Marita Martins: uma homenagem no centenário de um símbolo de elegância e generosidade
Marita Martins comemoraria 100 anos nesta sexta-feira (2/6). A socialite foi uma das mulheres mais elegantes do Brasil
atualizado
Compartilhar notícia
Quem conheceu, conviveu ou apenas viu Marita Martins certamente tem memórias para contar da personalidade que marcou o Brasil. Dona de um carisma e charme ímpares, a socialite comemoraria 100 anos nesta sexta-feira (2/7). Embora tenha partido antes de completar o centenário, as lembranças de amigos e familiares continuam vivíssimas e, agora, são trazidas nesta linda homenagem. Marita sempre esteve no rol das 10 mulheres mais elegantes do Brasil e a primeira da capital federal.
Marita nasceu em Belém do Pará, e recebeu o nome de Maria de Nazaré. Filha do juiz federal pernambucano Luiz Estevão de Oliveira e de Maria Octávia da Gama e Abreu Estevão de Oliveira, foi considerada a jovem paraense mais bonita da capital do estado da região Norte. Devido ao trabalho, Luiz mudou-se para o Rio de Janeiro e, por lá, a filha dele viveu toda a juventude.
Em solo carioca, Marita casou-se com Lino Martins Pinto. Nos anos seguintes, o casal decidiu viver em Uberlândia, Minas Gerais. Em 1966, Brasília tornou-se o lar dos dois. O legado de Marita Martins continuou por meio do filho, Luiz Estevão de Oliveira Neto; da nora, Cleucy Oliveira; e de seus seis amados netos — Fernanda, Ilca Maria, Luiz, Cleuci, Luiz Eduardo e Luiza.
A coluna Claudia Meireles conversou com amigos, admiradores e profissionais que realçaram a beleza e elegância de Marita Martins. Em todos os depoimentos, foi unanimidade a afirmação de que a socialite é uma pessoa inigualável e referência em glamour, simpatia e educação. “Em Brasília, ninguém a substituiu nesses termos”, ressalta Eliana Starling. O mesmo ponto de vista foi compartilhado pelo maquiador Luiz Carlos Gomes de Alvarenga. Ao lado da “musa inspiradora”, ele viveu momentos inesquecíveis.
“Tenho uma foto dela no meu quarto”, confessa Luiz Carlos. Ao recordar de Marita Martins, o maquiador não conteve as lágrimas. Afinal, foram 40 anos de convivência, que resultaram em uma amizade sólida.
Quando a socialite não podia visitar o salão do profissional, ele ia até o local onde estava a musa inspiradora. “Ela era uma pessoa clássica. Sempre usou o mesmo cabelo e fazia roupas com o Clodovil Hernandes e o Guilherme Guimarães. Extremamente sofisticada e a mais diferenciada que tinha”, rememora.
Presença ilustre
Apaixonada por Brasília, Marita desembarcava com frequência em São Paulo e no Rio de Janeiro, quando não estava em viagens por outros cantos do mundo. Onde chegava, tratava de contagiar a todos ao redor com sua energia positiva e pulsante. Presença ilustre no circuito social, a personalidade conquistou amigos por onde passou e, por isso, era festejada em todo o país.
De acordo com Ana Maria Gontijo, independentemente de Marita ser anfitriã ou convidada de um evento, todos faziam questão de esperá-la chegar. “As pessoas aguardavam a chegada de Marita nas festas, porque cada vez era um figurino diferente. Entrada triunfal! Sempre bem vestida, ninguém se igualava a ela em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. A número um”, revela Ana Maria.
Colunista social mais antigo do Brasil, Gilberto Amaral iniciou o depoimento em homenagem à socialite com a expressão “elegância nata”. O pioneiro não economizou palavras no agradecimento à grande amiga:
“Com a maior honra e saudade, participo desta homenagem a uma das senhoras mais elegantes que conheci nos meus anos dourados da minha coluna na Corte. MARITA MARTINS só pode ter o seu nome escrito em letras maiúsculas ou douradas quando é para se comentar sobre sua elegância e – por que não acrescentar – finesse. Nos acontecimentos de Brasília, se MARITA ainda não tivesse chegado, havia sempre um suspense dos convidados para assistirem à sua entrada e ao deslumbramento de sua elegância internacional – vale ressaltar, de braço dado com o seu querido Lino. MARITA, hoje a sua generosidade e elegância desfilam na passarela celestial”, destaca Gilberto Amaral.
Coração enorme
Existe diferença entre ser elegante com o que veste e com o que se é, cita Eliana Starling. Na avaliação da amiga, Marita era os dois: “Educadíssima, a finesse, glamour e charme dela vinham de dentro. Era simples, simpática e tratava todo mundo bem, muito carinhosa e afetuosa. Não tinha estrelismo. Incrível, uma pessoa elegante por completo”. A palavra que Eliana usou para descrever a homenageada foi “admirável”.
Cabeleireiro da socialite por mais de duas décadas, Stephanny Gomes de Oliveira recordou de uma situação que o impressionou e deixou claro o quanto o coração de Marita Martins era enorme. O profissional atendia a cliente no período matutino. Na ocasião, ela costumava abrir convites e encomendas. “Ela ficava olhando e selecionando. Uma vez, meninas deficientes de um orfanato no Ceará enviaram um presente. Chegou em um pacote muito grande e eu a ajudei a abrir”, recorda.
Enquanto desembrulhava o presente, Stephanny notou que a cliente se emocionou e foi às lágrimas. “As meninas mandaram roupas de cetim para a cama. Todas as peças traziam bordado o monograma dela e do marido. Me marcou quando a dona Marita me disse que eram as meninas dela”, destaca o cabeleireiro. A socialite contribuía financeiramente com a instituição social.
Paixões
As plantas e os animais encabeçavam os primeiros lugares da lista de paixões da socialite. Para ampliar seu jardim impecável e variado, quando encontrava uma muda diferente ou bonita durante alguma viagem pela Europa, Marita trazia em mãos dentro do avião. Ela também não escondia o amor que sentia pelos bichos, seus fiéis companheiros. Ao longo da vida, chegou a adotar cachorros e gatos de rua. A personalidade não só teve pets domésticos, mas também mais de mil gansos, 400 galinhas-d’angola e 70 aves.
À coluna, Ana Maria Gontijo voltou ao túnel do tempo ao relembrar memórias vivenciadas com a amiga. “A mulher mais elegante indiscutivelmente que eu já conheci. Figura fina, com uma postura bonita e o coração grande, sabe?”, questionou a socialite. Quando se encontrava, a dupla tinha um assunto em comum que embalava o papo por horas. “Ela amava os bichos, eu também. Nós tínhamos cachorros grandes e a gente conversava sobre o amor aos animais”, acrescentou.
Nora de Marita, Cleucy Oliveira, em sua homenagem, lembrou da paixão da sogra pelas plantas e animais:
D. Marita era uma mulher que poderia atravessar o milênio e ainda seria a mais elegante de todas.
Cleucy Oliveira
A sua elegância não era apenas no se vestir, mas em suas atitudes, na sua bondade, na preocupação com a natureza e com os animais em geral.
Tive a grande bênção de tê-la como sogra que, na verdade, foi minha segunda mãe, desdobrando-se em cuidados comigo e com meus filhos.
D. Marita nos faz uma imensa falta. Que Deus a tenha e guarde.
Ícone
Nas quatro décadas em que embelezou Marita Martins, o maquiador Luiz Carlos Gomes de Alvarenga acompanhou a cliente e confidente em diversas viagens. “Ela era uma amante de festas. Marcava presença nos eventos sociais em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de Brasília”, rememora. Outra paixão da socialite era o Carnaval. De acordo com o expert, a amiga aguardava ansiosamente a chegada do Baile do Copa, no Copacabana Palace.
“Dos momentos em que estivemos juntos, eu costumava ajudá-la a escolher as roupas. No Rio de Janeiro, ela usava fantasias lindas para o baile Copacabana Palace. Marita chegava e o pessoal ficava boquiaberto, pois elegia peças de estilistas maravilhosos. Uma mulher moderna e buscava isso, quando viajava trazia looks de fora. Ela criou o estilo Marita Martins. Uma pessoa imbatível. Ninguém a supera”, garante Luiz Carlos.
Confirmando as memórias do maquiador, a colunista Lia Dinorah descreveu a socialite como “uma mulher à frente de seu tempo”. A jornalista lembrou de características de beleza da amiga, como o cabelo curto. O corte se transformou em uma marca registrada de Marita, conforme explicou o hair stylist Stephanny Gomes de Oliveira: “Ela gostava do cabelo curto, bem arrumado e tratado. E realmente fazia parte do seu estilo”. Para Lia, a socialite também é e sempre será uma “musa inspiradora”.
Sinônimo de elegância, requinte e beleza, Marita Martins era uma das mulheres mais respeitadas e admiradas da capital do país. Ela estava sempre à frente do tempo, tanto com seus belos e charmosos cabelos curtos, como com os maravilhosos modelos grifados que usava e que sempre arrancavam suspiros de todos em cada lugar que surgia. Única, fina, musa inspiradora de uma época memorável de Brasília. Uma mulher inesquecível, que deixou sua marca na alta sociedade da Corte e que sempre será reverenciada. Jamais se verá uma elegância como a dela!
Lia Dinorah
Depoimentos
“Saudade” é a palavra dita por Luiz Carlos para descrever a confidente. Segundo Ana Maria Gontijo, quando “gostava de uma pessoa, Marita gostava mesmo” e cativava ao máximo a amizade. Ao longo da vida, a personalidade criou laços que permanecem firmes e fortes até na atualidade. A seguir, veja depoimentos de outros admiradores da socialite. Em palavras sinceras, eles homenagearam a “inesquecível Marita Martins”. Confira!
“Falar sobre Marita Martins e sobre o que ela representou na sociedade de Brasília é fácil. Ela era uma verdadeira ‘Lady’, no falar e no andar. Onde chegava, atraía as atenções só para ela. Perfeita! Impecável! Amiga querida, formava com o marido Lino um casal sensacional. Brilhava, como uma estrela que jamais será esquecida”, salienta Mara Amaral.
Marita, mulher elegante, discreta e serena! Pessoa encantadora, generosa e solidária. Presença marcante nos eventos com tranquilidade e muita educação. Sempre com um sorriso cativante e com palavras amáveis de elogios a todos. Deixou muitas saudades! Foi um mito de elegância e bondade. Admirada por todos
Aurea Farah
“Brasília nunca mais teve uma personalidade tão marcante, nos segmentos social, cultural e filantrópico da capital, como dona Marita Martins. Ela era uma mulher à frente de seu tempo. Não só na elegância impecável, mas também nos gestos solidários com os mais necessitados e também na defesa do meio ambiente, quando pouco se falava sobre o assunto. Era uma personalidade daquelas inesquecíveis, que representava Brasília sempre com categoria, por onde quer que passasse.
Deixou o seu legado em nossa capital e, hoje, data em que completaria 100 anos se viva estivesse, recebe o carinho e o respeito dos familiares e da legião de amigos e admiradores que possui. Tenho lindas lembranças de dona Marita, como nos bailes de carnaval do Copacabana Palace, onde sempre marcava presença. Uma das últimas vezes que estive com ela foi em um evento para o Dia das Mães, realizado na Magrella, onde esteve acompanhada da nora Cleucy, sua filha do coração. Fica a saudade!”, destaca o colunista Marcelo Chaves.
Conviver com Marita Martins foi um privilégio pelo qual hei de ser sempre grata. Era sempre um prazer encontrar aquela que foi uma das grandes damas da cidade e usufruir de sua presença elegante, dos seus gestos afáveis, de sua doçura e gentileza. Marita era uma figura admirável, exata e sóbria, mas invariavelmente pródiga nas palavras de carinho, exemplo marcante de bom gosto, ícone, cuja vida continua a nos inspirar todos os dias
Salma Guimarães Farah
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.