Galeria que trouxe mostra de Di Cavalcanti ao DF lamenta ataques
Galeria Casa Albuquerque trouxe a primeira exposição individual de Di Cavalcanti ao DF em 2022; obras do artista foram danificadas em ataque
atualizado
Compartilhar notícia
Nesta terça-feira (10/1), a Coluna Claudia Meireles procurou a galeria de arte Casa Albuquerque, dos sócios sócios Flávia e Lúcio Albuquerque, para entender como eles analisavam os ataques às obras de arte nos atos terroristas ocorridos em Brasília no último domingo (8/1).
Responsáveis por trazer a mostra individual de Di Cavalcanti ao Distrito Federal em 2022, artista que teve obras destruídas durante a invasão, eles definiram o episódio como “violento e estarrecedor em muitos aspectos”.
Os manifestantes golpistas lesaram — em muitos casos, de forma irreversível — o patrimônio histórico e artístico nacional. Em nota, Flávia e Lúcio relembraram a destruição de outras obras valiosas, como as esculturas de Bruno Giorgi e Alfredo Ceschiatti e uma peça do polonês Frans Krajcberg.
Em conversa com a Coluna, Luiza Vaz, diretora de vendas da galeria, falou da tristeza ao ver objetos importantes para a história do país serem perdidos por conta da ação de bolsonaristas radicais.
“Como agentes do campo da cultura, que atuam para promover a produção artística e reforçar a importância das manifestações culturais e seus impactos individuais e coletivos, é natural que as galerias se posicionem diante dessa situação atroz”, expressou.
Em matéria publicada pelo Metrópoles, um levantamento preliminar do Palácio do Planalto dá conta de que obras importantes, como o relógio de Balthazar Martinot, de valor inestimável; As Mulatas, Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões; e O Flautista, de Bruno Giorgi, de R$ 250 mil, também foram alvos dos atos antidemocráticos. As obras arruinadas estavam no térreo, no primeiro e no segundo andar do prédio.
Confira a nota na íntegra:
A nós da Casa Albuquerque Galeria de Arte tocou, em especial, nesse episódio estarrecedor em tantos aspectos, a violência contra o patrimônio artístico e a cultura.
Em 2022, realizamos a primeira exposição individual de Di Cavalcanti em Brasília e a recepção, que esperávamos que fosse ser grande, nos surpreendeu. Foi a mostra mais visitada da galeria.
Recebemos tanto profissionais do nosso universo quanto grupos escolares e público espontâneo das mais diversas origens e formações. De todos eles, ouvimos relatos emocionantes sobre a importância do acesso à produção de um dos nomes mais relevantes das artes visuais do Brasil.
Entre outras grandes perdas das quais tivemos conhecimento, destacamos as esculturas de Bruno Giorgi e Alfredo Ceschiatti, artistas com presença emblemática na capital federal, com obras que saltam aos olhos dos que circulam pela cidade, assim como o site specific Muro Escultórico, de Athos Bulcão, que colaborou diretamente com Oscar Niemeyer e cuja poética é intimamente vinculada ao cenário urbano.
Uma peça de Frans Krajcberg, polonês naturalizado brasileiro que atuou com vigor na defesa da causa ambiental por meio de seu trabalho, também foi alvo do ataque criminoso. Além de outras obras, os próprios prédios públicos atacados, importantíssimos marcos da arquitetura modernista, são tombados pela Unesco.
O lamentável ataque às obras de arte e aos prédios públicos durante a invasão à Praça dos Três Poderes, indica, contudo, que mesmo aqueles que os desmerecem, sabem da potência e do valor inestimável dos bens culturais, pelos quais seguiremos zelando e criando oportunidades para que sejam fruídos e exaltados.
Luiza Vaz, diretora de vendas da Galeria Albuquerque
Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.