Grupo Elas Pedem Vista traz Gabriela Manssur para palestra em Brasília
A promotora de Justiça, especialista em violência contra a mulher, falou sobre decreto que flexibiliza a posse de armas e suas consequências
atualizado
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Na última quarta-feira (27/3), Gabriela Manssur, promotora de Justiça de São Paulo, veio a Brasília a convite do grupo Elas Pedem Vista para uma palestra voltada para advogadas. Gabriela, que atua no combate à violência contra a mulher, expôs os riscos do decreto que flexibiliza a posse de armas.
A promotora é considerada um ícone no meio jurídico pelo seu trabalho incansável. Ela tem contato diário com casos de mulheres que sofrem agressão de seus companheiros e entende que o decreto cria uma situação de mais risco para as vítimas de violência.
“Dados indicam que muitos casos de feminicídio ocorrem dentro de casa. Hoje, muitas tentativas do crime são feitas com arma branca. Se o parceiro tivesse uma arma de fogo, não seria uma tentativa e sim um feminicídio consumado”, analisou a promotora.
O bate-papo foi importante para as advogadas ouvirem as histórias reais que chegam até a promotora e terem real dimensão da complexidade dos casos de violência contra a mulher. As participantes da palestra ouviram atentas e se emocionaram ao conhecer algumas das situações presenciadas por Gabriela.
“É importante nunca deixar de falar sobre o assunto, independentemente de quem seja o ouvinte: mulheres na ponta da violência, cuja informação chega com muita dificuldade porque elas têm menos acesso à saúde, educação e sistema de Justiça, como também as que estão na outra ponta e as defendem”, contou Gabriela.
“Ela atrai outras mulheres para essa luta pela igualdade de gênero e nos mostra que é possível trilhar um caminho de defesa dos direitos das mulheres”, enfatizou a advogada Carol Caputo, uma das organizadoras do evento. “Gabriela nos inspira a continuar. É como se ela dissesse que estamos no caminho certo”, completou.
A promotora ressaltou que a violência de gênero não tem cor nem classe social. Todas as mulheres correm esse risco e elas precisam estar atentas aos sinais que seus companheiros dão durante o relacionamento e sempre denunciar. O caso de agressão contra a atriz Luiza Brunet, em 2016, deu coragem para que mulheres bem-sucedidas denunciassem seus agressores.
Gabriela enfatizou que os critérios para que o cidadão comprove efetiva necessidade de possuir arma em casa deveriam ser mais rígidos. “Um dos critérios é não ter antecedentes criminais e, infelizmente, muitas mulheres não denunciam seus maridos por medo da exposição negativa e de suas consequências”, lembrou.
Durante o bate-papo, Gabriela lembrou que quem combate ferozmente os crimes contra a mulher também sofre com o isolamento social. “A dor da violência também acaba atingindo, mesmo que indiretamente, essa mulher. Ela precisa de apoio, precisa falar e ser ouvida para ver que está no caminho certo. Quando você aborda o assunto em rodas de conversa, você percebe que não está sozinha”, disse.
Confira os cliques: