A Livraria da Travessa, no CasaPark, foi prestigiada com um grupo de convidados para o lançamento do livro de Antonio Obá, na última terça-feira (25/7). Brasiliense, o artista carrega no DNA a busca pela memória identitária racial e política, as quais conquista por meio de ícones da cultura brasileira.

Nascido em Ceilândia, no ano de 1983, Obá mora e atua na capital federal. Seu trabalho pondera relações de influência e contradições dentro do contexto da construção cultural do Brasil, levantando questões como a resistência e a reflexão sobre a ideia de uma identidade nacional.

O artista explora esses conjuntos históricos, e, por vezes, religiosos, por meio de escultura, pintura, instalações e performance. Seus trabalhos já viajaram o mundo, com exposições, por exemplo, em Amsterdã (Holanda), Pequim (China), Paris (França), e, claro, cidades pelo Brasil.

Recepcionado pela gerente da livraria, Kellen Mendes, o encontro foi marcado por um bate-papo entre Antonio Obá, Moacir dos Anjos e Cinara Barbosa, além de mediação de Renato Silva.

Moacir dos Anjos é coordenador do Museu do Homem do Nordeste, órgão vinculado à Fundação Joaquim Nabuco, em Recife. Ele também foi curador da 29ª Bienal de São Paulo e de várias exposições desde 2014, como Cães sem Plumas (2014), A Queda do Céu (2015), Emergência (2017) e Arte Democracia Utopia (2018).

Ele ainda é autor dos livros Local/Global. Arte em Trânsito (2005), ArteBra Crítica (2010) e Contraditório. Arte, Globalização e Pertencimento (2017), além de editor de Pertença, Caderno_SESC_Videobrasil 8, São Paulo (2012).

Cinara Barbosa é professora adjunta do Departamento de Artes Visuais (VIS) da Universidade de Brasília (UnB), curadora e pesquisadora de arte contemporânea brasileira. É idealizadora e coordenadora do Plano das Artes, projeto voltado para o desenvolvimento e fortalecimento do sistema das artes envolvendo circuitos por espaços autônomos de arte do Distrito Federal, formação de arte-educadores e produção artística.

Ela também é membro do Comitê de Indicação PIPA 2019 e 2022 e foi diretora artística do Elefante Centro Cultural (DF) e coordenadora adjunta do FotoRio – Festival Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, do qual foi idealizadora, junto com Milton Guran.

Renato Silva é sócio da galeria Mendes Wood DM, fundada em 2010, em São Paulo, como também é pesquisador e curador formado em letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Realizou curadoria, exposição e construção na Mendes Wood em 2020, e em vários outros lugares, como Recife, Ceará, África do Sul, Berlim e Holanda.

Com textos de Diana Campbell e Diane Lima, o livro Antonio Obá reúne pinturas, objetos e performances criados pelo artista. Com o intuito de “perturbar” arquétipos e padrões impostos pela sociedade, as obras de Obá “retiram” o corpo negro de um “lugar de vergonha e exploração” para “recuperar, reconfigurar e narrar imagens que podem resgatar a dignidade de um corpo que foi historicamente negado, marginalizado, comercializado, distorcido e apagado.”

Conversa com o artista

Durante o bate-papo, Antonio Obá destacou o quão grandioso é ter a possibilidade de lançar o próprio livro na cidade onde nasceu e cresceu. “Sobretudo por esse livro representar parte de um percurso que teve encontros muito significativos e muito felizes”, continuou.

O artista brasiliense ressaltou a importância da existência de lugares como os centros culturais ou galerias que atuam “de uma maneira muito vívida, no sentido de criar manutenção de uma produção artística, de um pensamento artístico, que, muitas vezes, não são vistos fazendo o seu trabalho de uma maneira condicionada a responder uma necessidade interior, mas que, de repente, isso ganha uma amplitude na visão dos outros por conta da existência de locais como esses”.

“Estou lançando um livro que foi feito através de um processo muito bonito, muito cuidadoso, e que marca certo ponto de partida da minha relação com a própria cidade também”

Antonio Obá

Veja os cliques do evento:

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