Alívio e gratidão. Esses são os sentimentos do agropecuarista Marco Aurélio Freitas ao sair a salvo da guerra que entre Israel e o Hamas. Conhecido como Lelo, ele participava de uma viagem religiosa com os pais e o irmão quando o conflito começou.

Em entrevista à Coluna Claudia Meireles, o goiano conta que chegou ao país na sexta-feira (6/10) e seguiria para Jerusalém no dia seguinte. No sábado (7/10), às 6h40, ele relatou ter escutado a primeira bomba. “Foi grande, muito grande mesmo. Tremeu o prédio. No primeiro momento, acordei assustado, porque não estava entendendo a situação. Achei que poderia ser um acidente, mas quando comecei a gravar percebi que não era, pois estava tendo várias explosões”, relembra.

A história de Lelo repercutiu na internet após ele postar vídeos dos ataques nos Stories e contar que bombas estouravam perto de onde ele estava hospedado. Marco mostra quando aviões sobrevoam Tel Aviv, sirenes tocam e, em seguida, hóspedes do hotel se protegem no bunker, estrutura construída embaixo da terra para resistir a projéteis de guerra.

“Quando voltamos para o quarto, meu pai disse: ‘Eu vi um míssil caindo a uns 400 metros do hotel’. Nessa hora comecei a filmar o fogo, a fumaça saindo de uma casa, de um sobrado. Ao ligar a televisão, entendemos tudo que estava acontecendo. Uma amiga minha — que mora em Israel — me ligou e relatou melhor toda a situação e que era um ataque imponente”, descreve o agropecuarista. Ele e a família ficaram dois dias trancados onde estavam hospedados.

No segundo dia de conflito, Freitas relata que foram sequências assustadoras de bombas. “Aquilo faz barulho é muito alto. É assustador! Treme tudo. Meu medo maior eram os mísseis e víamos da janela do nosso quarto eles serem interceptados”, relata.

Saída de Israel

Segundo Marco Aurélio, a saída de Israel foi “muito complicada”. A fim de encontrar a melhor maneira de se deslocar (por terra ou ar), ele relata que passou toda a madrugada procurando voos e muitos foram cancelados, até que encontrou um rumo à Etiópia. “Durante as noites que não dormi foi por Deus, porque eu abri o site da Ethiopian Airlines e havia um voo dentro de cinco horas, no horário que eu estava precisando (na madrugada do dia 9 de outubro), e tinha quatro assentos”, diz.

À coluna, o agropecuarista menciona que a ida para o aeroporto foi tensa. Após pousarem na Etiópia, todos embarcaram para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde deve permanecer até esta quinta-feira (12/10) e, então, retornar ao Brasil. “Foi um alivio total sair dali, comemoração de todo mundo por distanciar do epicentro daquela guerra”.

Lelo explica que, apesar do pânico que os cercavam, tentou lidar com toda a situação de maneira leve para não deixar os familiares desesperados.

“Passei por situações extremas que jamais imaginei viver um dia. Minha mãe com pressão alta, tomando remédio; meu irmão, com síndrome do pânico; meu pai, um idoso com 70 anos de idade; e minha irmã, sozinha no Brasil, desesperada. Eu, para tentar acalmar, não vou mentir, busquei refúgio na bebida”, afirma.

Apesar das série de bombardeios — que já deixou mais de 1,9 mil mortos e milhares de feridos — o brasileiro expõe que ele e os familiares não ficaram com traumas, apenas alguns pesadelos durante a noite.  Inclusive, sua mãe não desistiu do sonho de retornar o país e conhecer os locais que fizeram parte do percurso de Jesus.

“Ela pediu para voltar com ela um dia. É a segunda vez que fui a Israel, é um país maravilhoso, com pessoas incríveis e que sabem receber muito bem. Falei: ‘Mãe, passando a guerra, tudo se normalizando, você vai conhecer Jerusalém, o rio Jordão, o Mar Morto e vamos voltar bem para o Brasil”, finaliza.

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