Médica Mariana Bertino conta detalhes inesperados do “chip da beleza”
Especialista em endocrinologia e metabologia, Mariana afirma ser errado chamar o implante subcutâneo de chip da beleza. Saiba mais detalhes
atualizado
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Embora tenha se popularizado como o nome de “chip da beleza”, cabe avisar que é uma forma errada de se referir ao implante subcutâneo, conforme defendem os médicos, como a endocrinologista e metabologista Mariana Bertino Arraes. Conhecida por favorecer a perda de gordura e o ganho de massa muscular, a terapia vai além da estética ao ser uma alternativa de tratamento para a TPM severa, endometriose e miomatoses.
Mariana comanda a Clínica Bertino em Brasília, São Paulo, Recife e em Juazeiro, na Bahia. Com especializações na Universidade de Harvard, ela fez um curso para a colocação de implantes hormonais subcutâneos. Em entrevista à coluna Claudia Meireles, a médica explicou sobre o procedimento que tem conquistado as mulheres. Segundo a profissional em saúde, “o implante jamais é a primeira opção [de tratamento] para as suas pacientes”.
“Tem de haver necessidade para a colocação e somente após consulta clínica, exames laboratoriais e de imagem. Também com cálculos com doses assertivas após peso, altura, hábitos de vida e patologias. Assim conseguimos ter ótimos resultados”, ressalta Mariana.
De acordo com a expert, o dispositivo é colocado geralmente na região do glúteo após a aplicação de anestesia local. “Procedimento fácil, rápido e praticamente indolor”, garante.
Alternativas
Segundo a médica, casos de TPM severa, endometriose e miomatoses são as queixas mais comuns das pacientes. Entretanto, a procura tem aumentado por mulheres de “meia idade” que sofrem com a redução da produção de estrogênio e progesterona. Consequentemente, a baixa hormonal tende a gerar depressão, irritabilidade, ondas de calor, dificuldade de dormir, ganho de peso, ressecamento vaginal, falta de tônus da pele e lapsos de memória a curto prazo.
“A terapia de reposição hormonal visa restaurar o equilíbrio do organismo”, ressalta Mariana. Geralmente, o implante é composto de testosterona, estradiol, progesterona e gestrinona. Na avaliação da especialista, a terapêutica via implantação facilita a vida da paciente em vez de ter de usar gel ou comprimidos orais. “São hormônios bioidênticos, com a mesma composição molecular dos existentes no corpo”, sustenta.
Atualmente, há duas opções de implantes. No caso, os absorvíveis e não absorvíveis. Mariana indica em maior quantidade a primeira opção por oferecer uma dose mais precisa às pacientes, com melhor liberação e atuação do tratamento. Uma vantagem é não precisar ser retirado ao longo do tempo devido ao tamanho muito pequeno do dispositivo.
Em relação aos implantes não absorvíveis, a duração é de oito meses a um ano. “São opções de contracepção para algumas mulheres, pois a gestrinona por ser um progestágeno [hormônio sexual] conseguimos deixar a mulher em amenorreia [sem menstruar] com o uso da substância”, esclareceu a médica expert em endocrinologia e metabologia.
Cuidados
A profissional explica que o dispositivo dura de seis a oito meses “a depender do organismo de cada paciente”. “Só é colocado um novo após novos exames clínicos que apontem os sintomas e as necessidades para a aplicação”, argumenta Mariana Bertino Arraes. Ela acrescenta: “Costumo dizer que quem coloca uma vez, jamais consegue ficar sem, pois são muitos os benefícios, quando bem ministrados e com conduta ética”.
Ao querer implantar o dispositivo, Mariana alerta a respeito de buscar “um bom profissional médico”. “Tem de ser alguém em quem confie e te passe segurança”, orienta. Como qualquer tratamento medicamentoso, o procedimento requer indicação especializada, sem contar a comprovação do uso por meio de exames clínicos e laboratoriais. Quando feito de “qualquer jeito”, o implante tende a ocasionar efeitos colaterais.
Nas situações de supradoses ou sem uma avaliação clínica correta, as pacientes podem enfrentar a queda de cabelo, efeitos androgênicos e o aumento da oleosidade da pele desencadeando o surgimento da acne. “Os resultados negativos são evitados quando existe um profissional capacitado por trás e que sabe trabalhar a dose hormonal personalizada de forma correta”, frisa a médica.
Estudos
“Gosto de trabalhar com dados concretos. Leio bastante revistas médicas norte-americanas e francesas para ter conhecimento do que faço diariamente”, defende a endocrinologista e metabologista. Segundo Mariana, um estudo mostrou que 83 mil pacientes/ano, tendo abaixo dos 60 anos, foram submetidas a reposições hormonais. Em 2013, a pesquisa da Universidade de Yale comprovou que houve uma redução na mortalidade de quem optou pelo procedimento.
“Temos mecanismos cada dia mais modernos e o implante subcutâneo é um deles. A técnica permite às mulheres recuperarem o eixo hormonal mais jovem usando hormônios com a mesma estrutura química dos delas e com dosagens personalizadas”, enfatiza a expert.
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“Chip da beleza?”
Alguma vez já ouviu falar sobre o “chip da beleza”? Embora tenha se popularizado com a expressão, Mariana bate na tecla a respeito do implante subcutâneo não poder ser definido dessa maneira: “Conforme expliquei, o implante não é o chip da beleza como muita gente acredita. Não é uma terapia milagrosa para o emagrecimento. Pelo contrário, há uma combinação de terapêuticas a fim de garantir o sucesso do objetivo”.
Por exemplo, a gestrinona ficou conhecida como “chip da beleza na mídia”. A terapêutica estimula o ganho de massa muscular, porém, funciona em quem tem um estilo de vida saudável e percentual de gordura baixo, conforme esclarece a médica. “Quando usado para o tratamento de patologias, o implante pode colaborar com o ganho de massa, mas dizer que é um chip da beleza, uma forma totalmente errônea de se falar”, considera.
A gestrinona estimula as fibras musculares, porém não ajuda a perder peso, isso nunca. Não se iludam quando se trata de emagrecimento e qualidade de vida, não existe uma única terapia isolada que é garantia de sucesso, mas sim várias combinadas que terão resultado a longo prazo. Modular, repor e ‘ajeitar’ significa colocar no trilho o que pode ser colocado, resgatando o equilíbrio e impactando de forma positiva na vida do paciente
Mariana Bertino Arraes
Sobre a especialista
À frente de quatro unidades da Clínica Bertino, Mariana se formou no Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), em Recife. Ela traz no currículo especialização em endocrinologia e metabologia, tendo feito alguns módulos no Instituto de Medicina Funcional pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A profissional fez cursos sobre emagrecimento, endocrinologia funcional e longevidade saudável.
Atualmente, Mariana comanda quatro consultórios da Clínica Bertino. Cada unidade fica em um estado diferente. Ela atende em São Paulo, Recife, Brasília e em Juazeiro, na Bahia. Na capital federal, a médica conheceu o marido, o ex-deputado Cristiano Araújo. “Ao conhecê-lo, veio a necessidade de ficar mais tempo em Brasília. Com muita alegria, posso dizer que a cidade é o meu quarto consultório”, afirma.
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