Manuelzinho Pires: empresário português conta sua história de sucesso
Com uma trajetória que passa por Portugal, Rio de Janeiro e Brasília, o incansável restaurateur tem muito o que ensinar
atualizado
Compartilhar notícia
Sentir o gostinho de Portugal é possível, graças a uma figura ímpar que, para a sorte dos moradores do Distrito Federal, compõe o cenário gastronômico de Brasília: Manuelzinho Pires. Aos 68 anos, o restaurateur mostra que ainda há muito pela frente. A última realização foi a abertura de seu mais novo empreendimento, o Manuelzinho Restaurante.
Sorridente, acolhedor e de boa fama. São unânimes os elogios ao empresário, um dos nomes de maior peso na capital federal quando o assunto é alta gastronomia. O sotaque de Manuelzinho entrega sua maior paixão: a de nos fazer viajar pela terra de Camões.
E assim acontece. Por onde o empresário passa, ele atrai um público fiel. Antiquarius, Dalí Camões, Tejo e, agora, uma casa com o próprio nome. Nela, Manuelzinho deixa marcas, ganha vez mais experiência e compartilha suas décadas de conhecimento.
História para contar
Nascido em Portugal, Manuel Pires começou a trabalhar aos 11 anos. Mesmo novo, ajudava na arrumação de quartos em uma pousada no Alentejo. Depois, passou a servir bebidas no bar do local, até chegar, enfim, ao restaurante. Em 1977, um grande talento nascia. Foi quando ele se mudou para o Rio de Janeiro para operar o Restaurante Antiquarius, do falecido empresário Carlos Perico. “O dono da pousada que eu trabalhava não gostou da nova política portuguesa da época. Era um comunismo muito forte, não tinha condições de ficar lá. Então, vim com ele para o Brasil”, relembra Manuelzinho à coluna Claudia Meireles.
O estabelecimento carioca logo caiu nas graças do público, e ficou famoso por receber celebridades como Madonna e Mick Jagger. O próximo passo, então, foi difundir um pouco desse sucesso para a capital federal. Manuelzinho veio, em 2011, para Brasília, onde abriu uma filial do Antiquarius no Park Shopping, que funcionou até 2014. Apesar do fechamento, o restaurateur permaneceu por aqui.
Não demorou até se aventurar em outra casa gastronômica na cidade: Dalí Camões, que operou no Complexo Brasil 21. Manuelzinho teve como braço direito a mulher, Natividade Pires, que comandou a empresa com zelo e dedicação.
Mais tarde, o empresário foi convidado para ser um dos sócios do Tejo Restaurante, fixado na 404 Sul, que virou um dos pontos queridinhos para se consumir bacalhau de altíssima qualidade. Por lá, manteve-se por alguns anos, e atraiu uma clientela que inclui políticos, ministros e o circuito social brasiliense.
Novos rumos
Quando a parceria com o Tejo chegou ao fim, no ano passado, Manuelzinho começou a sonhar com um novo restaurante. Dessa vez, ele fazia questão de algo para se chamar de seu. “Queria andar com as próprias pernas”, rememora. Foi quando seu amigo Gilberto Dias Avelar, sócio da importadora de vinhos Del Maipo, falecido em janeiro deste ano em razão da Covid-19, apresentou-lhe Flávio Potiguar, responsável pelas casas Potiguar em Brasília, Uberlândia e Goiânia.
Flávio se tornou investidor do novo negócio e os planos fluíram. Eles deram vida ao novo point da gastronomia portuguesa na cidade. A Del Maipo, inclusive, é responsável pela consultoria da carta de vinhos, um símbolo da conexão entre os amigos.
“O próprio Flávio me falou que tudo poderia acontecer da minha maneira. Ele disse que era algo para mim”, comemora o restaurateur. Ele se diz realizado com a casa aberta na última segunda-feira (28/6), também na 404 Sul, conhecida como a Rua dos Restaurantes. “O Gilberto é o padrinho de tudo isso. Ele que promoveu essa união”, enaltece.
Após uma longa trajetória, finalmente Manuelzinho esta à frente de uma casa com seu nome. E ele merece. Questionado pela coluna sobre a denominação, ele respondeu que lhe foi pedido que desse a própria alcunha. A identidade dessa pessoa, todavia, não pode ser revelada. “Só posso falar a metade. Alguém pediu que fosse meu nome. Não fui eu. E o Flávio assinou embaixo’’, comenta.
A curiosidade fica, mas apenas o fato de Manuelzinho ser prestigiado já vale. No fim das contas, a tradição de se falar “vamos almoçar no Manuelzinho hoje”, em vez de citar o nome do restaurante, continuará.
Nova casa
Embora tenha vasta experiência, a jornada do empresário está apenas começando. Envolvido e feliz com a nova empreitada, ele falou, em primeira mão, que sonha em abrir outro espaço semelhante a esse, com a parceria, é claro, de Flávio Potiguar. Manuelzinho se refere ao investidor como um grande empreendedor. “Ele é a pessoa certa para seguir em frente”, acrescenta.
Manuel Pires não saiu da rota ao convocar o inseparável chef Custódio Alves, que acompanha o empresário há mais de 15 anos. No desenvolvimento do cardápio do novo restaurante, eles priorizaram as receitas portuguesas, mas sempre com um toque internacional, com inspirações francesas e italianas, por exemplo.
Natividade, a amada esposa do restaurateur, também arregaçou as mangas para o recém-inaugurado estabelecimento se consolidar como um sucesso completo. Ela ficará por conta da recepção dos clientes. Simpática e dona de um tom de voz certeiro, Natividade não erra.
Muito a ensinar
Como Manuelzinho conquistou os refinados paladares? “Temos uma cozinha sensacional e respeitada internacionalmente”, responde o empresário. “O Antiquarius, por exemplo, era muito conhecido na Europa e nos Estados Unidos. Uma vez um cliente me ligou dizendo que viu a empresa e o meu nome no jornal The New York Times”, compartilha, emocionado.
O segredo de tanto sucesso? “Não vejo sucesso. Eu vejo trabalho”, pontua Manuel Pires, de forma sucinta. E um conselho para quem está começando? “Goste do que faz. Se você gosta do que faz, então vá em frente! Isso vale não somente para a gastronomia, mas também para os pilotos, alfaiates…”, afirma.
Superando a pandemia
Feliz em estar vacinado, Manuelzinho defende que apenas a imunização poderá levantar o comércio (e todas as empresas em geral) da atual situação, marcada pela dificuldade financeira. “A pandemia foi péssima para todo mundo, não só para os restaurantes. A vacina é a única estratégia, pois, com isso, as pessoas começam a sair de novo e voltar ao normal”, defende o empresário. “Se Deus quiser, o ano de 2022 será bem melhor”, almeja.
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.