Gastroenterologista responde se é saudável comer carne vermelha
O gastroenterologista Bernardo Oliveira elucida dúvidas quanto ao consumo de carne vermelha. Ele explica como deve ser o preparo do alimento
atualizado
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Arroz, feijão, salada e carne é o combo presente na mesa da maioria dos brasileiros durante o almoço e, por vezes, no jantar. Mas você já chegou a refletir se é ou não saudável comer carne vermelha todos os dias enquanto mastiga uma pedacinho do alimento? A Coluna Claudia Meireles elucidou a dúvida com o gastroenterologista Bernardo Oliveira.
“Eu começaria respondendo se é saudável comer carne vermelha”, ressalta o médico, que atende no Hospital Santa Lúcia, em Brasília. De acordo com o especialista, o alimento dispõe de muitos nutrientes benéficos para o corpo. “É rico em proteínas, vitaminas do complexo B, desde B1, B2, B6 e B12, além de ferro e zinco”, aponta.
Segundo Bernardo, a carne vermelha tem ácidos graxos poli-insaturados, que são compostos capazes de reduzir o colesterol LDL, também conhecido como colesterol ruim por favorecer a aterosclerose, ou seja, o acúmulo de gorduras e outras substâncias nas paredes e dentro das artérias. “Isso a aumenta o risco de infarto e AVC”, sustenta.
O médico salienta que a carne vermelha também traz, na composição, outros tipos de ácidos graxos, a exemplo do ômega 3 e do ácido linoléico. “Todos esses nutrientes presentes na carne vermelha são muito importantes para o desenvolvimento muscular, neurocardiovascular, de proteção e do sistema nervoso”, reitera.
O gastroenterologista explica “existem carnes e carnes vermelhas”, pois algumas são cortes mais gordurosos, outras têm um preparo mais condimentado, propiciando a perda de nutrientes e o ganho de substâncias prejudiciais. Ele cita como exemplo o churrasco e opções fritas.
“É saudável comer carne vermelha por conta desses nutrientes e faz uma diferença no desenvolvimento neuropsicomotor do ser humano. Só que deve ser uma opção com baixo teor de gordura e elaborada de uma maneira mais saudável para obter esses benefícios”, esclarece Bernardo Oliveira.
Quantidade
“Não é porque a carne vermelha tem essas fontes nutricionais que você pode se alimentar sem restrição”, endossa o especialista a respeito da quantidade do alimento. Ele frisa sobre “não existir um consenso muito específico” da porção ideal a ser consumida diariamente. Na avaliação do médico, deve-se comer entre 30 e 70 gramas ao dia.
Uma sugestão do gastroenterologista para medir a quantidade diária correta de carne vermelha é que o bife a ser consumido caiba na palma da mão. “Essa quantia teria só efeitos benéficos”, detalha. Ele acrescenta: “Como tudo na natureza em falta faz mal, em excesso também pode ser prejudicial, é preciso ter esse limite.”
Preparos
O médico garante que a carne vermelha oferece benefícios para a saúde quando preparada da maneira correta, isto é, um corte menos gorduroso, sendo assado de maneira indireta, cozido ou que não chega a esturricar. “Dessa forma, o alimento será composto de gorduras insaturadas e ácidos graxos poli-insaturados, responsáveis por reduzir o risco de aterosclerose, AVC e diabetes”, pontua.
Bernardo atesta orientar os pacientes por procurarem o meio termo quanto à ingestão de carne. “Mas prevalecendo mais o consumo da carne branca em detrimento da vermelha, e sempre reforçando a parte da importância da segunda opção por conter uma maior concentração de proteínas e vitaminas do complexo B”, avisa o médico.
De acordo com o gastroenterologista, em uma simples porção de carne vermelha se obtém até dois terços de nutrientes necessários para uma dose diária. “Leguminosas e hortaliças não conseguem fornecer algumas proteínas, nem a parte do grupo M e a vitamina B12 de maneira tão importante”, evidencia.
O especialista pondera que ficar sem carne vermelha pode gerar “consequências a longo prazo”. Ele lista o risco de fratura óssea devido a osteoporose, redução de forças musculares e alterações neurológicas por conta da redução de complexos vitamínicos.
Para não ocorrer tais condições de saúde, quem não come o alimento precisa recorrer a aditivos, conforme indica Bernardo: “Quando o paciente tem um plano alimentar sem carne vermelha, temos de suplementar essas ausências de nutrientes por não conseguir na dieta vegetariana e vegana.”
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