 a 1994. Desde então, exerço a especialidade em meu consultório particular e tenho o título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)”, conclui a expert.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.